Planos Diretores: processos e aprendizados - Polis
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monstrando capacidade de participar de discussões de caráter mais técnico,<br />
envolvendo, por exemplo, a divisão da cidade em bairros e a elaboração<br />
da planta genérica de valores.<br />
Apesar da conclusão do diagnóstico de que na malha urbana existente,<br />
dotada de infraestrutura e serviços urbanos, existiam imóveis desocupados<br />
que poderiam ser mais intensamente utilizados, este tema não foi enfrentado<br />
nas etapas posteriores da elaboração do trabalho, o que resultou,<br />
como veremos adiante, em um Plano Diretor que não explora algumas das<br />
potencialidades oferecidas pelo Estatuto da Cidade para a inclusão territorial<br />
da classe de menor renda e para estancar o processo de ocupação<br />
desordenada da cidade, que em Mariana se caracteriza pela multiplicação<br />
de áreas de risco ocupadas por população de baixa renda.<br />
O Plano Diretor não apresenta instrumentos como as Zonas Especiais de<br />
Interesse Social em imóveis desocupados, indicando que o plano da Prefeitura<br />
para o assentamento da população de baixa renda é principalmente<br />
por meio de parcelamento do solo na periferia do município. Segundo uma<br />
consultora, os esforços quanto à política habitacional para baixa renda<br />
foram centrados na necessidade de se investir nos bairros de ocupação<br />
informal e precária.<br />
Tampouco foram regulamentados o parcelamento ou edificação compulsória,<br />
o IPTU Progressivo no Tempo e a desapropriação-sanção, todos<br />
previstos desde 1988 em nossa Constituição Federal, como forma de penalizar<br />
os proprietários cujos imóveis não atendem à função social da<br />
propriedade. A expectativa da consultoria é a de que os instrumentos de<br />
maior intervenção nas dinâmicas do mercado poderão ser tratadas em um<br />
momento de revisão do Plano Diretor, prevista para cinco anos após sua<br />
entrada em vigor. Não podemos, no entanto, deixar de registrar aqui que<br />
se perdeu a chance de debater e implementar esses instrumentos, ainda<br />
mais tendo em vista a grande mobilização popular que ocorreu em torno<br />
do Plano Diretor, o que poderia ter aberto possibilidades para um maior<br />
apoio político à implementação desses instrumentos.<br />
A consolidação do Projeto de Lei<br />
O conteúdo essencial do Plano Diretor de Mariana foi definido pelo<br />
Poder Executivo, visto que as alterações posteriores na Câmara dos Vereadores<br />
foram mínimas. Do ponto de vista físico-territorial, o zoneamento<br />
proposto para o conjunto do município reflete de maneira bastante fiel a<br />
leitura do uso do solo realizado na etapa de diagnóstico (ver mapa Uso do<br />
solo no caderno de mapas ao final dessa publicação). De forma geral, as regiões<br />
com cobertura vegetal significativa foram demarcadas como “Zonas<br />
de Interesse de Proteção Ambiental”; as regiões ocupadas com agropecuária<br />
foram delimitadas como “Zonas de Interesse de Controle Ambiental”; as<br />
regiões degradadas pela atividade mineradora e pelo plantio de eucalipto<br />
foram delimitadas como “Zonas de Interesse de Reabilitação Ambiental”;<br />
e as regiões urbanizadas foram delimitadas como “Zonas de Interesse de<br />
Adequação Ambiental”.