Informalidade no projeto formal de habitação - blog da Raquel Rolnik
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<strong>In<strong>formal</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong></strong> <strong>no</strong> <strong>projeto</strong> <strong>formal</strong> <strong>de</strong> <strong>habitação</strong><br />
Para ter início, efetivamente, o <strong>projeto</strong>, foi realiza<strong>da</strong><br />
to<strong>da</strong> uma discussão sobre a questão <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e do tecido<br />
urba<strong>no</strong> produzido, bem como a relação do morador<br />
na produção <strong>de</strong> seu bairro. Contudo, na hora <strong>de</strong> projetar,<br />
to<strong>da</strong>s as questões leva<strong>da</strong>s a cabo e consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s <strong>no</strong> argumento<br />
teórico <strong>de</strong>ste TFG acabam por ser refuta<strong>da</strong>s se o<br />
<strong>projeto</strong> realizado é o padrão. Por <strong>projeto</strong> padrão enten<strong>da</strong><br />
que correspon<strong>de</strong> à imagem <strong>de</strong> <strong>projeto</strong> cria<strong>da</strong> e vincula<strong>da</strong><br />
à <strong>habitação</strong> social aqui em São Paulo, correspon<strong>de</strong>nte ao<br />
tipo <strong>de</strong> intervenção pratica<strong>da</strong> pelo BNH <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 1970,<br />
com prédios <strong>de</strong> baixo gabarito isolados <strong>no</strong> lote. Esse modo<br />
<strong>de</strong> projetar esteve direamente vinculado a um padrão adotado<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os a<strong>no</strong>s 1940 na Europa, amplamente difundido<br />
em revistas e manuais <strong>de</strong> arquitetura, e visto como<br />
solução <strong>de</strong> <strong>projeto</strong> para diversos casos, on<strong>de</strong> em geral suas<br />
edificações não possuíam nenhum tratamento <strong>de</strong> sua implantação<br />
e sem qualquer tipo <strong>de</strong> trabalho mais apurado<br />
<strong>de</strong> seus espaços intersticiais. Se formos levar em consi<strong>de</strong>ração<br />
que a Europa pós guerra havia sido <strong>de</strong>struí<strong>da</strong>, a<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>projeto</strong>s padronizados e <strong>de</strong> baixo custo<br />
agregado era necessária para retomar o estado <strong>de</strong> <strong>habitação</strong><br />
anterior.<br />
A solução exporta<strong>da</strong> para cá como resposta é amplamente<br />
utiliza<strong>da</strong>. E apesar <strong>de</strong> seus padrões terem sido iniciamente<br />
previstos para uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> situação, ain<strong>da</strong><br />
assim, este tipo <strong>de</strong> <strong>projeto</strong> é a primeira solução cria<strong>da</strong><br />
para resoluções <strong>de</strong> <strong>projeto</strong> <strong>de</strong> <strong>habitação</strong> copo um todo, em<br />
diversas situações, é o lugar comum. E sem gran<strong>de</strong>s parâmetros<br />
do que seria um bom <strong>projeto</strong> <strong>de</strong> <strong>habitação</strong> - temos<br />
alguns conceitos enraizados <strong>de</strong> acordo com <strong>no</strong>ssas vivências<br />
e atitu<strong>de</strong>s, somados à “doutrinação” que sofremos<br />
quando estu<strong>da</strong>mos arquitetura, relativa ao tipo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong><br />
que <strong>no</strong>s é passado e à maneira <strong>de</strong> projetar que <strong>no</strong>s é incutido,<br />
acabamos ficando <strong>de</strong>samparados <strong>no</strong> que tange ao<br />
seu <strong>de</strong>senvolvimento. A arquitetura então, que não é comum,<br />
se torna experimental. Ou, ain<strong>da</strong>, se torna apenas<br />
mais um discurso vazio, para se unir ao existente.<br />
Neste sentido, refuta-se essa i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>projeto</strong> como<br />
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