A VIDA E A ARTE DE ANTÃNIO RAMOS DE ALMEID A - Câmara ...
A VIDA E A ARTE DE ANTÃNIO RAMOS DE ALMEID A - Câmara ...
A VIDA E A ARTE DE ANTÃNIO RAMOS DE ALMEID A - Câmara ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A Vida e a Arte de António Ramos de Almeida<br />
38<br />
de tam irregulares sentimentos como Antero; não nos parece que o pensamento do<br />
poeta tenha enfraquecido – ou decaído – nos últimos tempos de sua vida. Se as suas<br />
torturas físicas foram mais intensas, foram-no também as suas torturas morais, o<br />
que não significa forçosamente decadência. Não se manifestam elas bem nítidas, na<br />
primeira fase da sua vida literária?<br />
O estudo do Dr. Ramos Dias [leia-se de Almeida] é caracterizado por uma<br />
sólida documentação e por um desprêzo das opiniões já formadas e por quási todos<br />
aceites que só o recomendam e valorizam” 22 .<br />
O Ilhavense<br />
“Em volume elegante, apresentou Henrique Perdigão, da Livraria Latina, os<br />
n.os 9 e 10 dos seus Cadernos Azuis. O autor é António Ramos de Almeida que trata<br />
do apogeu, decadência e morte do célebre sonetista açoreano, como já tratou da sua<br />
infância e juventude nos n.os 5 e 6. Antero de Quental é estudado sob um aspecto<br />
novo, o revolucionário e internacionalista e, aqui, nem sempre objectivamente, pois<br />
Ramos de Almeida força a nota para fazer um trabalho com outras finalidades que<br />
não são o simples conhecimento e a mera interpretação de Antero. Boa apresentação,<br />
como sempre, da Latina Editora do Porto” 23 .<br />
O Setubalense<br />
“Antero de Quental – esse génio poético que atingiu na poesia portuguesa um dos<br />
mais altos lugares, esse vencido da vida que foi expoente da metafísica na nossa história<br />
literária – acaba de encontrar em António Ramos de Almeida uma apreciação à sua obra<br />
literária e social através do livro «ANTERO <strong>DE</strong> QUENTAL», editado pela Livraria<br />
Latina. É o 2.º e ultimo volume que sobre Antero o autor publica. Do primeiro volume<br />
já nos ocupamos nestas colunas em devido tempo. Falêmos deste 2.º volume em que o<br />
autor foca o apogeu, a decadência e a dramática morte do Poeta.<br />
O livro é de sentido crítico. É um ensaio equilibrado. O trabalho documenta-se<br />
sobre as páginas de prosa social, um socialismo dum cérebro iluminado por uma fé<br />
extraordináriamente ardente, um Socialismo pelo qual o Poeta batalhou inflamadamente,<br />
gritando aos quatro ventos períodos como êste: «O capital é o rei do Mundo: é mais: é<br />
um deus, o deus desta sociedade corrupta e injusta, mas um deus feito à imagem dela,<br />
como ela corruptor, injusto, tirânico! O resto, o que fica depois dêsse roubo legal e<br />
organizado, é o que se atira, quási como esmola, ao trabalhador, com o nome odioso<br />
de salário! O salário, resumindo em si todas as injustiças, todas as oposições, todas<br />
as misérias da sociedade actual, será de futuro o grande acto de acusação e o corpo<br />
22 Jornal do Comércio. Lisboa, ano 91, n.º 27117 (6 de fevereiro de 1944) p. 3. Suplemento Domingo.<br />
23 VERNEX, Jorge – Processos sumários. O Ilhavense. Ílhavo, ano 33, n.º 1430 (10 de fevereiro de 1944) p. 3.