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F O T O G R A F I - Arquivo Nacional

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A C E<br />

da ciência e da técnica, mais especifica­<br />

mente no campo das comunicações, são<br />

assimiladas pela sociedade e pelo poder<br />

nos anos que se seguem à Proclamaçáo<br />

da República. Porém, principalmente<br />

como a fotografia, enquanto registro ex­<br />

pressivo de um cenário urbano, arquite­<br />

tônico e social em processo de muta­<br />

ção, se vê utilizada pelos meios de co­<br />

municação impressa da época, e em que<br />

medida se refletirão nessas imagens os<br />

anseios de modernidade daquela<br />

elite.Existe, nesses primeiros anos do<br />

novo regime, uma necessidade imperio­<br />

sa de exaltação do conteúdo simbólico<br />

da 'ordem e progresso'.<br />

Imagens da ordem<br />

São muitas as categorias e inúmeros os<br />

temas que se prestam para testemunhar<br />

ou 'ilustrar' um ideal, uma causa. Neste<br />

sentido, impõs-se registrar fotografica-<br />

mente aspectos de rebeliões que se ve­<br />

rificaram na época: símbolos da desor­<br />

dem.<br />

Poderíamos tomar como exemplo o epi­<br />

sódio de Canudos 10 , incidente ao qual<br />

foi atribuído pelo governo uma conotação<br />

político-ideológica. Tratava-se, na reali­<br />

dade, de eliminar do mapa o aldeamento<br />

de Canudos, no interior da Bahia, que<br />

abrigava milhares de homens do campo<br />

de toda índole, chefiados pelo beato<br />

Antônio Vicente Mendes Maciel, vulgar­<br />

mente conhecido como Antônio Conse­<br />

lheiro ou Bom Jesus Conselheiro.<br />

Ao longo de vinte anos, entre 1876 e<br />

1896, o Conselheiro perambulou pelo<br />

interior do Nordeste e arregimentou um<br />

numeroso grupo de 'fiéis' que, mais<br />

tarde, comporia a população que<br />

pag. 18, jan/dez 1993<br />

edificou o arraial de Canudos; aldeia de<br />

barro erigida num traçado de becos e vielas.<br />

À crescente simpatia que o Conselheiro<br />

exerceu sobre as populações pobres das<br />

cidades vizinhas correspondia o temor<br />

de saques vivido pelos fazendeiros. Não<br />

tardou que a imprensa chamasse a aten­<br />

ção contra o perigo político representa­<br />

do pelos fanáticos 'inimigos da Repúbli­<br />

ca'. Entre 1896 e 1897 Canudos resistiu<br />

a quatro expedições militares, das quais<br />

participaram mais de doze mil homens."<br />

De nada valeram os princípios estratégi­<br />

cos de combate empregados pelas for­<br />

ças regulares diante da esperteza dos<br />

revides dos sertanejos, (embora equipa­<br />

dos com armas rústicas e caseiras): ver­<br />

dadeiras ações de guerrilha para as quais<br />

os militares profissionais não estavam<br />

preparados. Foi apenas na última incur­<br />

são, após violentos combates que Canu­<br />

dos sucumbiu. Tragicamente.<br />

'....caiu no dia 5, (outubro de 1897), ao<br />

entardecer, quando caíram os seus úl­<br />

timos defensores, que todos morreram.<br />

Eram quatro apenas: um velho, dois<br />

homens feitos e uma criança, na frente<br />

dos quais rugiam raivosamente cinco<br />

mil soldados..." 12<br />

Era absolutamente necessário ao novo<br />

regime ressaltar a bravura das forças do<br />

governo livrando o país dos fanáticos<br />

seguidores do 'monarquista' Antônio<br />

Conselheiro. Coube ao governo federal<br />

direcionar ao povo a 'leitura' da Cam­<br />

panha de Canudos segundo a ótica da<br />

vitória 'do bem sobre o mal'.<br />

No Rio de Janeiro, meses depois, o ho­<br />

mem urbano, distante dos acontecimen­<br />

tos sangrentos do interior baiano, pre

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