RELATO DE CASO245Metástase orbital como primeiramanifestação clínica <strong>de</strong> hepatocarcinomaOrbital metastasis as the first clinical manifestationof hepatocellular carcinomaMariluze Sardinha 1 , Epaminondas <strong>de</strong> Souza Men<strong>de</strong>s Junior 2 , <strong>Jul</strong>iana Cabral Duarte Brandão 3 ,Paulo Roberto Fontes Athanázio 4 , Roberto Lorens Marback 5RESUMOMulher <strong>de</strong> 59 anos apresentava proptose e dor em olho esquerdo com trinta dias <strong>de</strong>duração. A tomografia computadorizada (TC) <strong>de</strong> órbitas mostrava massa em órbitaesquerda com <strong>de</strong>struição óssea e invasão intracraniana. A biópsia da lesão revelouhepatocarcinoma. Na investigação sistêmica, a TC <strong>de</strong> abdômen evi<strong>de</strong>nciou presença<strong>de</strong> tumor hepático. Iniciou tratamento quimioterápico, evoluindo com redução significativada massa orbital, porém cerca <strong>de</strong> quatro meses após o fim da quimioterapiavoltou a apresentar aumento da lesão orbital vindo a óbito <strong>de</strong>zenove meses após odiagnóstico.Descritores: Metástase neoplásica/diagnóstico; Metástase neoplásica/patologia; Órbita/patologia;Neoplasias orbitárias/secundário; Carcinoma hepatocelular/diagnóstico;Carcinoma hepatocelular/patologia; Relatos <strong>de</strong> casos1Doutora, Médica Colaboradora do Setor <strong>de</strong> Oculoplástica do Serviço <strong>de</strong> <strong>Oftalmologia</strong> do Hospital Universitário Professor Edgar Santosda Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia – UFBA – Salvador (BA), Brasil;2Estagiário em Oculoplástica no Serviço <strong>de</strong> <strong>Oftalmologia</strong> do Hospital Universitário Professor Edgar Santos da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral daBahia – UFBA – Salvador (BA), Brasil;3Resi<strong>de</strong>nte do 3º ano do Serviço <strong>de</strong> Anatomia Patológica do Hospital Universitário Professor Edgar Santos da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral daBahia – UFBA – Salvador (BA), Brasil;4Professor Adjunto <strong>de</strong> Anatomia Patológica da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia – UFBA – Salvador(BA), Brasil;5Professor Titular <strong>de</strong> <strong>Oftalmologia</strong> da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Bahia da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia – UFBA – Salvador (BA), Brasil.* Trabalho realizado no Serviço <strong>de</strong> <strong>Oftalmologia</strong> do Hospital Universitário Professor Edgar Santos da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia –UFBA – Salvador (BA), Brasil* Apresentado como Pôster na XX Jornada <strong>de</strong> <strong>Oftalmologia</strong> Centro <strong>de</strong> Estudos Professor Heitor Marback – Salvador (BA) em 22 e 23<strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2008* Prêmio <strong>de</strong> Melhor Pôster no Simpósio Nacional <strong>de</strong> Plástica Ocular, Vias Lacrimais e Órbita da SBCPO (<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong>Cirurgia Plástica Ocular) – São Paulo (SP) em 11 e 12 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2008Recebido para publicação em: 11/6/2009 - Aceito para publicação em 7/8/2009Rev Bras Oftalmol. 2009; 68 (4): 245-9
246Sardinha M, Men<strong>de</strong>s Junior ES, Brandão JCD, Athanázio PRF, Marback RLINTRODUÇÃOAórbita é local pouco frequente <strong>de</strong> metástasetumoral (1) . A ocorrência <strong>de</strong> doença metastáticana órbita varia <strong>de</strong> um a treze por cento entretodos os tumores orbitários (2) .Os sítios primários mais comuns <strong>de</strong> metástasesorbitais são: mama (em mulheres), pulmão e próstata(em homens) (3-4) . O carcinoma hepático tem como locaismais comuns <strong>de</strong> metástase os pulmões, nódulos linfáticos,glândulas adrenais e ossos (5) . Metástase orbital <strong>de</strong>carcinoma hepático primário é rara, sendo poucos oscasos <strong>de</strong>scritos na literatura (4-23) .Relatamos caso clínico no qual a metástase orbitalfoi a primeira manifestação clínica <strong>de</strong> carcinoma primário<strong>de</strong> fígado.Relato <strong>de</strong> casoMulher <strong>de</strong> 59 anos foi encaminhada para o serviço<strong>de</strong> plástica ocular do serviço <strong>de</strong> <strong>Oftalmologia</strong> doHospital Universitário Professor Edgar Santos com história<strong>de</strong> dor em olho esquerdo (OE) há 1 mês. Uma semanaantes <strong>de</strong> procurar