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Prosa - Academia Brasileira de Letras

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Marcia Sá Cavalcante SchubackConstrução, on<strong>de</strong> a diferença relativamente à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> torna-se inteiramentesem sentido, nada mais sendo do que ambiguida<strong>de</strong>, é possível o surgimento<strong>de</strong> um outro sentido <strong>de</strong> diferença que é a diferença entre i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e diferença.A constelação entre ser e homem, usando os termos <strong>de</strong> Hei<strong>de</strong>gger, é umarelação ambígua, é hoje o não-relacionamento entre ser e homem na construçãoambígua da técnica planetária. Todavia, em jogo está a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>se conquistar uma outra constelação <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa construção ambígua – wirsind schon da; já somos no ser, já somos na construção. Um pensamento do serenquanto evento apropriação po<strong>de</strong> apenas surgir <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do esquecimentototal <strong>de</strong> ser se esse pensamento acontecer como uma diferenciação e não comosimples diferença. Como sua diferenciação, ele consiste no habitar na clarida<strong>de</strong>do entre, <strong>de</strong>ixando para trás a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> diferença enquanto lógica e dialéticados opostos, oposições, contrastes, contradições.Mas as “ferramentas”, como diz Hei<strong>de</strong>gger, para esse outro pensar <strong>de</strong>vemser propiciadas pela linguagem. Deve ser uma construção na construção ambíguada realida<strong>de</strong> que é igualmente uma construção da linguagem. É nessesentido que o encontro entre filosofia e literatura não somente é inevitável esalutar, mas o mais urgente. A questão não é, portanto, nem evitar a filosofia(entendida como hermenêutica e interpretação) nem <strong>de</strong> acolher a literatura nafilosofia como uma questão <strong>de</strong> estilo, <strong>de</strong> objeto ou temática <strong>de</strong> investigação. Aquestão é mais grave. É <strong>de</strong> como habitar e, assim, construir e, assim, <strong>de</strong> comopensar entre Filosofia e Literatura. No meu enten<strong>de</strong>r, essa questão po<strong>de</strong> encontraracenos inspiradores em certos aspectos, se seguirmos esse encontro entreFilosofia e Literatura, no encontro entre Hei<strong>de</strong>gger e Kafka. Nesse encontro,algumas distinções <strong>de</strong> princípio <strong>de</strong>vem ser colocadas.Filosofia e literatura não se encontram ou se separam porque Literatura éficção e Filosofia abstração. 17 Nesse entendimento comum, Literatura e Filosofiapo<strong>de</strong>riam encontrar-se porque ambas são distanciamentos da realida<strong>de</strong>:a primeira por meio da ilusão e a segunda por meio da abstração. Do ponto17Cf. A discussão <strong>de</strong> W. Biemel sobre a relação entre ficção e abstração, no texto já citado, publicadoem 2003 em Bucareste.256

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