10.07.2015 Views

Jul-Ago - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Jul-Ago - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Jul-Ago - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

242Aragão REM, Barreira IMA, Bezerra AFR, Ramos RMG, Pereira FBAINTRODUÇÃOAdoença <strong>de</strong> von Hippel-Lindau (VHL), ouangiomatose cerebelorretiniana familiar, éuma facomatose autossômica dominante, compenetrância incompleta e expressivida<strong>de</strong> retardada (1)caracterizada por aparecimento <strong>de</strong> hemangioblastomada retina, do cerebelo e/ou medula espinhal, carcinoma<strong>de</strong> células renais, tumor <strong>de</strong> pâncreas, tumores do sacoendolinfático, bem como cistos e cistoa<strong>de</strong>noma dos rins,pâncreas e epidídimo (2) . Diferindo <strong>de</strong> outras facomatoses,as manifestações cutâneas são raras em VHL. Outrasmanifestações <strong>de</strong> VHL que po<strong>de</strong>m chamar atenção dooftalmologista incluem retinopatia hipertensiva <strong>de</strong>vidoa feocromocitoma, hamartoma vascular da retina,síndrome quiasmática, <strong>de</strong>feito pupilar aferente <strong>de</strong>vido ahemangioblastoma do nervo óptico (NO) e papile<strong>de</strong>mapor lesões do SNC ou do nervo óptico (3) .O hemangioma capilar da retina (HCR) é a manifestaçãomais precoce da doença <strong>de</strong> VHL e usualmentenão está presente ao nascimento. Existe uma correlaçãopositiva entre o aumento da ida<strong>de</strong> e o risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> HCR na VHL. O HCR po<strong>de</strong> ser umtumor único e algumas vezes é a única manifestação dapatologia, mas os tumores são mais frequentementemúltiplos, ocorrendo em 45% a 60% dos pacientes comVHL. A localização preferencial do tumor é a periferiatemporal da retina, sendo facilmente reconhecido porsua aparência avermelhada, globulosa, com uma artérianutridora e uma veia tortuosa que drena o tumor (4) . Apesarda sua natureza benigna e clássico crescimento lento,o HCR po<strong>de</strong> causar complicações como <strong>de</strong>scolamentototal da retina, catarata e phthisis bulbi nos estágios finais(5) . O HCR permanece como a maior causa <strong>de</strong>morbida<strong>de</strong> visual e algumas vezes cegueira nos pacientescom VHL. A <strong>de</strong>tecção precoce e tratamento po<strong>de</strong>malterar o prognóstico visual (4) .No presente artigo, relatamos o caso <strong>de</strong> um pacienteportador <strong>de</strong> VHL com história prévia <strong>de</strong> cirurgiasneurológicas para remoção <strong>de</strong> hemongioblastomacerebelar, perda da visão com phthisis bulbi no olhodireito (OD) e presença <strong>de</strong> HCR no olho esquerdo(OE),no qual foi realizado tratamento com laser.Relato <strong>de</strong> CasoPaciente masculino, 29 anos, branco, procurou oambulatório com queixa <strong>de</strong> baixa acuida<strong>de</strong> visual acompanhada<strong>de</strong> discreta dor em região orbitária direita. Pacientetinha história pregressa <strong>de</strong> três cirurgias neurológicaspara ressecção <strong>de</strong> hemangioblastoma cerebelar(diagnóstico proposto antes das cirugias por exames <strong>de</strong>imagem, tomografia computadorizada <strong>de</strong> SNC, e confirmadocom os exames anátomo-patológicos) e cistos <strong>de</strong>epidídimo. História familiar negativa.Ao exame oftalmológico, o paciente apresentavaacuida<strong>de</strong> visual (AV) <strong>de</strong> ausência <strong>de</strong> percepção luminosano olho direito (OD) e 20/20 no olho esquerdo (OE).A biomicroscopia mostrou <strong>de</strong>sorganização das estruturasdo segmento anterior do OD e OE sem alterações. Àoftalmoscopia binocular indireta revelou <strong>de</strong>scolamentototal <strong>de</strong> retina no OD e no OE um HCR <strong>de</strong> localizaçãotemporal inferior. A ecografia ocular mostrou<strong>de</strong>scolamento <strong>de</strong> retina associado a espessamento <strong>de</strong>esclera e <strong>de</strong>sorganização das estruturas (Phitisis bulbi)no OD. A angiografia fluoresceínica (AF) no OE mostroulesão hiperfluorescente temporal inferior, comvasos aferente e eferente característicos do HCR (Figura1).O paciente foi submetido, no OE, à fotocoagulaçãocom laser <strong>de</strong> diodo ver<strong>de</strong> na lesão e vasos nutridores.Após 20 dias, realizou-se nova AF, que mostrou regressãoda lesão (Figura 2).DISCUSSÃOOs hemangiomas da retina que ocorrem esporadicamenteou em associação com VHL são clinicamenteindistinguíveis. O diagnóstico <strong>de</strong> VHL se baseia emtrês elementos, que incluem: hemangioma (retina/SNC),lesões viscerais e história familiar <strong>de</strong> lesões similares.Se história familiar <strong>de</strong> VHL está presente, apenas umalesão é requerida. Com história familiar negativa, presença<strong>de</strong> pelo menos dois hemangiomas ou umhemangioma e uma lesão visceral são critérios para odiagnóstico <strong>de</strong> VHL (6) . Tumores assintomáticos po<strong>de</strong>mser <strong>de</strong>tectados tão precocemente quanto na primeiradécada <strong>de</strong> vida ou tão tardiamente quanto na nona décadaem uma retina previamente normal. Embora o HCRseja um hamartoma, usualmente não está presente congenitamente.Comumente, hemangiomas da retina são<strong>de</strong>tectados em pacientes entre 25 e 30 anos, quando elestêm crescido suficientemente para serem diagnosticadosclinicamente no exame <strong>de</strong> rotina (7) . A história naturaldo HCR consiste <strong>de</strong> progressão com o tempo. Entretanto,alguns hemangiomas permanecem estáveis e algunspo<strong>de</strong>m até regredir espontaneamente.O HCR po<strong>de</strong>exsudar, po<strong>de</strong>ndo levar a perda visual pormaculopatia (7) e <strong>de</strong>scolamento <strong>de</strong> retina seroso outracional (8) . Embora rara, neovascularização <strong>de</strong> retinae íris po<strong>de</strong> ocorrer, potencialmente evoluindo paraRev Bras Oftalmol. 2009; 68 (4): 241-4

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!