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Arte e Cultura - Instituto Votorantim

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por_ Tião Rocha<br />

90º<br />

TODOS TÊM<br />

CULTURA E<br />

TRATA-SE DE UM<br />

BEM UNIVERSAL<br />

PORQUE É A<br />

REDE DE<br />

RELAÇÕES<br />

QUE DEFINE O<br />

DESENHO<br />

DE UMA<br />

COMUNIDADE<br />

Nesta página, trançado de palha de<br />

carnaúba, de Parnaíba, no Piauí; na<br />

página oposta, uma aplicação<br />

“Relógio”, renda feita em São<br />

Sebastião, em Alagoas: a produção<br />

de bens pode ser um indicador<br />

cultural de uma comunidade<br />

ARTE&CULTURA E SOCIEDADE<br />

AS TRAMAS<br />

DA IDENTIDADE<br />

Todo e qualquer ser humano tem cultura. Esta é uma<br />

das poucas “verdades” da Antropologia. Apesar disso,<br />

muita gente ainda pensa que alguns seres humanos<br />

não têm cultura. Uma minoria crê, firmemente, que sua<br />

cultura é superior à dos outros. Outros, por se julgarem<br />

superiores, resolveram eliminar e subjugar os diferentes,<br />

tratando-os como inferiores. E uma grande maioria<br />

acostumou-se a pensar que não tem cultura alguma,<br />

ficando à mercê das elites ditas “cultas”.<br />

Outro equívoco que rodeia a cultura é quanto ao uso<br />

que se faz do conceito. As definições variam do extremamente<br />

amplo (“cultura é tudo aquilo que o homem<br />

acrescenta à natureza” ou “cultura é toda maneira de<br />

pensar, agir e sentir dos homens”) ao extremamente<br />

específico (“cultura é erudição”). Com o uso<br />

indiscriminado ou interesseiro, a palavra cultura tornouse<br />

expressão esvaziada. Foi o que nos levou a construir<br />

um novo conceito, que fosse ao mesmo tempo<br />

operacional, palpável, mensurável, observável, ético e<br />

correto.<br />

Para isso, buscamos outra contribuição da Antropologia:<br />

em toda e qualquer comunidade humana existem e<br />

interagem diversos componentes substantivos (que nós<br />

denominamos “indicadores sociais”) que podem ser identificados,<br />

medidos e observados e que, quando interagem<br />

entre si, constroem desenhos, padrões,<br />

símbolos e valores do grupo humano<br />

que aí vive e que podemos conceituar<br />

de <strong>Cultura</strong>.<br />

Encontramos os indicadores sociais<br />

em qualquer comunidade – rica<br />

ou pobre, urbana ou rural. No entanto,<br />

eles só se tornam um indicador<br />

cultural quando, em contato com outros<br />

indicadores, produzem um novo<br />

desenho, uma teia de relações dinâmicas,<br />

novas tramas e padrões de<br />

convivência, gerando novos valores<br />

ou sendo influenciados pelos valores<br />

universais presentes na comunidade.<br />

A cultura, este desenho, trama ou<br />

padrão dinâmico e interrelacional, é<br />

algo humano e social, público e visível,<br />

mas às vezes microscópico. Podemos,<br />

dentro de uma macrotrama, perceber<br />

microdesenhos simbólicos e repletos<br />

de significantes, como nas festas populares<br />

e de rua ou nos “rituais da ordem”<br />

que simbolizam e mantêm o sistema<br />

político. E é nesse mar de tra-

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