4 A Vida e a Arte de António Ramos de Almeida
Maria da Luz Rosinha Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira António Ramos de Almeida: convicção e coerência de um humanista Natural de Olinda, cidade situada no Estado de Pernambuco, no Brasil 1 , António Ramos de Almeida regressa a Portugal muito jovem, fixando raízes em Vila do Conde e, mais tarde, no Porto. Advogado de profissão, o seu percurso foi vincado, quer pelas amizades que fomentou ao longo da vida em diferentes círculos da intelectualidade portuguesa – nomeadamente com os neorrealistas –, quer pela intensa reflexão acerca do contexto social, económico e político da sua época (fosse o de Portugal ou o do Brasil), quer ainda pela sua participação cívica ativa, de que é exemplo a sua colaboração na campanha presidencial do General Humberto Delgado. Ensaísta profícuo, poeta e crítico literário, o autor que agora ocupa a Sala de Exposições de Literatura Contemporânea do Museu do Neo-Realismo, manteve, ao longo da sua vida, um profundo interesse pela arte, mas também pela sociologia, política e literatura, com contributos regulares em jornais, revistas e periódicos de assinalável significado na história da arte e, em particular, da literatura em Portugal, como: Seara Nova, Presença, O Diabo, Sol Nascente, Manifesto, ou Vértice, títulos que acolheram, aliás, muitos dos artigos e ensaios de maior relevância no panorama do movimento neorrealista português. Humanista convicto e defensor de ideais democráticos, António Ramos de Almeida deixou-nos um significativo legado, parte do qual temos hoje a honra de dar a conhecer, nesta Exposição Biobibliográfica, resultado do trabalho de investigação levado a cabo pelo Prof. Doutor António Pedro Pita, da Universidade de Coimbra, a quem desde já formulo os sinceros agradecimentos do nosso Município. Às filhas de António Ramos de Almeida, Maria Antónia e Ana Maria – e nelas, aos familiares de Ramos de Almeida que participaram neste projeto –, quero deixar um imenso apreço pela colaboração com o Museu do Neo-Realismo, nomeadamente, no que respeita à cedência de documentos do espólio de António Ramos de Almeida, peças essenciais à compreensão do contexto de uma época que, apesar de nos ser tão próxima, tem ainda muito a revelar, nomeadamente no que se refere ao movimento neorrealista, objeto principal da existência deste Museu. Uma última palavra de agradecimento à Fundação Calouste Gulbenkian, que mais uma vez concedeu ao Museu do Neo-Realismo um importante apoio à realização deste catálogo. 5 1 Olinda foi declarada Património Histórico e Cultural da Humanidade em 1982. CAT 26