25.01.2015 Views

Informalidade no projeto formal de habitação - blog da Raquel Rolnik

Informalidade no projeto formal de habitação - blog da Raquel Rolnik

Informalidade no projeto formal de habitação - blog da Raquel Rolnik

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

egularizados anualmente, por diversos <strong>de</strong>cretos, e as favelas,<br />

que explodiram principalmente por volta <strong>da</strong> déca<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> 1970 (TASCHNER, 2011), tornaram-se um caso claro<br />

do problema habitacional em São Paulo.<br />

A formulação <strong>da</strong> Habitação como Política Social e o<br />

BNH<br />

O período compreendido entre o final <strong>da</strong> era Vargas e<br />

a criação do BNH - Banco Nacional <strong>da</strong> Habitação po<strong>de</strong> ser<br />

interpretado como fun<strong>da</strong>mental para a política habitacional.<br />

É fato que não dá para se falar <strong>no</strong> surgimento <strong>de</strong> uma<br />

política habitacional ad hoc, porém é possível afirmar que<br />

o gover<strong>no</strong> central já estava colocando a questão habitacional<br />

na or<strong>de</strong>m do dia. Isso fica claro, por exemplo, <strong>no</strong> discurso<br />

<strong>de</strong> Roberto Simonsen, presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração <strong>da</strong>s<br />

Indústrias do Estado <strong>de</strong> São Paulo - FIESP, dizendo:<br />

“(...) problema <strong>de</strong> solução difícil por simples iniciativa priva<strong>da</strong>,<br />

porque num país on<strong>de</strong> o capital é escasso e caro e on<strong>de</strong> o<br />

po<strong>de</strong>r aquisitivo médio é tão baixo não po<strong>de</strong>mos esperar que a<br />

iniciativa priva<strong>da</strong> venha em escala suficiente ao encontro <strong>da</strong>s<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> gran<strong>de</strong> massa, proporcionando-lhe habitações<br />

econômicas (...). O problema <strong>da</strong>s moradias <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>s<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s populares passa a ser questão <strong>de</strong> urbanismo, subordina<strong>da</strong><br />

às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m individual, social, técnica,<br />

<strong>de</strong>mográfica e econômica. Para sua integral solução, torna-se<br />

indispensável a intervenção <strong>de</strong>cisiva do Estado.”<br />

(Simonsen, 1942, IN: Bonduki, 1998)<br />

Essa visão cultiva<strong>da</strong> por Simonsen se difun<strong>de</strong> amplamente<br />

entre os meios empresariais e políticos, o que<br />

fun<strong>da</strong>menta a intervenção habitacional como política<br />

estatal, que a livre intervenção <strong>da</strong> iniciativa priva<strong>da</strong> não<br />

po<strong>de</strong>ria conter. Porém, o que ocorre efetivamente não é<br />

a formulação <strong>de</strong> uma política organiza<strong>da</strong>, porém uma<br />

série <strong>de</strong> programas vinculados a diversos órgãos diferentes,<br />

uma “colcha <strong>de</strong> retalhos <strong>de</strong> intervenções” (Bonduki,<br />

1998). Contudo, apesar <strong>da</strong> <strong>de</strong>sarticulação, se trata <strong>de</strong> ver<br />

a questão habitacional como política <strong>de</strong> cunho social. Entram<br />

nesse processo a Fun<strong>da</strong>ção Casa Popular e os IAPs<br />

- Institutos <strong>de</strong> Aposentadoria e Pensões. O estado entra<br />

efetivamente para cobrir a lacuna <strong>de</strong>ixa<strong>da</strong> pela produção<br />

priva<strong>da</strong>; mais do que isso, a produção <strong>de</strong> moradias visava<br />

fomentar a indústria <strong>da</strong> construção civil. Isso acaba ficando<br />

claro quando se <strong>no</strong>ta que as medi<strong>da</strong>s toma<strong>da</strong>s para a<br />

produção habitacional ten<strong>de</strong>m a ser vincula<strong>da</strong>s a secretarias<br />

<strong>de</strong> ação direta na eco<strong>no</strong>mia, com atitu<strong>de</strong>s que mostram<br />

a financeirização <strong>da</strong> política <strong>de</strong> <strong>habitação</strong>. Po<strong>de</strong>mos<br />

caracterizar o período como <strong>da</strong> estruturação interna do<br />

país, com forte <strong>de</strong>senvolvimento à indústria nacional (política<br />

<strong>de</strong> substituição <strong>de</strong> importações, em especial <strong>no</strong> período<br />

JK), fortalecimento do mercado inter<strong>no</strong> e o gran<strong>de</strong><br />

crescimento urba<strong>no</strong>.<br />

Mu<strong>da</strong>nça significativa ocorre com a entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> o Gover<strong>no</strong><br />

Militar, com o golpe em 1964. A relativa <strong>de</strong>scentralização<br />

até então utiliza<strong>da</strong> pelos sistemas <strong>de</strong> administração<br />

pública passam a trabalhar <strong>de</strong> maneira fortemente<br />

centraliza<strong>da</strong>, característica típica do gover<strong>no</strong> militar. O<br />

setor público tem um aumento significativo em termos <strong>de</strong><br />

cargos e <strong>de</strong>spesa. Diversas autarquias foram cria<strong>da</strong>s nesta<br />

10 - conjuntos produzidos na gestão do bnh, em ci<strong>da</strong><strong>de</strong> tira<strong>de</strong>ntes, zona leste <strong>de</strong> sp. sem autoria<br />

11 - trecho <strong>de</strong> favela em sp, vista aérea. sem autoria<br />

28

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!