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F O T O G R A F I - Arquivo Nacional

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A C E<br />

linhas diagonais da extensão perspéctica.<br />

rio jogo de equivalências entre as qualidades<br />

físicas desses espaços e os atributos<br />

com que são representados fotograficamente,<br />

fica sugerido um modo de<br />

vida urbano que pressupõe uma divisáo<br />

funcional do espaço: o centro, movimentado<br />

por concentrar diversas funções,<br />

não serve para morar ou descansar;<br />

para essas práticas, novas áreas são<br />

projetadas. O álbum, ao apresentá-las<br />

cenograficamente, sem a presença de<br />

atividade humana, oferece à apropriação<br />

simbólica uma nova concepção de<br />

urbanidade, onde a cidade surge como<br />

organismo ordenado pela racionalidade<br />

técnica.<br />

""^ ste procedimento explicita um<br />

~**1 mecanismo de mascaramento de<br />

uma realidade urbana bem longe<br />

da idealizada, pois Sào Paulo não<br />

possuía, naquele momento, a homoge­<br />

neidade arquitetônica e urbanística que<br />

transparece no conjunto dos aspectos<br />

selecionados. O binômio funcionalida­<br />

de e embelezamento urbano, que a com­<br />

posição ordenada sugere, acaba servin­<br />

do como um dispositivo que aprofunda<br />

o processo de especialização espacial<br />

da cidade, sem gerar confrontos explíci­<br />

tos, liáo há caos; o controle técnico do<br />

crescimento urbano e, conseqüentemen­<br />

te, dos possíveis conflitos sociais, é<br />

imaginariamente alcançado.<br />

Novas construções, novos bairros, no­<br />

vas áreas de lazer - a expansão da cidade<br />

focalizada é aquela fruto da especulação<br />

pag. 108. jan/dez 1993<br />

imobiliária, dos vazios urbanos localiza­<br />

dos em áreas salubres, longe das várze­<br />

as inundáveis e infectadas dos rios que<br />

cercam São Paulo.<br />

Os agentes sociais comprometidos com<br />

os investimentos imobiliários, assim<br />

como os agentes externos que subsidiam<br />

a infra-estrutura necessária à circulação<br />

do capital, são identificados nessa<br />

seleção fotográfica por suas ações e produtos:<br />

os bondes e trilhos nas ruas do<br />

triângulo central remetem ao capital estrangeiro,<br />

representado, nesse momento,<br />

pela The Sào Paulo Light and Power<br />

Co. Os loteamentos financiados pela<br />

iniciativa privada, por sua vez, identificam<br />

as elites paulistas enriquecidas com<br />

o café.<br />

nesse contexto, o tipo de imagem veiculada<br />

pelo álbum fotográfico aqui tratado<br />

explicita a intenção em promover a<br />

familiaridade com a nova ordem urbana<br />

que se pretende para São Paulo.<br />

Apoiando-se no estuto de veracidade<br />

subjacente ao discurso que acompanha<br />

a fotografia desde sua invenção, a docu­<br />

mentação da cidade proposta pelo ál­<br />

bum induz à naturalização das interven­<br />

ções urbanísticas recém ocorridas. Ao<br />

desprezar os motivos ou as partes da<br />

cidade que não guardam as característi­<br />

cas dessa nova ordem, enfatiza-se uma<br />

percepção de mudança que não leva em<br />

conta o processo de transformação ur­<br />

bana e seu significado.<br />

Os recursos visuais mobilizados suge­<br />

rem estabilidade e cumprem a função

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