Informalidade no projeto formal de habitação - blog da Raquel Rolnik
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Conhecer estas formas <strong>de</strong> tecido e enten<strong>de</strong>r (e ver,<br />
<strong>de</strong>vo acrescentar) <strong>de</strong> perto seu nível <strong>de</strong> precarie<strong>da</strong><strong>de</strong> traz<br />
ao arquiteto a urgência em produzir uma melhoria. Como<br />
situação imprópria para viver, intervir - nem sempre<br />
como uma tabula rasa - torna-se necessário. Contudo, o<br />
<strong>de</strong>sconhecimento <strong>de</strong> sua real dinâmica leva a <strong>de</strong>ficiências<br />
projetuais que irão se arrastar pela vi<strong>da</strong> dos usuários. Não<br />
enten<strong>de</strong>r o sistema <strong>de</strong> circulações, a maneira <strong>de</strong> produção<br />
habitacional através <strong>da</strong> autoconstrução ou as relações<br />
i<strong>de</strong>ntitárias dos moradores com a região <strong>no</strong>rmalmente levam<br />
a disfunções projetuais. Não apenas em <strong>projeto</strong>s <strong>de</strong><br />
<strong>habitação</strong> social, porém em qualquer <strong>projeto</strong>.<br />
O resultado, e justamente por isso a crítica, são <strong>no</strong>rmalmente<br />
<strong>projeto</strong>s que agregam um baixo conhecimento<br />
adquirido sobre o local e uma ampla gama <strong>de</strong> achismos<br />
<strong>de</strong> to<strong>da</strong> sorte sobre as relações sociais. Prédios <strong>de</strong>slocados<br />
<strong>no</strong> lote, alinhados com pouco ou nenhum tratamento <strong>da</strong>s<br />
áreas intersticiais, uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s habitacionais indiferencia<strong>da</strong>s.<br />
Todos são pontos bastante comuns em <strong>projeto</strong>s <strong>de</strong> <strong>habitação</strong><br />
social. Ain<strong>da</strong> que <strong>no</strong> passado recente tenha havido<br />
uma melhora projetual significativa - se comparado com<br />
o que era produzido há mais <strong>de</strong> 30 a<strong>no</strong>s - ain<strong>da</strong> não se foi<br />
capaz <strong>de</strong> romper com uma tradição que ain<strong>da</strong> mantém os<br />
<strong>projeto</strong>s com o mesmo padrão <strong>de</strong> organização.<br />
O que é a<strong>de</strong>quado a um <strong>projeto</strong> <strong>de</strong> <strong>habitação</strong> social,<br />
portanto A pergunta é complexa, e tendo em vista que<br />
o <strong>projeto</strong> ten<strong>de</strong> a ser parcialmente subjetivo, além <strong>de</strong> influenciados<br />
por aspectos <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssa própria vivência e cultura,<br />
o resultado final certamente varia. Aqui, portanto,<br />
o conceito apresentado também é resultado <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ia<br />
parcial, e não <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado como único ou final.<br />
I<strong>de</strong>almente, consi<strong>de</strong>ro que os aspectos fun<strong>da</strong>mentais<br />
que <strong>de</strong>veriam <strong>no</strong>rtear o <strong>projeto</strong> <strong>da</strong> <strong>habitação</strong> ten<strong>de</strong>m a estar<br />
localizados <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> própria estrutura organizacional<br />
<strong>da</strong> área em que se insere:<br />
- Se for uma favela, o que a caracteriza Ela po<strong>de</strong> ser<br />
<strong>de</strong>nsamente ocupa<strong>da</strong>, po<strong>de</strong> ser verticaliza<strong>da</strong> ou comporse<br />
<strong>de</strong>habitações térreas, po<strong>de</strong> ser composta <strong>de</strong> vielas <strong>de</strong><br />
pequena largura, ou ser semelhante a um bairro, com<br />
ruas bem <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s. A i<strong>de</strong>ntificação só po<strong>de</strong> ser consegui<strong>da</strong><br />
através <strong>de</strong> análise específica.<br />
- Qual seu processo <strong>de</strong> estruturação espacial Ou qual<br />
sua estrutura <strong>de</strong> espaços livres<br />
- É uma intervenção pontual É uma operação urbana<br />
É uma mu<strong>da</strong>nça ra dical ou isso está em concomitância<br />
com o processo natural <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do bairro<br />
Assim sendo, o conjunto <strong>da</strong>s diretrizes para o local, em<br />
termos <strong>de</strong> taxas urbanísticas e <strong>de</strong>senho urba<strong>no</strong>, também<br />
são fatores fun<strong>da</strong>mentais.<br />
- No que tange à i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> grupo, como é a relação<br />
do morador atual com o local Como isso refletiu na produção<br />
do bairroComo é o uso do local durante o dia, e<br />
quem se apropria <strong>de</strong>le<br />
Levando em consi<strong>de</strong>ração tais questões, é possível pon<strong>de</strong>rar<br />
algumas diretrizes para a criação do <strong>projeto</strong> <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> favela:<br />
- i<strong>de</strong>ntificação <strong>da</strong> estrutura do <strong>projeto</strong> vinculado à atual<br />
situação do sítio e relação com o entor<strong>no</strong>. A questão <strong>da</strong><br />
forma urbana aqui é a mais pertinente, pois a maneira<br />
como for realiza<strong>da</strong> a implantação do <strong>projeto</strong> po<strong>de</strong> criar<br />
algo conectado com o tecido, que se integre <strong>de</strong> maneira<br />
completa com o bairro; ou po<strong>de</strong> criar uma ilha <strong>de</strong> isolamento,<br />
fecha<strong>da</strong> entre gra<strong>de</strong>s e muros. Relevo e gabaritos<br />
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