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A VIDA E A ARTE DE ANTÓNIO RAMOS DE ALMEID A - Câmara ...

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A Vida e a Arte de António Ramos de Almeida<br />

O Século Ilustrado<br />

48<br />

“Mais uma contribuição para a comemoração centenária do nascimento de Eça<br />

de Queiroz. O autor, que já em «Antero de Quental» tinha afirmado as suas qualidades<br />

de critico analista, apresenta-nos no seu «Eça» o homem, o artista, o ideologo, o<br />

«dandy», o humorista, o autor de caricaturas que ficaram como simbolos e que – ai<br />

de nós – como simbolos vivos existem hoje como existiram ao tempo dessa «geração<br />

de 70».<br />

Estudo demorado, muita observação, acertado criterio, revela êste volume que é<br />

mais uma voz clara que nos traz duas afirmações: uma que nos envaidece e outra que<br />

nos faz tristeza: 1.ª: Tivemos um grande romancista no século passado, um grande<br />

escritor que mereceu a comemoração centenaria do seu nascimento. 2.ª: Vamos<br />

caminhando velozmente para outra comemoração centenaria que deverá ser feita em<br />

silencio: a da ausencia dum segundo Eça.<br />

«Crime do padre Amaro», «Maias», «Primo Basilio» representam, na quasi<br />

totalidade, a bagagem literaria dum seculo no campo da literatura de ficção. Esta<br />

pobreza que eleva Eça de Queiroz não é de molde a envaidecer-nos a pintura que<br />

êle nos legou da nossa psicologia estreita e ainda não se desvaneceu. Duas ou três<br />

gerações têm tido o cuidado de a manter longe do sol e bem encaixilhada para que<br />

não desbote o colorido. Cuidado êste que se, por um lado prova a continuidade da<br />

raça, por outro afirma o nosso hábito de progredir «ou ralenti».<br />

E a nossa galeria de retratos continuará a mostrar aos turistas do espirito a<br />

Sanjoaneira, o Carlos da Maia, o Basilio, o conego Dias, o Palma Cavalão e êsse<br />

Jacinto farto de requintes e campainhas electricas a redimir na quinta de Tormes a<br />

orelheira, a couve penca e o tamanco.<br />

Num assomo de óptimismo saudavel pensemos que se de 70 para cá tivessem<br />

aparecido cinco ou seis Eças no nosso mundo das letras não teriamos agora o prazer<br />

de lêr tantas obras escritas em homenagem àquele que foi o unico.<br />

Por tudo, «Eça», de Ramos de Almeida, é dos mais completos estudos que até<br />

agora apareceram sôbre o grande escritor que a si próprio se designava como «pobre<br />

homem da Povoa de Varzim»” 36 .<br />

Estrela do Minho<br />

“Eça de Queiroz está na ordem do dia, pelo que os livros, os livrinhos e os<br />

livrescos que, sobre o grande romancista, se têm publicado são em número quase<br />

infinito.<br />

De três livros – livros autênticos e bons – eu vou dizer a minha impressão pela<br />

ordem do seu recebimento, que é sempre a melhor para não ferir susceptibilidades.<br />

36 O Século Ilustrado. Lisboa (1 de dezembro de 1945).

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