Historia
Historia
Historia
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Seja para o bem, seja para o mal, os anarquistas espanhóis<br />
estavam cheios de energia e capacidade prática durante o primeiro<br />
e fluido período da Guerra Civil. Mas suas virtudes eram<br />
dinâmicas: sempre floresceram em tempos de tensão e arrefeceram<br />
em outros tempos. Fortes nos impulsos espontâneos, não possuíam<br />
a tenacidade necessária para manter o que alcançavam. Sua<br />
coragem e iniciativa nos primeiros dias da revolta militar se<br />
transformaram em tédio e ineficiência à medida que o conflito se<br />
estendeu, e sua resistência à disciplina e à autoridade os<br />
incapacitou para as tarefas de uma guerra verdadeira e prolongada,<br />
o que é por si próprio um processo totalitário. Depois da primeira e<br />
espetacular investida da coluna de voluntários chefiada por Durutti<br />
contra Aragão, o front favorito dos anarquistas tornou-se um dos<br />
mais estáticos em toda a guerra, e a velha fortaleza anarquista de<br />
Saragoça, o objetivo da campanha, nunca foi tomada. Parte disso<br />
deveu-se ao fato de as unidades anarquistas não disporem de<br />
armas, em virtude da política do governo republicano, que tentou<br />
forçar as milícias independentes a formarem um exército<br />
disciplinado sob controle centralizado; parte deveu-se ao apego às<br />
causas locais que quase sempre faziam com que as questões na<br />
Catalunha, nas fábricas e nas fazendas coletivas parecessem mais<br />
importantes do que o que estava ocorrendo no front distante; e<br />
parte ao reconhecimento semiconsciente de que, inevitavelmente,<br />
à medida que a guerra continuava, estava sendo imposto ao país<br />
um modelo autoritário em que não poderiam sobreviver as<br />
experiências libertárias empreendidas com tamanho entusiasmo<br />
em 1936.<br />
Neste ponto, é necessário lembrar que certas circunstâncias<br />
colocaram os anarquistas num terrível dilema. Sua organização,<br />
sua tática, sua atitude mental foram moldadas em cima de uma<br />
geração com o fim de oposição à autoridade estabelecida, ao<br />
término da qual se travaria o Armagedon anárquico c os santos<br />
libertários entrariam na Sião do comunismo libertário, que se<br />
ergueria das ruínas de um mundo morto. Mas, por volta do último<br />
outono de 1936, ficou claro que a verdadeira revolução não<br />
acontecera, que o comunismo libertário fora,<br />
139