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Arte e Cultura - Instituto Votorantim

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A CRIATIVIDADE SE RELACIONA COM A<br />

QUANTIDADE DE INFORMAÇÕES<br />

DISPONÍVEIS. O PROCESSO NATURAL<br />

DO CÉREBRO DE DESCARTAR<br />

CONTEÚDOS É MAIS INTENSO NO ADULTO<br />

DO QUE NO JOVEM, QUE TAMBÉM POR<br />

ISSO PARECE LIDAR MELHOR COM<br />

NOVIDADES E MUDANÇAS<br />

tar nosso tempo em tudo que nossos olhos vêem e<br />

nossos ouvidos escutam”, diz Carson. E mais: estudos<br />

sugerem que a inibição latente aumenta com a<br />

idade. O que indicaria que a mente mais jovem está<br />

mais propensa a manter uma maior quantidade de<br />

informação disponível no nível consciente. Isso talvez<br />

explique por que os jovens parecem ser mais dispostos<br />

a absorver novidades e lidar com mudanças.<br />

Outro esforço dos cientistas tem sido dissecar a<br />

anatomia do pensamento criativo. Nessa direção, foi<br />

importante a descoberta do americano Roger Sperry,<br />

que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1981.<br />

Ele descobriu que os hemisférios do cérebro dividem<br />

tarefas entre si. Os aspectos da comunicação ficam<br />

por conta do lado esquerdo enquanto o lado oposto é<br />

responsável pelo material não-verbal, além de noções<br />

de espaço e posição do próprio corpo. Com base nessa<br />

teoria, conhecida entre fisiologistas como “split<br />

brain” (ou “divisão cerebral”), outros estudos seguiram<br />

além. Descobriu-se que o hemisfério esquerdo<br />

trabalha de maneira lógica, analítica, racional e se volta<br />

para os detalhes. Já o lado direito é mais intuitivo e<br />

concatena as idéias – ali se processam as articulações<br />

de pensamentos. O hemisfério esquerdo processa<br />

as cores de um quadro, as letras impressas num<br />

livro, os sons que chegam aos ouvidos. Mas é o lado<br />

direito que confere sentido a tudo aquilo – é a residência<br />

da curiosidade, do prazer de experimentar, da<br />

coragem de correr riscos, da flexibilidade intelectual,<br />

do pensamento metafórico e do senso artístico.<br />

Cenário propício<br />

Em termos biológicos, todos nós nascemos prontos<br />

para produzir grandes idéias. No entanto, nossa traje-<br />

tória criativa é influenciada por uma<br />

porção de outros fatores. As palavraschave<br />

são: motivação – que depende<br />

dos interesses individuais; habilidade<br />

– que pode ser adquirida com treino; e<br />

ambiente estimulante. No último item<br />

entramos no território dos educadores.<br />

É importante que o adolescente e o<br />

jovem encontrem espaços favoráveis<br />

para exercitar sua capacidade de criar.<br />

“O papel dos pais e professores é promover<br />

a independência e a autoconfiança,<br />

respeitando a forma de pensar<br />

da criança ou jovem”, diz a psicóloga<br />

Eunice Soriano de Alencar, da Universidade<br />

Católica de Brasília, autora<br />

do livro “Criatividades Múltiplas”.<br />

Os trabalhos da psicóloga americana<br />

Ellen Winner, professora do Boston<br />

College, nos Estados Unidos, endossam<br />

o argumento. Ela faz parte do Projeto<br />

Zero – um grupo de pesquisa que busca<br />

compreender o processo de aprendizado,<br />

elaboração e criatividade no<br />

ensino das artes e das ciências. Winner<br />

defende uma forte presença das artes<br />

visuais como fonte de estímulo para o<br />

desenvolvimento do hemisfério criativo<br />

do cérebro. “Se o ensino for levado<br />

a sério, percebemos que nossos alunos<br />

aprendem a enxergar, gerar imagens<br />

mentais, correr riscos e a pensar”,<br />

diz a pesquisadora. Essa estratégia,<br />

além de adubar as idéias, ainda oferece<br />

novas possibilidades de leitura de<br />

mundo – e aí não importa a idade do<br />

indivíduo.<br />

Para a diretora do Museu de <strong>Arte</strong><br />

Contemporânea da Universidade de<br />

São Paulo (MAC-USP), Elza Ajzenberg,<br />

os museus deveriam fazer parte do<br />

nosso cotidiano. E nem sempre é preciso<br />

se preparar para o encontro com<br />

trabalhos de grandes artistas. O im-

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