RICARDO CRAVO ALBINLogo na loura fico a pensarLouras, morenasEu quero apenas a todas glorificarSou bem constanteNo amor sou lealLouras, morenas, sois o i<strong>de</strong>alHaja o que houverEu amo em todas, somente a mulher.O foxtrot, musica<strong>do</strong> pelo Harol<strong>do</strong> Tapajós, seria grava<strong>do</strong>, em 1932,por Paulo e Harol<strong>do</strong>, em dupla, inician<strong>do</strong> historicamente as carreiras <strong>do</strong>sirmãos, especialmente Paulo, que jamais <strong>de</strong>ixaria a música popular e o rádio.E, também, <strong>de</strong> <strong>Vinicius</strong> <strong>de</strong> <strong>Moraes</strong>, cujo gosto pela MPB teria curta duração,ao menos em seu início. Porque a partir <strong>de</strong>ssa época, ele começa a priorizara literatura e a Faculda<strong>de</strong> Nacional <strong>de</strong> Direito, on<strong>de</strong> ingressou no ano seguinte,1929. Ali, o poeta trava relacionamento com uma <strong>de</strong> suas maiores influências,o romancista Octávio <strong>de</strong> Faria que, <strong>de</strong>scobrin<strong>do</strong> e incentivan<strong>do</strong> sua vocaçãoliterária, acaba por afastá-lo aos poucos, embora <strong>do</strong>cemente, da seduçãodas vesperais e das noites <strong>de</strong> músicas, músicos e cantores, o que eraconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> ao começo <strong>do</strong>s 30 a “boemia musical”.Octávio leva <strong>Vinicius</strong> a voos que ele consi<strong>de</strong>rava mais altos, o convíviocom os escritores e pintores. Era um outro viés <strong>de</strong> boemia, a “boemiaintelectual”. Por essa época, Manuel Ban<strong>de</strong>ira, Oswald <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> e Mário<strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> ficaram seus amigos. Este último, segun<strong>do</strong> o próprio <strong>Vinicius</strong> metestemunhou, era um <strong>do</strong>s poucos amigos intelectuais que ao vê-lo sempre lhepedia opiniões sobre a música popular carioca, seus cantores e compositores.Em 1933, ano em que terminou os cursos <strong>de</strong> Direito e <strong>do</strong> CPOR (Centro<strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Oficiais da Reserva), dá a lume seu primeiro livro, O caminhopara a distância, pela Schmidt Editora (<strong>do</strong> poeta Augusto Fre<strong>de</strong>rico Schmidt),edição recolhida <strong>de</strong>pois pelo autor. E lança também o fox Dor <strong>de</strong> uma sauda<strong>de</strong>(música <strong>de</strong> J. Medina), além <strong>de</strong> Namora<strong>do</strong> da lua, Canção para alguém,Diga, moreninha e Doce ilusão, todas com música <strong>de</strong> Harol<strong>do</strong> Tapajós,sen<strong>do</strong> duas <strong>de</strong>las gravadas e lançadas pela Victor, mas sem maioresrepercussões. A falta <strong>de</strong> reconhecimento público <strong>de</strong> suas músicas iniciais fezo poeta <strong>de</strong>dicar-se com afinco à literatura, o que lhe permitiu prazeres maissuculentos, como o Prêmio Felipe d’ Oliveira para o livro Forma e Exegese,concorren<strong>do</strong> com Jorge Ama<strong>do</strong>, aliás uma sua admiração. Foi, portanto, a38
VINICIUS, POETA E DIPLOMATA, NA MÚSICA POPULARpartir da literatura, e não da música, que começou a ser fala<strong>do</strong> e reconheci<strong>do</strong>nos círculos intelectuais <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, a partir <strong>do</strong>s anos 30, década, <strong>de</strong> resto,vertiginosa para o seu <strong>de</strong>sabrochar público. Assim é que em 1936, mesmoano em que começa a brilhar com intensida<strong>de</strong> a estrela <strong>de</strong> Orlan<strong>do</strong> Silva, aquem <strong>Vinicius</strong> consi<strong>de</strong>raria o maior cantor <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, ele é <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> para atalvez mais incompreensível <strong>de</strong> suas funções, a <strong>de</strong> censor cinematográfico.Representan<strong>do</strong> o