Informalidade no projeto formal de habitação - blog da Raquel Rolnik
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levou a uma situação ina<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> em relação ao seu sítio,<br />
já que as edificações construí<strong>da</strong>s muitas vezes não possuíam<br />
uma implantação a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> ao seu terre<strong>no</strong>; além<br />
disso, a própria localização <strong>de</strong> tais terre<strong>no</strong>s, em periferias<br />
- on<strong>de</strong> era possível arcar com os custos <strong>da</strong> urbanização<br />
- acabou levando à modificação do BNH como produtor<br />
exclusivo <strong>de</strong> moradias, quando começa a trabalhar com<br />
<strong>projeto</strong>s <strong>de</strong> infraestrutura, por exemplo. Porém, muitos<br />
não podiam pagar as prestações do BNH, o que <strong>no</strong> longo<br />
prazo começa a gerar déficits <strong>no</strong> interior do banco. Ao<br />
mesmo tempo, a falta <strong>de</strong> uma política pública consistente<br />
<strong>no</strong> combate ao déficit habitacional sugere que as favelas<br />
mantiveram seu crescimento exponencial, acentuando as<br />
características <strong>de</strong> segregação socioespacial. O déficit em<br />
2011 já supera os 12 milhões <strong>de</strong> habitações, <strong>no</strong> Brasil.<br />
O BNH é extinto em 1996, por diversos motivos, que<br />
vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o déficit crescente <strong>de</strong> seus lucros, até mesmo o<br />
seu próprio mo<strong>no</strong>pólio sobre alguns fundos <strong>de</strong> aplicação,<br />
que começa a ser questionado pelos banqueiros. Não se<br />
po<strong>de</strong> negar que, apesar <strong>da</strong> política que o BNH produzia<br />
estava muito mais relacionado à uma política <strong>de</strong> financiamentos<br />
e estímulo à construção civil por construtoras<br />
do que efetivamente uma política <strong>de</strong> <strong>habitação</strong> <strong>de</strong> cunho<br />
social. Contudo, não se po<strong>de</strong> negar a importância do BNH<br />
com primeira tentativa - e acerta<strong>da</strong> - <strong>de</strong> formulação <strong>de</strong><br />
uma política habitacional.<br />
Re<strong>de</strong>mocratização e urbanização<br />
A orfan<strong>da</strong><strong>de</strong> relega<strong>da</strong> aos municípios pela extinção do<br />
BNH - e consequentemente dos recursos oriundos <strong>de</strong>le<br />
aos municípios levou a uma mu<strong>da</strong>nça na concepção <strong>da</strong><br />
<strong>habitação</strong>. A baixa <strong>de</strong> recursos leva a uma i<strong>no</strong>vação nas<br />
propostas, com possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> consoli<strong>da</strong>r as favelas<br />
<strong>no</strong>s seus assentamentos. Isso era possível pois as favelas<br />
<strong>da</strong> época eram <strong>de</strong> baixa <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> em sua maioria e as<br />
melhorias eram em sua maioria para instalação <strong>de</strong> infraestrutura.<br />
A regulamentação do Direito à Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e à<br />
Moradia Digna colocado na Constituição <strong>de</strong> 1988 através<br />
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