30 R. M. Valdebenito Sanhueza et al.Avaliação do efeito de protetores solaresAs frutas mais suscetíveis ao dano de sol são aquelas que se encontram naperiferia da planta, localizadas em ramos fracos e muito longos, que logo se curvamdevido ao seu próprio peso (YURI et al., 2000a; YURI, 2001). Os frutos que sedesenvolvem na sombra ou com luz indireta são mais suscetíveis à queimadura desol quanto mais tarde são expostos a radiação solar em períodos de altatemperatura, comparados com aqueles que recebem radiação solar durante todoseu crescimento. Estes últimos são capazes de gerar um mecanismo de resistênciaao dano relacionado com proteínas do citoplasma (YURI et al., 2000a e b; YURI,2001; PISKOLCZI et al., 2004). A fruta vai perdendo a capacidade de resistir a altastemperaturas na medida que se aproxima da maturação de colheita, isto pode deversea um problema metabólico próprio da mesma ou da menor possibilidade que temde dissipar calor, dado que a relação superfície/volume da fruta diminuiconsideravelmente a partir de dezembro (YURI, 2001).Este experimento teve como objetivos: a) Avaliar durante a temporada de2007/2008 o efeito das aplicações do produto RAYNOX ® na pré-colheita, de caráterpreventivo, em maçãs das cultivares Fuji e Pink Lady ® na incidência e severidade dodano de sol, na qualidade da fruta e comportamento pós-colheita; b) Verificar de queforma a radiação que chega ao fruto influencia na queima, e em qual momentoocorre o dano de sol e, se for possível integrar ao Sistema de Alerta (SISALERT); c)Avaliar o efeito do tratamento RAYNOX ® sobre duas doenças de verão da maçã:Cryptosporiopsis perennans e Botryosphaeria dothidea.Avaliação do efeito da temperatura e período de molhamento foliar naseveridade da Mancha Foliar da Gala (MFG).A Mancha Foliar da Gala é uma doença da macieira tipicamente brasileira.Sob temperatura elevada, acima de 20ºC, o sintoma nas folhas surge 45 h após ainoculação, na forma de manchas difusas de cor marrom. As folhas infectadaspodem ficar inteiramente marrons e cair por desidratação (temperatura elevada), ouamarelecer e cair em seguida (temperatura amena). Nos frutos, as lesões sãodeprimidas, circulares, de 1 a 2 mm de diâmetro, de cor marrom-clara a marromescura.Além disso, o período de incubação é mais longo, de 4 a 5 dias. O sistemade controle da MFG atualmente em uso consiste na aplicação preventiva defungicidas de contato, a partir do final da floração da macieira (outubro) até operíodo pós-colheita da maçã (março). Isto resulta em grande número depulverizações, principalmente de fungicidas do grupo dos ditiocarbamatos.Alguns estudos foram realizados visando o desenvolvimento de um modelode previsão desta doença. O modelo (empírico) descrito por Bleicher et al. (1995)relaciona a epidemia da MFG à ocorrência de temperatura ≥ 18ºC e período demolhamento foliar (PMF) ≥ 14 horas ou 10 h ou mais de UR ≥ 90% quando, entãoseria considerado um dia favorável (DF). E o controle seria recomendado quandoocorrerem 4 ou mais DF nos últimos 10 dias. Katsurayama et al. (2000), com osdados meteorológicos coletados nas principais regiões pomícolas de Santa Catarina,desenvolveram um modelo (empírico) de previsão e controle da MG baseado na
Caracterização e controle das doenças de verão 31ocorrência de 3 ou mais dias consecutivos de chuva, temperatura ≥15ºC e PMF ≥10h. Becker et al. (2004), após 4 anos de ensaios de campo, concluíram que o modelodesenvolvido por Katsurayama et al. (2000) é mais eficiente que o sistemaconvencional de tratamento fitossanitário, pois permite uma redução significativa nonúmero de pulverizações, sem prejuízo do nível de controle da doença ou daqualidade da maçã. Mais recentemente, Becker (2007) comparando vários modelosde previsão concluiu que o modelo de Fitzell (FITZELL et al., 1984) é mais eficienteque o modelo acima na redução da doença nas folhas e frutos. Entretanto, o modelode Fitzell aumentou em 50% o número de pulverizações.Mais tarde, Katsurayama e Boneti (2006) ajustaram o modelo empírico acimapara contemplar as temperaturas