MONOGRAFIA PRONTA - Departamento de História - Universidade ...
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poupar $10.00; mas o dinheiro nunca chegará à família <strong>de</strong>le, eles<br />
se espalham pelo país”. 137<br />
Tratando especificamente da questão do soldo, o major é indagado acerca<br />
do recebimento <strong>de</strong>sse pagamento pelos soldados negros. Stearns reitera que o<br />
pagamento é irregular e insuficiente, afirmando que a administração sulista faria<br />
um investimento mais consistente caso mantivesse essas tropas pagas<br />
regularmente, isso porque a falta <strong>de</strong> soldo <strong>de</strong>smotiva os homens e prejudica seu<br />
<strong>de</strong>sempenho, mesmo que nos trabalhos mais ordinários. Mesmo estando restrito<br />
a tratar dos negros do Tennessee, o major Stearns afirma que a melhor forma <strong>de</strong><br />
se tratar os soldados negros seria lhes conce<strong>de</strong>ndo soldo justo e regular:<br />
53<br />
“Elemento importante na civilização do negro é salário<br />
bom, regularmente pago. Ele sabe bem o que ele quer, e ele sabe<br />
adquirir o que ele quer, se ele tem pagamento justo e a liberda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>le, ele sabe, também, o que ele <strong>de</strong>veria evitar, e tem uma<br />
percepção muito justa <strong>de</strong> egoísmo e sagacida<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável”. 138<br />
Destaca-se no trecho citado acima, o papel “civilizador” da remuneração<br />
paga aos negros no exército, em paradoxal contraste com a idéia <strong>de</strong> que a guerra<br />
visava manter a população negra escrava, o que por sua vez não requer trabalho<br />
remunerado e <strong>de</strong>ntro da mesma lógica, afasta os negros do projeto <strong>de</strong> inclusão na<br />
civilização, sendo que esse propósito <strong>de</strong> civilização sempre fora um dos<br />
argumentos para a manutenção da escravidão negra no oci<strong>de</strong>nte.<br />
A correspondência <strong>de</strong>scortina também a luta do soldado negro, ex-escravo<br />
ou não, contra o preconceito no exército dos Estados Confe<strong>de</strong>rados do Sul. Esses<br />
homens eram tidos, não raro, como seres inferiores e indignos <strong>de</strong> respeito. Eram<br />
freqüentes os casos <strong>de</strong> oficiais brancos que abusavam do po<strong>de</strong>r e exerciam dura<br />
rotina <strong>de</strong> disciplina no comando das tropas negras, aplicando severos castigos e<br />
restrições. Aos soldados que buscavam recorrer diante <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s racistas e<br />
injustas restavam os Tribunais Fe<strong>de</strong>rais, entretanto, esses eram <strong>de</strong>siguais quanto<br />
ao julgamento <strong>de</strong> questões oriundas se soldados brancos e negros. Soldados <strong>de</strong><br />
cor possuíam pouco acesso a esses tribunais e encontravam gran<strong>de</strong>s empecilhos<br />
para ganhar qualquer causa.<br />
O major Stearns, aponta para o posicionamento nortista com relação a<br />
essas práticas. Apesar do exército nortista não estar livre <strong>de</strong> tais práticas racistas<br />
137 I<strong>de</strong>m, Ibi<strong>de</strong>m.<br />
138 I<strong>de</strong>m, Ibi<strong>de</strong>m.