atendimento neste serviço observou<strong>de</strong>slocamento do OE para fora e para baixo (Figura1A).Como antece<strong>de</strong>ntes médicos apresentava hipertensãoarterial sistêmica e diabetes mellitus, sob controlemedicamentoso. Foi submetida a esplenectomia hátrinta e sete anos <strong>de</strong>vido à hipertensão portalesquistossomótica. Realizou biópsia hepática cinco anosapós a esplenectomia que revelou fibrose septal e hepatitereacional inespecífica. Apresentava sorologias negativaspara hepatites B e C.Ao exame, a acuida<strong>de</strong> visual corrigida era <strong>de</strong> 20/25 em olho direito (OD) e 20/100 em OE. Observou-seà esquerda, proptose com distopia para baixo e limitaçãoda elevação (Figura 1-A). Pressão intraocular (PIO)em OD = 10 mmHg e OE = 22 mmHg, em uso <strong>de</strong> colíriocombinado <strong>de</strong> tartarato <strong>de</strong> brimonidina 0,1% e maleato<strong>de</strong> timolol 0,5%. Ao exame <strong>de</strong> fundo <strong>de</strong> olho apresentavaexsudatos duros em ambos os olhos e no OE tambémfoi observado e<strong>de</strong>ma <strong>de</strong> papila com hemorragiaperipapilar.Tomografia computadorizada (TC) <strong>de</strong> órbitasmostrava lesão expansiva retrobulbar em órbita esquerdacom erosão óssea e extensão intracraniana (Figura1-B e 1-C). A biópsia da lesão evi<strong>de</strong>nciou neoplasiamaligna constituída por células gran<strong>de</strong>s, atípicas, comnúcleos volumosos, nucléolos evi<strong>de</strong>ntes e arranjotrabecular organói<strong>de</strong> (Figura 2-A). A imuno-Quadro 1Sumário <strong>de</strong> 21 casos relatados <strong>de</strong> hepatocarcinoma metastático para órbitaAutor Ida<strong>de</strong> (anos) Sexo Sinais e sintomasLubin et al. (1980) (6) 69 M Proptose, dorZubler et al. (1981) (7) 64 M Proptose, BAV, oftalmoplegiaWakisaka et al. (1990) (8) 58 M Proptose, diplopia, ptosePhanthumchinda et al. (1992) (9) 29 F Dor, oftalmoplegiaHosokawa et al. (1994) (14) 70 M BAV, cefaléiaKami et al. (1994) (13) 60 M Proptose, cefaléiaLoo et al. (1994) (12) 71 M Dor, BAVSchwab et al. (1994) (11) 19 M Proptose, ceratite <strong>de</strong> exposiçãoTranfa et al. (1994) (10) 85 M Proptose, dor, BAVFont et al. (1998) (4) 79 F Proptose, dor e BAVScolyer et al. (1999) (15) 78 Massa periorbitalKim et al. (2000) (17) 56 F Estrabismo, dorBarbat et al. (2000) (16) 57 M Diplopia, BAVLabetoulle et al. (2001) (18) 84 M ProptoseGupta et al. (2005) (19) 45 M Proptose, RMO, massa periorbitalMachado-Neto et al. (2006) (20) 57 M Proptose, massa periorbitalSrinivasan et al. (2007) (21) 76 F Proptose, BAV, dorHirunwiwtkul et al. (2008) (5) 74 F Dor, proptose, cefaléia, BAV, ptosePitts et al. (2008) (22) 6147 FM Proptose, BAV e dorFonseca Junior et al. (2008) (23) 57 M Proptose, BAV, dorBAV – baixa <strong>de</strong> acuida<strong>de</strong> visual; PIO – pressão intraocular; RMO – restrição <strong>de</strong> movimentação ocular; M – masculino; F – femininoRev Bras Oftalmol. 2009; 68 (4): 245-9
- Page 3 and 4:
192Revista Brasileira de Oftalmolog
- Page 5 and 6: 194212 Biometria ultrassônica no c
- Page 7 and 8: 196Novidades na cirurgia de catarat
- Page 11 and 12: 200Leonor ACI, Dalfré JT, Moreira
- Page 13 and 14: 202Santhiago MR, Monica LAM, Kara-J
- Page 15 and 16: 204Santhiago MR, Monica LAM, Kara-J
- Page 17 and 18: 206ARTIGO ORIGINALPrevalência de i
- Page 19 and 20: 208Machado MO, Fraga DS, Floriano J
- Page 21 and 22: 210Machado MO, Fraga DS, Floriano J
- Page 23 and 24: 212ARTIGO ORIGINALBiometria ultrass
- Page 25 and 26: 214Martins FCR, Miyaji ME, Lima VL,
- Page 27 and 28: 216ARTIGO ORIGINALComparison betwee
- Page 29 and 30: 218Nakano CT, Hida WT, Kara-Jose Ju
- Page 31 and 32: 220Nakano CT, Hida WT, Kara-Jose Ju
- Page 33 and 34: 222Nakano CT, Hida WT, Kara-Jose Ju
- Page 35 and 36: 224Passos AF, Kiefer K, Amador RCIN
- Page 37 and 38: 226Passos AF, Kiefer K, Amador RCAF
- Page 39 and 40: 228Passos AF, Kiefer K, Amador RCde
- Page 41 and 42: 230Passos AF, Kiefer K, Amador RC32
- Page 43 and 44: 232Damasceno EF, Damasceno NAP, Cos
- Page 45 and 46: 234Damasceno EF, Damasceno NAP, Cos
- Page 47 and 48: 236Damasceno EF, Damasceno NAP, Cos
- Page 49 and 50: 238Marback EF, Pereira FF, Galvão
- Page 51 and 52: 240Marback EF, Pereira FF, Galvão
- Page 53 and 54: 242Aragão REM, Barreira IMA, Bezer
- Page 55: 244Aragão REM, Barreira IMA, Bezer
- Page 59 and 60: 248Sardinha M, Mendes Junior ES, Br
- Page 61 and 62: 250Instruções aos autoresA Revist
- Page 63: 252RevistaBrasileira deOftalmologia