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Conhecer estas formas <strong>de</strong> tecido e enten<strong>de</strong>r (e ver, <strong>de</strong>vo acrescentar) <strong>de</strong> perto seu nível <strong>de</strong> precarie<strong>da</strong><strong>de</strong> traz ao arquiteto a urgência em produzir uma melhoria. Como situação imprópria para viver, intervir - nem sempre como uma tabula rasa - torna-se necessário. Contudo, o <strong>de</strong>sconhecimento <strong>de</strong> sua real dinâmica leva a <strong>de</strong>ficiências projetuais que irão se arrastar pela vi<strong>da</strong> dos usuários. Não enten<strong>de</strong>r o sistema <strong>de</strong> circulações, a maneira <strong>de</strong> produção habitacional através <strong>da</strong> autoconstrução ou as relações i<strong>de</strong>ntitárias dos moradores com a região <strong>no</strong>rmalmente levam a disfunções projetuais. Não apenas em <strong>projeto</strong>s <strong>de</strong> <strong>habitação</strong> social, porém em qualquer <strong>projeto</strong>. O resultado, e justamente por isso a crítica, são <strong>no</strong>rmalmente <strong>projeto</strong>s que agregam um baixo conhecimento adquirido sobre o local e uma ampla gama <strong>de</strong> achismos <strong>de</strong> to<strong>da</strong> sorte sobre as relações sociais. Prédios <strong>de</strong>slocados <strong>no</strong> lote, alinhados com pouco ou nenhum tratamento <strong>da</strong>s áreas intersticiais, uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s habitacionais indiferencia<strong>da</strong>s. Todos são pontos bastante comuns em <strong>projeto</strong>s <strong>de</strong> <strong>habitação</strong> social. Ain<strong>da</strong> que <strong>no</strong> passado recente tenha havido uma melhora projetual significativa - se comparado com o que era produzido há mais <strong>de</strong> 30 a<strong>no</strong>s - ain<strong>da</strong> não se foi capaz <strong>de</strong> romper com uma tradição que ain<strong>da</strong> mantém os <strong>projeto</strong>s com o mesmo padrão <strong>de</strong> organização. O que é a<strong>de</strong>quado a um <strong>projeto</strong> <strong>de</strong> <strong>habitação</strong> social, portanto A pergunta é complexa, e tendo em vista que o <strong>projeto</strong> ten<strong>de</strong> a ser parcialmente subjetivo, além <strong>de</strong> influenciados por aspectos <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssa própria vivência e cultura, o resultado final certamente varia. Aqui, portanto, o conceito apresentado também é resultado <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ia parcial, e não <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado como único ou final. I<strong>de</strong>almente, consi<strong>de</strong>ro que os aspectos fun<strong>da</strong>mentais que <strong>de</strong>veriam <strong>no</strong>rtear o <strong>projeto</strong> <strong>da</strong> <strong>habitação</strong> ten<strong>de</strong>m a estar localizados <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> própria estrutura organizacional <strong>da</strong> área em que se insere: - Se for uma favela, o que a caracteriza Ela po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>nsamente ocupa<strong>da</strong>, po<strong>de</strong> ser verticaliza<strong>da</strong> ou comporse <strong>de</strong>habitações térreas, po<strong>de</strong> ser composta <strong>de</strong> vielas <strong>de</strong> pequena largura, ou ser semelhante a um bairro, com ruas bem <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s. A i<strong>de</strong>ntificação só po<strong>de</strong> ser consegui<strong>da</strong> através <strong>de</strong> análise específica. - Qual seu processo <strong>de</strong> estruturação espacial Ou qual sua estrutura <strong>de</strong> espaços livres - É uma intervenção pontual É uma operação urbana É uma mu<strong>da</strong>nça ra dical ou isso está em concomitância com o processo natural <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do bairro Assim sendo, o conjunto <strong>da</strong>s diretrizes para o local, em termos <strong>de</strong> taxas urbanísticas e <strong>de</strong>senho urba<strong>no</strong>, também são fatores fun<strong>da</strong>mentais. - No que tange à i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> grupo, como é a relação do morador atual com o local Como isso refletiu na produção do bairroComo é o uso do local durante o dia, e quem se apropria <strong>de</strong>le Levando em consi<strong>de</strong>ração tais questões, é possível pon<strong>de</strong>rar algumas diretrizes para a criação do <strong>projeto</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> favela: - i<strong>de</strong>ntificação <strong>da</strong> estrutura do <strong>projeto</strong> vinculado à atual situação do sítio e relação com o entor<strong>no</strong>. A questão <strong>da</strong> forma urbana aqui é a mais pertinente, pois a maneira como for realiza<strong>da</strong> a implantação do <strong>projeto</strong> po<strong>de</strong> criar algo conectado com o tecido, que se integre <strong>de</strong> maneira completa com o bairro; ou po<strong>de</strong> criar uma ilha <strong>de</strong> isolamento, fecha<strong>da</strong> entre gra<strong>de</strong>s e muros. Relevo e gabaritos 43