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Prosa - Academia Brasileira de Letras

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Alberto Venancio Filhopoeirento que eram então as vogais coloridas <strong>de</strong> Rimbaud”. Afonso Penase auto<strong>de</strong>nominou um “suportável rimador bissexto”, mas produção <strong>de</strong>staépoca era valiosa:Se a matéria inerte uma alma existe,Se tudo o que nos cerca pensa e senteE po<strong>de</strong> pedra dura como a gente,Sofrer ou rir, estar alegre ou tristeQue há <strong>de</strong> magoar-te o ar<strong>de</strong>nte olhar <strong>de</strong> outroraA perscrutar-te tão gelado agoraComo em poema mudo do passado.A veia poética não o abandonou. Em 1928, estando em Londres, tomouconhecimento da morte <strong>de</strong> seu gran<strong>de</strong> amigo Jackson <strong>de</strong> Figueiredo. Visitarapouco antes a Abadia <strong>de</strong> Westminster, lera as veneráveis inscrições ali reproduzidase redigiu em latim o perfil do amigo, que foi traduzido pelo padreLeonel Franca.Em 1945 reunia-se em sua residência um grupo <strong>de</strong> amigos, quando começavama se apresentar as primeiras <strong>de</strong>cepções da re<strong>de</strong>mocratização, GuilhermeFigueiredo escrevera o poema “Poema da Moça Caída no Mar” e AfonsoPena Júnior fez a réplica:Não foi possível, não foiTirar a moça do marPorque o homem pequeninoQue morava na prisãoE a gente botou na ruaPara entrar no mutirãoCarregou para outra bandaOs caboclos do arrastãoE a moça afogou no mar.206

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