Arte e Cultura - Instituto Votorantim
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O MuseoVivo promove conexões virtuais,<br />
geográficas e de idéias para que os jovens<br />
chilenos conheçam melhor sua cultura ancestral<br />
O que um homem que viveu há 3<br />
mil anos pode ter a dizer a um jovem<br />
que mora numa cidade moderna? O<br />
que um habitante das míticas e remotas<br />
ilhas de Chiloé, no sul do Chile,<br />
tem a dar para um jovem que vive<br />
na capital, Santiago? Para responder<br />
a essas e outras indagações, a Fundação<br />
MuseoVivo propõe o diálogo<br />
social e cultural entre diversas gerações,<br />
etnias, comunidades e culturas<br />
do Chile. Essa fusão de elementos<br />
culturais diversos já começa nos próprios<br />
meios utilizados pela organização<br />
para propagar seu trabalho: outros<br />
museus e espaços, da internet a<br />
praças públicas e bibliotecas ao redor<br />
de fogueiras indígenas.<br />
A fundação desenvolve uma série<br />
de atividades dinâmicas por meio de<br />
conexões virtuais, geográficas e de<br />
idéias, diz sua fundadora e diretora,<br />
a psicóloga Margarita Ovalle. Inicialmente,<br />
ela pensava em fazer “um<br />
museu com conteúdos virtuais vivos”,<br />
mas logo se deu conta de que não<br />
havia necessidade de mais um museu.<br />
“Os museus já existiam, mas faltava<br />
ocupá-los com vida”, diz. Prescindindo<br />
então de um espaço físico<br />
fixo, ela decidiu reunir um acervo “daquilo<br />
que é importante para uma sociedade”<br />
e levar “esses tesouros ao<br />
conhecimento público de diversas formas”.<br />
Pós-graduada em Antropologia, Ovalle parte do princípio<br />
de que o jovem, principalmente, deve ter contato<br />
com culturas múltiplas, em particular com aquelas que<br />
contribuíram para a formação da identidade de seu país<br />
ou região. Na época da globalização, é preciso ter consciência<br />
da riqueza cultural local para avançar, rumo ao<br />
futuro, munido de identidade, dignidade e auto-estima:<br />
“O conhecimento e a convivência com diversos<br />
modos de vida resultam na tolerância e no enriquecimento<br />
cultural”, observa.<br />
Espaços de interação<br />
A fundação promove exposições e conferências em<br />
“museus aliados” e mantém atividades em escolas e universidades,<br />
estações de metrô, praças e ruas. Os “projetos<br />
artísticos e lúdicos”, por exemplo, buscam atrair jovens<br />
para a diversidade cultural com a criação de jogos<br />
em espaços públicos. É o caso da instalação, em parques,<br />
de “quebra-cabeças gigantes” – estruturas de 1,80<br />
m de altura formadas por quatro cubos de madeira sobrepostos,<br />
que lembram totens, mas que são móveis.<br />
As faces dos cubos são pintadas com figuras mitológicas<br />
e históricas do Chile. A idéia é que, ao manipulá-los,<br />
a população, sobretudo crianças e jovens, tenha uma<br />
experiência lúdica com a sua própria história e mitos.<br />
Outro projeto é o das “fogontecas”, iniciadas em<br />
2003 nas ilhas de Chiloé. “Fogon” é uma construção<br />
tradicional indígena: casa pequena, de madeira e, às<br />
vezes, teto de palha, onde as pessoas se reúnem para<br />
contar histórias ao redor de uma fogueira. A MuseoVivo<br />
criou as “fogontecas” – mistura de “fogon” com biblioteca.<br />
Nesses espaços – que já são cinco, alguns dos<br />
PARA SABER MAIS SOBRE<br />
quais substituem fogueiras por<br />
aquecedores –, as pessoas podem<br />
retirar livros, e jovens e velhos fazem<br />
rodas de conversas. A idéia é resgatar<br />
a bagagem ancestral chilena, não<br />
no sentido de tentar inutilmente deter<br />
o tempo, mas de perceber a “riqueza<br />
que existe numa cultura que<br />
corre o risco de extinção e, assim,<br />
chegar ao futuro com referências<br />
multiculturais”, diz Ovalle.<br />
Segundo a psicóloga, os resultados<br />
têm sido animadores. Os jovens se interessam<br />
pelo que os mais velhos têm<br />
a dizer e descobrem uma grande riqueza<br />
cultural no meio de comunidades<br />
pobres. As gerações passaram a<br />
se encontrar também em outros<br />
eventos, como as festas populares.<br />
Na comunidade de Coldita, em Chiloé,<br />
os moradores editam um boletim, que<br />
é encartado na “Revista MuseoVivo”,<br />
publicada com apoio do Departamento<br />
do Livro e <strong>Cultura</strong>. “A postura dos<br />
jovens que trabalham na publicação<br />
mudou”, conta. “Eles se tornaram<br />
mais seguros e confiantes.”<br />
Para Ovalle, o encorajamento do diálogo<br />
entre culturas é útil e desejável<br />
para toda a América Latina e seria fácil<br />
repetir a experiência chilena em outros<br />
países, “porque estamos trabalhando<br />
com a essência do humano”.<br />
FUNDAÇÃO MUSEOVIVO<br />
REGIÃO DE ATUAÇÃO CHILE, ESPECIALMENTE EM CHILOÉ E SANTIAGO<br />
PROPOSTA Enriquecer a identidade cultural por meio da interação de etnias, visões de mundo e modos de vida<br />
diferentes, num ambiente de respeito; criar diálogo entre diferentes gerações e culturas<br />
JOVENS ATENDIDOS 1.800 por ano, nas comunidades, e outros milhares pela internet<br />
APOIO JOSEPH CAMPBELL FOUNDATION, AVINA, DEPARTAMENTO DO LIVRO E CULTURA, EMPRESAS CHILENAS<br />
CONTATO Tels.: 56 02/2286427 e 56 09/2272647 – www.museovivo.cl – info@museovivo.cl;<br />
movallev@hotmail.com<br />
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