A VIDA E A ARTE DE ANTÃNIO RAMOS DE ALMEID A - Câmara ...
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António Ramos de Almeida e a Livraria Latina Editora: contextos e dinâmicas | maria do rosário ramada pinho barbosa<br />
Jornal de Notícias<br />
“Muito se tem escrito sôbre o imortal autor dos «Sonetos», o poeta de suma<br />
grandeza cuja vida foi uma chama constantemente agitada pelo vento.<br />
Nêste belo trabalho, cheio de personalidade e vibração, não nos é descrita a<br />
sua biografia, tão conhecida, mas sim o que o autor desejou comunicar ao leitor:<br />
«dar o seu vulto no todo da sua complexidade, através da sua evolução de homem<br />
responsável, de escritor e de artista.»<br />
Revela os vícios e as virtudes da sua acção e a projecção da sua obra sem<br />
parcialidades nem subjectivista «parti-pris» – usando apenas um instrumento: a<br />
verdade.<br />
Descreve o autor a vida tumultuosa do poeta em Coimbra, analisa a sua obra,<br />
traça o quadro em que figuram as grandes personalidades contemporâneas.<br />
Nêstes dois volumes da preciosa colecção «Cadernos Azuis», é tratado Antero<br />
de Quental na infância e na juventude. O trabalho ficará concluído com o estudo<br />
«apogeu e morte» que brevemente será publicado.<br />
A reprodução dum inédito busto do Poeta, autoria do ilustre artista dr. Abel<br />
Salazar, mais enriquece o marcante ensaio” 17 .<br />
33<br />
Seara Nova<br />
“[...] António Ramos de Almeida, apaixonado pela grandeza e pela complexidade<br />
da figura, meteu ombros a essa tarefa, e deu-nos, em dois tomos da colecção de<br />
Cadernos Azuis, a primeira parte dum estudo biográfico. Julgo que o facto de ter<br />
abandonado tudo o que houve de circunstancial e inconseqüente na vida da figura<br />
evocada não tira a êste estudo o carácter de biografia, de que Ramos de Almeida<br />
parece defender-se. Biografia não é o elogio dum caso pessoal, como R. de A. pensa,<br />
mas sim o aproveitamento de tudo o que ocorre de significativo numa vida.<br />
Procurou Ramos de Almeida narrar a evolução do grande poeta e doutrinário,<br />
desde a infância contemplativa e mística na Ilha de S. Miguel até às pugnas literárias<br />
e políticas que culminariam com a publicação dos opúsculos «Bom senso e bom<br />
gosto» e «Portugal perante a revolução de Espanha». As páginas dos dois livrinhos<br />
evocam em tons vivos a figura excepcional de quem se poderia dizer, como Romain<br />
Rolland disse de Tolstoi, que foi o menos literato dos escritores. O biógrafo não<br />
se contentou em dar os movimentos exteriores do homem, quer chefiando uma<br />
insurreição académica e transladando-se, com trezentos companheiros, de Coimbra<br />
para o Pôrto, quer encafuando-se no fundo duma oficina de tipografia em Paris,<br />
a-fim de pôr de acordo a sua acção cotidiana com as suas idéas socialistas: quis ir mais<br />
17 Jornal de Notícias. Porto (24 de abril de 1943).