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F O T O G R A F I - Arquivo Nacional

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A C E<br />

O Álbum de Vistas de São Paulo, editado<br />

pela Casa Qarraux de C. riildebrand e<br />

Cia. em 1914, reúne 29 fotografias im­<br />

pressas em processo fotomecânico. Mão<br />

constam dados relativos à tiragem e nem<br />

à autoria das fotografias. Mo entanto, as<br />

semelhanças no tratamento formal dis­<br />

pensado às imagens levam a acreditar<br />

que se trata de um conjunto produzido<br />

por um único fotógrafo. Se assim for,<br />

podemos atribuir a autoria a Guilherme<br />

Qaensly, pois uma das duas imagens da<br />

Estação da Luz, que integra o álbum,<br />

encontra-se também na forma de cartão-<br />

postal assinado por ele 7 .<br />

O fato de uma das fotografias do álbum<br />

circular na forma de cartão-postal é um<br />

dado importante que informa a respeito<br />

do grau de difusão dessas imagens e,<br />

portanto, permite constatar a dissemi­<br />

nação de um certo tipo de padrão visual<br />

presente na constituição das represen­<br />

tações urbanas em questão.<br />

Do total de fotografias, nove referem-se<br />

ao porto de Santos, enfocando o embar­<br />

que de café e a infra-estrutura das do­<br />

cas. As vinte restantes concentram-se<br />

em pontos da capital. O arranjo interno<br />

das imagens apresenta uma narrativa<br />

visual em que fica clara a alusão aos<br />

agentes responsáveis pelos aspectos<br />

'modernos' selecionados para represen­<br />

tar a cidade: as duas imagens que abrem<br />

o álbum são da estação ferroviária San-<br />

tos-Jundiaí (Estação da Luz) e as duas<br />

últimas, de navios cargueiros atracados<br />

no porto de Santos.<br />

A rota do capital que "ergue (e destrói)<br />

pag. 106, jan/dez 1993<br />

coisas belas" é prontamente enunciada.<br />

Ma seqüência, temos a praça Antônio<br />

Prado e a rua 15 de Novembro, logradou­<br />

ros que concentravam as atividades de<br />

serviços e, sobretudo, as comerciais. O<br />

'passeio' continua pelo viaduto Santa<br />

Ifigênia - recém-construído (1911)- que<br />

é retratado tendo ao centro a presença<br />

de um bonde elétrico.<br />

Daí em diante, são apresentados as pra­<br />

ças e os jardins (Praça da República,<br />

Jardins da Luz e da Aclimação), os edifí­<br />

cios de arquitetura imponente no estilo<br />

eclético como o Museu do Ipiranga e o<br />

Teatro São José, as áreas residenciais<br />

da elite, um panorama do Brás com des­<br />

taque para três chaminés que caracteri­<br />

zam o bairro como industrial e o limite<br />

da cidade, representado pela ponte<br />

Qrande sobre o rio Tietê. Fora do perí­<br />

metro urbano, figura uma imagem da<br />

Cantareira, na zona norte, onde se loca­<br />

lizava o sistema de abastecimento de<br />

água. A única grande panorâmica da ci­<br />

dade, ocupando duas páginas, retrata os<br />

bairros de Santa Cecília e Campos<br />

Elíseos, com destaque para o traçado<br />

regular das ruas e o padrão homogêneo<br />

de ocupaçáo 8 .<br />

e a seleção e o arranjo das foto­<br />

grafias já fornecem elementos<br />

que permitem encaminhar algu­<br />

mas questões relativas ao eixo nortea-<br />

dor da narrativa, é sobretudo a partir da<br />

análise do tratamento dispensado a cada<br />

um dos motivos que podemos entender<br />

a forma específica pela qual certos atri­<br />

butos visuais são engajados na constru­<br />

ção de sentido.

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