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Arte e Cultura - Instituto Votorantim

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portante é desarmar o espírito, sabendo<br />

que, quando se trata da expressão humana,<br />

sempre há várias interpretações<br />

possíveis. Quanto mais obras lhe forem<br />

familiares, mais repertório o observador<br />

vai adquirir e, assim, melhor será seu relacionamento<br />

com as obras e mais sensibilizado<br />

ele ficará em relação à manifestação<br />

artística. E isso vale para todas<br />

elas: a música, o teatro, o cinema, a literatura<br />

etc.<br />

Para facilitar a construção desse caminho,<br />

a equipe do MAC-USP está implantando<br />

um projeto de arte-educação que<br />

pretende ajudar a contextualizar as<br />

obras, os Roteiros de Visitas. Essa preocupação<br />

didática das instituições de arte,<br />

aliás, vem crescendo no Brasil, e já há várias<br />

iniciativas relevantes, principalmente<br />

nas grandes cidades. É importante percorrer<br />

esse tipo de trilha facilitadora, pois<br />

o conhecimento da arte se assemelha à<br />

nossa apropriação de linguagem. Quanto<br />

mais vocabulário nós tivermos, mais<br />

ricos ficam a compreensão e os textos<br />

que produzimos. Freqüentador de museus,<br />

o publicitário brasiliense Eduardo<br />

Vieira, de 23 anos, é conhecido por levar<br />

cada idéia às últimas possibilidades. “Leio<br />

até bula de remédio, estou sempre atrás<br />

de mais informação”, diz. Ele mesmo não<br />

se acha especialmente inventivo – a opinião<br />

é dos colegas de trabalho.<br />

<strong>Arte</strong> de viver<br />

Adquirir repertório e se abrir ao novo não<br />

é útil apenas para nosso enriquecimento<br />

cultural. Também valem para viver melhor.<br />

“Precisamos ter capacidade de nos adaptar<br />

à realidade”, diz o psicoterapeuta<br />

Rubens de Aguiar Maciel, pesquisador da<br />

Faculdade de Saúde Pública da Universidade<br />

de São Paulo. Uma pessoa mais flexível<br />

tende a adquirir novos padrões de<br />

comportamentos, a encontrar novas saídas para os velhos<br />

problemas. Mais uma vez, o papel dos adultos que<br />

convivem com o adolescente e o jovem é essencial. Essa<br />

é uma fase em que rapazes e moças estão se opondo<br />

aos modelos que conhecem e buscando novas formas<br />

de viver e entender o mundo. “É importante que os adultos<br />

consigam ser o saco de pancadas e o porto seguro<br />

ao mesmo tempo”, diz Maciel. Compreensão e disposição<br />

para o diálogo são essenciais.<br />

O músico paulistano Sidney Lissoni vive isso na pele<br />

todos os dias. Ele é professor de Educação Artística e<br />

Música na rede estadual de ensino. “Tenho de me colocar<br />

no lugar dos alunos para conseguir me comunicar”,<br />

diz. Foi assim, buscando facilitar a comunicação com<br />

seus alunos, que o educador se propôs uma tarefa complicada:<br />

ensinar um jeito simples de ler partituras. Detalhe:<br />

para crianças cegas. Abusando da sua criatividade,<br />

ele criou o que registrou como Escrita Musical Lissoni,<br />

método utilizado também com seus alunos sem necessidades<br />

especiais. “Tudo que serve para o portador<br />

de deficiência visual, também serve para o vidente”, diz.<br />

Além de músico, Lissoni foi radialista, estuda neurolingüística<br />

e é técnico de precisão. Como explicar tanta<br />

curiosidade? “Sempre fui muito estimulado pelos meus<br />

pais”, conta.<br />

Para Eunice Alencar, “a criatividade é uma habilidade<br />

de sobrevivência para este milênio”. Por isso, vale<br />

mesmo a pena investir nela, cultivando valores como<br />

flexibilidade, persistência, autoconfiança e abertura a<br />

novas experiências. “É um recurso precioso que precisa<br />

ser mais bem aproveitado, especialmente nesse<br />

momento da história humana, marcado por instabilidades,<br />

incertezas e fortes pressões competitivas.”<br />

Época, enfim, de grandes mudanças.<br />

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