A interpretação das culturas - Identidades e Culturas
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O CRESCIMENTO DA CULTURA E A EVOLUÇÃO DA MENTE 51<br />
ascensão do homem moderno, todos os povos vivos fazem parte de uma única espécie politípica e, como tal,<br />
variam anatómica e psicologicamente dentro de limites muito estreitos. 38 A combinação de mecanismos<br />
enfraquecidos de isolamento reprodutivo, um período extenso de imaturidade sexual individual e a acumulação<br />
da cultura a um ponto tal que sua importância como fator adaptativo praticamente dominou seu papel<br />
como fator seletivo produziu uma desaceleração tão extrema na taxa de evolução do hominídeo que parece<br />
ter sido frustrado o desenvolvimento de qualquer variação significativa na capacidade mental inata entre os<br />
subgrupos humanos. Com o triunfo inequívoco do Homo sapiens e o cessar <strong>das</strong> glaciações, o elo entre a<br />
mudança orgânica e a cultural enfraqueceu-se muito, se é que não foi cortado. Desde essa ocasião, a evolução<br />
orgânica na linha humana diminuiu consideravelmente seu ritmo, embora o crescimento da cultura<br />
tenha prosseguido com rapidez sempre crescente. Portanto, é desnecessário postular tanto um padrão de<br />
evolução humana descontínuo, "diferente-em-espécie", como um papel não-seletivo para a cultura durante<br />
to<strong>das</strong> as fases do desenvolvimento do hominídeo, a fim de preservar a generalização empiricamente estabelecida<br />
de que "no que concerne a sua (nata) capacidade de aprender, manter, transmitir e transformar a<br />
cultura, os diferentes grupos de Homo sapiens devem ser vistos como igualmente competentes". 39 A unidade<br />
psíquica pode não ser mais uma tautologia, mas continua sendo um fato.<br />
III<br />
Um dos desenvolvimentos mais encoraj adores — embora estranhamente retardado — nas ciências comportamentais<br />
é a tentativa atual da psicologia fisiológica de despertar do seu longo encantamento com as maravilhas<br />
do arco reflexo. O quadro convencional de um impulso sensorial encontrando seu caminho através de<br />
um emaranhado de sinapses até a culminação de um nervo motor está passando por uma revisão, um quarto<br />
de século após seu mais ilustre proponente ter mostrado que não era adequado explicar os aspectos integrativos<br />
do comportamento de uma andorinha ou de um cão pastor, e muito menos do homem. 40 A solução de<br />
Sherrington foi uma mente espectral que organizasse as coisas (como a de Hull era um painel automático<br />
não menos misterioso). 41 Hoje em dia, porém, a ênfase incide sobre um construto mais verificável: o conceito<br />
de um padrão de atividade nervosa rítmica, espontânea, de ação central, sobre o qual as configurações de<br />
estímulo periférico são superpostas e a partir da qual emergem os comandos autoritários do órgão motor.<br />
Avançando sob a bandeira de "um organismo ativo" e apoiada pela anatomização de circuito fechado de<br />
Cayal e de Nó, 42 essa nova persuasão enfatiza a forma pela qual os processos contínuos, tanto do cérebro<br />
38<br />
M. F. A. Montagu, "A Consideration of the Concept of Race", in Cola Spring Harbor Symposia on Quantitative Biology, 15<br />
(1950): pp. 315-334.<br />
39<br />
M. Mead, "Cultural Determinants of Behavior", in Culture and Behavior, org. por A. Roe e G. Simpson (New Haven, 1958).<br />
40<br />
C. Sherrington, Man.<br />
4I<br />
C. L. Hull, Principies.<br />
42<br />
L. de Nó, "Cerebral Córtex Architecture", in The Physiology ofthe Nervous System, org. por J. F. Fulton (Nova York, 1943); J.<br />
S. Bruner, "Neural Mechanisms in Perception", in The Brain and Human Behavior, org. por H. Solomon et ai. (Baltimore, 1958),<br />
pp. 118-143; R. W. Gerard, "Becoming: The Residue of Change", in The Evolution o/Man, org. por S. Tax (Chicago, 1960), pp.<br />
255-268; K. S. Lashley, "The Problem of Serial Order in Behavior", in Cerebral Mechanisms and Behavior, org. por L. Jeffress<br />
(Nova York, 1951), pp. 112-136.