F O T O G R A F I - Arquivo Nacional
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R V O<br />
ria na reportagem. Os desenhistas eram<br />
enviados, como repórteres, aos locais<br />
dos acontecimentos e a partir dos depo<br />
imentos de testemunhas realizavam uma<br />
série de croquis, posteriormente inter<br />
pretados por gravuristas para serem<br />
publicados 5 . O que se valorizava neste<br />
40S*<br />
caso era o registro da ação que a fotogra<br />
fia ainda não podia oferecer. De fato,<br />
num primeiro momento, a introdução<br />
da fotografia na imprensa não acarretou<br />
uma mudança significativa nas páginas<br />
dos periódicos.<br />
'Essa mudança nào provoca uma ruptu<br />
ra na evolução iniciada antes da inven<br />
ção da fotografia: as principais caracte<br />
rísticas exteriores dos magazines, a<br />
paginação, a apresentação da capa,<br />
continuam idênticas. Tudo se passa<br />
como se a fotografia viesse se inserir<br />
em um quadro preparado de longa data<br />
para recebê-la; um procedimento técni<br />
co substitui um outro sem que as ima<br />
gens nem a visão de mundo que elas<br />
exprimem sejam radicalmente trans<br />
formadas -6 .<br />
lia reprodução de uma visão de mundo<br />
característica de um meio de expressão<br />
diverso, anterior ao seu próprio surgi<br />
mento, encontra-se a ausência de uma<br />
especificidade fotográfica das imagens<br />
utilizadas inicialmente na imprensa. Ê<br />
preciso considerar também que, devido<br />
a problemas técnicos, a fotografia pas<br />
sava por uma série de retoques para ter<br />
uma boa definição quando impressa, o<br />
que fazia com que perdesse definitiva<br />
mente a sua qualidade de testemunho<br />
do real. A sua relação com o texto era<br />
estática e o seu conteúdo era quase<br />
sempre redundante à informação escri<br />
ta, náo ultrapassando o simples papel<br />
de ilustração. Sendo assim, a economia<br />
e a velocidade possibilitadas pelo pro<br />
cesso de meio-tom não se colocaram de<br />
imediato como razões suficientemente<br />
vantajosas para justificar o alto investi<br />
mento necessário à troca de todo o an<br />
tigo sistema de impressão.<br />
Somente o desenvolvimento técnico<br />
posterior, ligado ao aperfeiçoamento do<br />
processo de meio-tom e à tecnologia<br />
fotográfica, permitiu que a imagem im<br />
pressa nas páginas dos periódicos al<br />
cançasse maior nitidez e pudesse ser<br />
reconhecida enquanto registro fotográ<br />
fico. Além disso, a substituição do<br />
colódio úmido por chapas secas a gela<br />
tina e o surgimento dos filmes flexíveis<br />
deram maior velocidade ao trabalho do<br />
fotógrafo que passou a realizar fotos<br />
instantâneas. O valor de testemunho e<br />
autenticidade da imagem fotográfica,<br />
aliado a uma maior aproximação de te<br />
mas cotidianos, ausentes até então, fo<br />
ram fatores decisivos para que a fotogra<br />
fia se impusesse frente à liberdade de<br />
Acervo, Rio de Janeiro, v. 6, n" 1-2, p. 75-86. jan/dez 1993 - pag. 77