11.07.2015 Views

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Alberto Venancio Filhoséculos. Retrata todas as mazelas do Portugal <strong>de</strong> então. Por não poupar as esferasoficiais e os abusos dos po<strong>de</strong>rosos, a começar pelos reis, esse <strong>de</strong>poimentocruel sobre a vida social da época da Restauração só po<strong>de</strong>ria ser divulgado sobrigoroso anonimato para assegurar a garantia do autor.A primeira impugnação à autoria <strong>de</strong> Vieira partiu do padre Francisco JoséFreire logo em 1744, em sua “Dissertação Apologética em que <strong>de</strong>monstraque o Padre Antônio Vieira não era o autor do livro”. Posteriormente, FranciscoJosé Freire iria indicar outro autor para a obra: João Pinto Ribeiro, umdos heróis da Restauração. Surgem então outras autorias: Tomé Pinheiro daVeiga, Duarte Ribeiro <strong>de</strong> Macedo, Antônio da Silva e Sousa, padre Manuelda Costa, D. Francisco Manuel <strong>de</strong> Melo.A autoria <strong>de</strong> Tomé Pinheiro da Veiga é criação do padre João Batista <strong>de</strong>Castro. Em 1652, Tomé Pinheiro da Veiga já tinha 81 anos e esta ida<strong>de</strong> erajá menos própria para a sátira fina e espirituosa da Arte <strong>de</strong> furtar, ida<strong>de</strong> bemdiferente da <strong>de</strong> 34 anos, quando escreveu a Fastigimia.Duarte Ribeiro <strong>de</strong> Macedo foi juiz <strong>de</strong> 1. a instância no interior <strong>de</strong> Portugale teve o nome sugerido para a autoria da Arte pelo padre Inácio José <strong>de</strong> Macedo,no seu Velho liberal do Douro.Antônio da Silva e Sousa foi lembrado por Ataí<strong>de</strong> e Melo, em seu estudobibliográfico sobre a Arte <strong>de</strong> furtar publicado nos Anais das bibliotecas e arquivos,vol. IX, on<strong>de</strong> julgou ter dado solução <strong>de</strong>finitiva ao antigo, importante e<strong>de</strong>batido problema:“A autoria <strong>de</strong> Francisco Manuel <strong>de</strong> Melo foi trazida pelo Prof. JoaquimFerreira, do Porto, sendo alegado, com razão, que o temperamento <strong>de</strong> D.Francisco Manuel <strong>de</strong> Melo, refletido em suas obras, não se ajustava ao tompolêmico, sarcástico e por vezes até injurioso da Arte <strong>de</strong> furtar.”Entre as numerosas edições da Arte <strong>de</strong> furtar, cabe mencionar, como curiosida<strong>de</strong>,a 6. a edição publicada em Londres em 1830, maliciosamente <strong>de</strong>dicada a F.B. Targini,Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Lourenço, com o acréscimo, sob o retrato do homenageadoda legenda irônica “Qual pirata uníloquo dos trabalhos alheios feito rico”.208

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!