Ministério da Educação e Cultura, terá si<strong>do</strong> o mais amável<strong>do</strong>s censores, liberan<strong>do</strong> praticamente to<strong>do</strong>s os filmes. No que quase semprenão era acompanha<strong>do</strong> pelos <strong>de</strong>mais colegas, rígi<strong>do</strong>s e furibun<strong>do</strong>s, como eramesmo <strong>de</strong> se esperar <strong>do</strong>s guardiões da moral pública <strong>do</strong> regime autoritárioinstituí<strong>do</strong> pela Constituição Polaca <strong>de</strong> 1937. <strong>Vinicius</strong> se <strong>de</strong>svencilha das funções<strong>de</strong> censor, quan<strong>do</strong>, em 1938, ganha uma bolsa <strong>do</strong> Conselho Britânico paraestudar língua e literatura inglesas na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Oxford, <strong>de</strong> on<strong>de</strong>retornaria no ano seguinte, ao eclodir a Segunda Gran<strong>de</strong> Guerra.Chegan<strong>do</strong> ao Rio em 1939, mergulha, como nunca, <strong>de</strong>ntro da alma cariocaque, apesar <strong>do</strong> começo da guerra, resplan<strong>de</strong>cia na música popular. Afinal, oRio vivia as rebarbas da época <strong>de</strong> ouro, que trouxe a opulência <strong>do</strong> rádio e <strong>do</strong>disco elétrico, além <strong>de</strong> centenas <strong>de</strong> canções que varavam o <strong>Brasil</strong> comosetas sonoras, projetadas por um exército cada vez maior <strong>de</strong> compositores eintérpretes. Carmen Miranda era a estrela absoluta <strong>do</strong> rádio, <strong>do</strong> disco e <strong>do</strong>Cassino da Urca. <strong>Vinicius</strong> chegou até a ajudá-la, em 1939, na tradução dasconversas entre ela e seu <strong>de</strong>scobri<strong>do</strong>r para o estrelato internacional, o produtorda Broadway Lee Schubert. Nas incursões por <strong>de</strong>ntro da música popular,aliás, <strong>Vinicius</strong> tinha um passaporte fixo, seu tio Mello <strong>Moraes</strong>, <strong>do</strong>no <strong>de</strong> sóli<strong>do</strong>prestígio junto a to<strong>do</strong> o universo musical carioca, que ia das estações <strong>de</strong>rádio e <strong>do</strong>s cassinos da Zona Sul às biroscas e tendinhas das fraldas <strong>do</strong>smorros cariocas, especialmente o da Mangueira, a lendária Escola <strong>de</strong> Samba<strong>de</strong> Cartola, Zé Com Fome (o Zé da Zilda) e Geral<strong>do</strong> Pereira. <strong>Vinicius</strong>,aparentemente não escreven<strong>do</strong> mais para a canção popular, mergulha <strong>de</strong>corpo e alma na noite carioca. Por essa época faz uma crônica que eratestemunho <strong>do</strong> seu interesse pela MPB e cuja história lhe fora soprada porum jovem colega seu <strong>do</strong> Itamaraty.Intitulada “Samba <strong>de</strong> Breque”, a página narra uma historinha singular: ocolega subia a Lopes Quintas, on<strong>de</strong> os pais <strong>de</strong> <strong>Vinicius</strong> moravam, e ao passarpor uma pequena vila ouve o som <strong>de</strong> um cavaquinho, irrequieto e saltitante.O jovem pára, hipnotiza<strong>do</strong> pela magia <strong>do</strong> instrumento executa<strong>do</strong>, e resolvea<strong>de</strong>ntrar a casa. Depara-se, contu<strong>do</strong>, com uma cena insólita. No meio da39
- Page 1: EMBAIXADOR DO BRASIL
- Page 6 and 7: Tramitação Legislativa, 99a. Mens
- Page 8 and 9: CELSO AMORIMmovimento de “caça
- Page 10 and 11: AFFONSO ARINOS DE MELLO FRANCOHelle
- Page 12 and 13: AFFONSO ARINOS DE MELLO FRANCOrespo
- Page 14 and 15: AFFONSO ARINOS DE MELLO FRANCOEm um
- Page 16 and 17: MIGUEL SANCHES NETOUma visão, port
- Page 18 and 19: MIGUEL SANCHES NETOele encontra um
- Page 20 and 21: MIGUEL SANCHES NETOerótica perturb
- Page 22 and 23: MIGUEL SANCHES NETOcomo força motr
- Page 24 and 25: MIGUEL SANCHES NETOse viram partíc
- Page 26 and 27: MIGUEL SANCHES NETOGentil-homem ins
- Page 28 and 29: MIGUEL SANCHES NETOmanifestava pela
- Page 30 and 31: MIGUEL SANCHES NETOMe diga sinceram
- Page 32 and 33: MIGUEL SANCHES NETONABUCO, Joaquim.
