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F O T O G R A F I - Arquivo Nacional

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A C<br />

vento aos franceses, ora aos ingleses.<br />

Contudo, se pensarmos, por exemplo,<br />

na presença da História, como preocu­<br />

pação temática, na produção fotográfica<br />

de um autor ou de uma dada sociedade;<br />

ou ainda, se pensarmos na utilização da<br />

imagem fotográfica, a partir de determi­<br />

nada época, na construção da própria<br />

História, isto é, do conhecimento acerca<br />

dos homens e de suas relações no tem­<br />

po e no espaço, então podemos afirmar<br />

com segurança que ainda temos muito o<br />

que investigar.<br />

O surgimento da fotografia e sua rápida<br />

expansão pelo mundo, a partir de mea­<br />

dos do século passado, forneceu aos<br />

homens e mulheres daquela época uma<br />

nova percepção e uma nova vivência do<br />

tempo e do espaço de sua própria inser­<br />

ção social. A fotografia, empreendendo<br />

pela primeira vez por meios fotomecãni-<br />

cos uma certa exploração visual do es­<br />

paço, estabeleceu também uma inédita<br />

relação com o tempo, categoria que se<br />

inscreve de modo inseparável na lingua­<br />

gem fotográfica .<br />

Os tempos da fotografia são muitos:<br />

tempo presente, passado e futuro; tem­<br />

po de obtenção das imagens e de sua<br />

preservação; tempo apreendido e fixa­<br />

do pela câmara; tempo construído e res­<br />

gatado através de imagens, etc. A inven­<br />

ção da fotografia tornou possível a cap­<br />

tação precisa de um certo tempo que,<br />

no decorrer da segunda metade do sécu­<br />

lo XIX, passou da longa exposição re­<br />

querida pelo daguerreótipo à minúscula<br />

fração de um breve instantâneo .<br />

Registrando um mundo que se tornava<br />

dia a dia mais cosmopolita, com uma<br />

pag. 88, jan/dez 1993<br />

linguagem cada vez mais onipresente -<br />

na vida privada, na circulação de infor­<br />

mações, nas aplicações as mais diversas<br />

- a fotografia apresentou-se como um<br />

meio capaz de fixar o tempo para a<br />

posteridade. O que significa, como des­<br />

dobramento, que a fotografia, além de<br />

revolucionar a memória individual, con­<br />

tribuiu de modo muito eficaz para uma<br />

certa construção da memória social,<br />

objeto da história .<br />

Para o historiador Jacques Le Qoff, o<br />

documento deve ser encarado como<br />

'monumento' na medida em que 'resul­<br />

ta do esforço das sociedades históricas<br />

para impor ao futuro - voluntária ou<br />

involuntariamente - determinada imagem<br />

de si próprias.' 2 (grifo meu). Ora, no<br />

século XIX, que documento poderia ates­<br />

tar no futuro, melhor do que qualquer<br />

outro, a sucessão do tempo e a evolução<br />

da sociedade ? A fotografia, sem dúvida<br />

. For isto mesmo, pode-se afirmar que a<br />

força constatativa de suas imagens, pre­<br />

servando o passado pelo registro desse<br />

tempo na memória coletiva, passou a<br />

incidir também sobre o tempo - futuro,<br />

na medida em que a fotografia mostrava-<br />

se capaz de construir pela imagem um<br />

dado projeto de armazenamento do tem­<br />

po - presente na memória coletiva das<br />

gerações futuras .<br />

Entendida dessa forma, a imagem foto­<br />

gráfica, longe de ser apenas um registro<br />

fiel' da realidade, configura-se sobretu­<br />

do como elemento de sua própria cons­<br />

trução , representando-a visualmente.<br />

Sobre este último aspecto, o pesquisa­<br />

dor Arlindo Machado realizou um ensaio<br />

bastante interessante, intitulado A ilu

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