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Arte e Cultura - Instituto Votorantim

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Jovens descobrem no envolvimento com as<br />

manifestações artísticas e culturais uma forma de<br />

ampliar horizontes e transformar a realidade<br />

CULTURA<br />

Guilherme é bailarino em Londrina<br />

(PR). Délio e Márcio lutam para resgatar<br />

e preservar a cultura dos índios<br />

do Amazonas e dos caboclos do Mato<br />

Grosso do Sul. Márcia participa de um<br />

grupo folclórico em Canoas (RS).<br />

Nadia faz poemas em Salvador (BA)<br />

e Tatiana grafita os muros abandonados<br />

de São Paulo (SP). Tiago é ator<br />

no Rio de Janeiro e Kelly, agente cultural<br />

em Belo Horizonte (MG). William<br />

faz parte de uma banda que cultiva<br />

ritmos brasileiros, em São Paulo. Representantes<br />

de realidades diversas,<br />

esses jovens se envolveram com a<br />

arte e as manifestações culturais por<br />

diferentes motivos, mas experimentam,<br />

todos, os efeitos transformadores<br />

das opções que fizeram e encaram<br />

com otimismo as dificuldades de<br />

exercê-las. Passaram de consumidores<br />

a produtores de bens culturais,<br />

num movimento muito característico<br />

da juventude, época de revelação<br />

de tendências e interesses pessoais,<br />

e também de descobertas do mundo<br />

e dos valores dos grupos, a rede<br />

fundamental pela qual ecoam seus<br />

gostos, gestos, atitudes.<br />

A pesquisa Perfil da Juventude Brasileira,<br />

realizada no fim de 2003 pelo<br />

Projeto Juventude, com 3.500 entrevistados<br />

em 198 municípios, detecta<br />

esse envolvimento dos jovens com a<br />

cultura. Entre os assuntos que mais<br />

interessam a esse público, a cultura e o lazer vêm em<br />

terceiro lugar, com 27% das indicações, atrás apenas da<br />

educação e o emprego. Dos assuntos que gostam de<br />

discutir, 46% dos entrevistados indicaram as drogas; 45%,<br />

a sexualidade; 43%, os esportes; e 34%, as artes. O levantamento<br />

mostra ainda que 15% participam de grupos<br />

de jovens. Entre as atividades desenvolvidas neles,<br />

as mais importantes são as religiosas e as musicais.<br />

A relação entre grupos e cultura é direta. O professor<br />

Paulo César Rodrigues Carrano, do Observatório da Juventude<br />

da Universidade Federal Fluminense, explica<br />

que os grupos permitem aos jovens realizar um exercício<br />

de mão dupla entre a cultura que herdaram e a que<br />

constroem. “Hoje, os jovens têm mais autonomia para<br />

construir seu acervo cultural”, diz. Para ele, é importante<br />

que as diferentes manifestações culturais sejam<br />

valorizadas. “É preciso evitar o dualismo entre bom e<br />

mau para que se possa entender essas manifestações.”<br />

Transformação cidadã<br />

“A cultura abre os horizontes das pessoas, faz com<br />

que elas conheçam outros mundos, aprendam a se expressar<br />

e a reivindicar seus direitos”, diz Nadia Barbosa<br />

Accioly, 19 anos, estudante do ensino médio, que faz<br />

parte do grupo de poesia do Cria, Centro de Referência<br />

Integral do Adolescente, de Salvador. Seu objetivo já está<br />

definido: ser atriz e professora de teatro. Antes de chegar<br />

ao Cria, ela participou de um grupo de teatro de rua<br />

no Liceu de <strong>Arte</strong>s e Ofícios. Com uma irmã e outros<br />

jovens do bairro de Nova Brasília, onde mora, Nadia está<br />

estruturando também um trabalho social na escola estadual,<br />

com foco na saúde. É uma forma de repassar<br />

os conhecimentos obtidos.<br />

“A necessidade de passar a experiência adquirida<br />

adiante é um traço muito forte entre os jovens ligados<br />

TATIANA GARRIDO,<br />

24 ANOS<br />

é artista visual e grafiteira<br />

a movimentos culturais”, observa a<br />

psicanalista e atriz Maria Eugênia<br />

Milet, coordenadora do Projeto Cria.<br />

Segundo ela, os integrantes das camadas<br />

mais pobres, até por terem<br />

pouco acesso aos bens culturais tradicionais,<br />

criam sua própria cultura:<br />

“Quando têm oportunidade de passar<br />

por um processo de aprendizado,<br />

eles deixam de ser pessoas levadas<br />

pela maré e tornam-se cidadãos,<br />

agentes de transformação de suas<br />

comunidades”. Paulo Carrano concorda.<br />

“A cultura da escassez gera<br />

criatividade até para superar a própria<br />

escassez, como acontece com o<br />

rap e o hip hop, que podem ser entendidos<br />

como uma forma de participação<br />

política.”<br />

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