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A interpretação das culturas - Identidades e Culturas

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130 CAPÍTULO SEIS<br />

cracia dirigida" e seu apelo pela reintrodução da constituição revolucionária (isto é, autoritária) de 1945, ao<br />

mesmo tempo uma homogeneização (na qual as correntes de pensamento discordante — principalmente as<br />

do modernismo muçulmano e do socialismo democrático — foram suprimi<strong>das</strong> como ilegítimas) e uma<br />

busca acelerada de um exuberante tráfico de símbolos, como se, tendo fracassado o esforço por fazer funcionar<br />

uma forma de governo não-familiar, fosse lançada uma tentativa desesperada de injetar vida nova numa<br />

fornia familiar. De outro lado, o crescimento do papel político do exército, não tanto como um corpo executivo<br />

ou administrativo, mas como um agente de apoio reforçado, com poder de veto sobre toda a série de<br />

instituições politicamente relevantes, desde a presidência e o serviço civil até os partidos e a imprensa,<br />

forneceu a outra metade — ameaçadora — do quadro tradicional.<br />

Da mesma forma que o Pantjasila antes dela, a abordagem revisada (ou revificada) foi introduzida por<br />

Sukarno num discurso importante — "A Redescoberta de Nossa Revolução" — feito no Dia da Independência<br />

(17 de agosto) em 1959, num discurso que ele posteriormente decretou como sendo, juntamente com as<br />

notas expositórias sobre ele prepara<strong>das</strong> por um corpo de assistentes pessoais conhecido como Supremo<br />

Conselho Consultivo, o "Manifesto Político da República":<br />

Adquire existência, assim, um catecismo sobre a base, os objetivos deveres da revolução indonésia; as forças sociais<br />

da revolução indonésia, sua natureza, seu futuro e seus inimigos; seu programa geral, cobrindo as áreas política,<br />

económica, social, mental, cultural e de segurança. No princípio de 1960, a mensagem central do célebre discurso foi<br />

afirmada como consistindo em cinco ideias — a constituição de 1945, um socialismo à indonésia, uma democracia<br />

orientada, uma economia dirigida e uma personalidade indonésia — e as primeiras letras dessas cinco frases foram<br />

reuni<strong>das</strong> formando a sigla USDEK. O "Manifesto Político" tornou-se "Manipol" e o novo credo ficou conhecido j<br />

como "Manipol-USDEK". 52<br />

Como havia acontecido com o Pantjasila, o Manipol-USDEK como imagem da ordem política encontrou<br />

rápida resposta junto a uma população para a qual a opinião se havia tornado uma barafunda, os partidos |<br />

uma confusão e a época um caos:<br />

Muitos foram atraídos pela ideia de que a Indonésia precisava, acima de tudo, de homens com uma mente apropriada,<br />

com o espírito apropriado, com a verdadeira dedicação patriótica. "Retornar à nossa própria personalidade nacional"<br />

era um slogan atrativo para muitos que desejavam abandonar os desafios da modernidade e também para aqueles que<br />

desejavam acreditar na liderança política em curso, mas que estavam cientes de seu fracasso em modernizar tão<br />

rapidamente como países tais como a índia e a Malásia. Para os membros de algumas comunidades indonésias,<br />

principalmente para muitos javaneses [de mentalidade indica], havia um significado real nos vários esquemas complexos<br />

que o Presidente apresentara na elaboração do Manipol-USDEK, explicando o significado e as tarefas peculiares<br />

do atual estágio da história. [Mas] talvez o apelo mais importante do Manipol-USDEK residisse no simples fato<br />

de que prometia dar aos homens umpegangan — algo em que podiam se agarrar. Eles eram atraídos não tanto pelo<br />

conteúdo desse pegangan como pelo fato de o Presidente lhes ter oferecido um numa ocasião em que se sentia<br />

profundamente a falta de um sentido de propósito. Estando em fluxo e em conflito os valores e os padrões cognitivos, |<br />

os homens procuravam com afinco formulações dogmáticas e esquemáticas do bem político. 53<br />

52 Feith, "Dynamics of Guided Democracy", p. 367. Uma descrição vívida, embora um tanto acerba, do "Manipol-USDEKismo"<br />

em ação pode ser encontrada em W. Hanna, Bung Karno's Indonésia (Nova York, 1961).<br />

53 Feith, "Dynamics of Guided Democracy", pp. 367-368. Pegang significa, literalmente, "apreender"; portanto pegangan quer]<br />

dizer "algo que se pode apreender".

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