- Page 34 and 35: RICARDO CRAVO ALBINliteratura, de p
- Page 36 and 37: RICARDO CRAVO ALBINouvidos - e o co
- Page 40 and 41: RICARDO CRAVO ALBINsala um pequeno
- Page 42 and 43: RICARDO CRAVO ALBINO Cônsul Vinici
- Page 44 and 45: RICARDO CRAVO ALBINO senhor tenha u
- Page 46 and 47: RICARDO CRAVO ALBINAlmeida. Este sa
- Page 48 and 49: RICARDO CRAVO ALBINOh! minha amada
- Page 50 and 51: RICARDO CRAVO ALBINum violão total
- Page 52 and 53: RICARDO CRAVO ALBINAinda neste ano
- Page 54 and 55: RICARDO CRAVO ALBINatriz Odette Lar
- Page 57 and 58: Vinicius de Moraes e a PátriaFelip
- Page 59 and 60: VINICIUS DE MORAES E A PÁTRIAgraç
- Page 61 and 62: VINICIUS DE MORAES E A PÁTRIAPerga
- Page 63: VINICIUS DE MORAES E A PÁTRIAque p
- Page 66 and 67: FORMATURA IRBRafastar-se de nosso c
- Page 69 and 70: Tramitação no Poder Executivo69
- Page 71 and 72: TRAMITAÇÃO NO PODER EXECUTIVO71
- Page 73 and 74: Artigo de Bernardo de Mello Franco,
- Page 75 and 76: ARTIGO NO JORNAL O GLOBOOs 13 diplo
- Page 77 and 78: ARTIGO NO JORNAL O GLOBOUm dossiê
- Page 79 and 80: ARTIGO NO JORNAL O GLOBOCentro do R
- Page 81 and 82: ARTIGO NO JORNAL O GLOBOexilados a
- Page 83 and 84: ARTIGO NO JORNAL O GLOBO83
- Page 85 and 86: Tramitação Legislativaa. Mensagem
- Page 87 and 88: TRAMITAÇÃO LEGISLATIVAb. Parecer
- Page 89 and 90:
TRAMITAÇÃO LEGISLATIVAO mesmo Ruy
- Page 91 and 92:
TRAMITAÇÃO LEGISLATIVAditaduras.
- Page 93 and 94:
TRAMITAÇÃO LEGISLATIVAMas é a vi
- Page 95 and 96:
TRAMITAÇÃO LEGISLATIVAd. Votaçã
- Page 97 and 98:
TRAMITAÇÃO LEGISLATIVADeclaraçã
- Page 99 and 100:
TRAMITAÇÃO LEGISLATIVA99
- Page 101 and 102:
TRAMITAÇÃO LEGISLATIVAf. Votaçã
- Page 103 and 104:
TRAMITAÇÃO LEGISLATIVAAprovada.É
- Page 105:
Lei nº 12.265, de 21 de junho de 2
- Page 109 and 110:
109
- Page 111 and 112:
ANEXOSVinicius, aos 20 anos de idad
- Page 113 and 114:
ANEXOSVinicius de Moraes, na décad
- Page 115 and 116:
ANEXOSVinicius de Moraes, com o Pre
- Page 117 and 118:
ANEXOSCom o Presidente Luiz Inácio
- Page 119 and 120:
ANEXOS119
- Page 121 and 122:
ANEXOSCom o Presidente Luiz Inácio
- Page 123 and 124:
ANEXOSManuscrito de carta ao amigo
- Page 125 and 126:
ANEXOSCom Baden Powell, em 1964.125
- Page 127 and 128:
ANEXOSCom Maria Bethânia, em 1966.
- Page 129:
ANEXOSVinicius, em 1976.129