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Vinicius de Moraes Embaixador do Brasil - Funag

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BERNARDO DE MELLO FRANCOda média” nos quesitos “atento e aplica<strong>do</strong> no trabalho”, “permanecedurante to<strong>do</strong> o expediente” e “realiza os serviços com presteza”.O <strong>do</strong>cumento mais recente antes da aposenta<strong>do</strong>ria atesta, para os<strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s fins, que o poeta “não respon<strong>de</strong> a processo administrativo egoza <strong>de</strong> bom conceito funcional”. Tem data <strong>de</strong> 1968. A página seguintereproduz o Diário Oficial com a cassação.Embora sua expulsão ainda seja tratada como tabu, <strong>Vinicius</strong> épersonagem <strong>de</strong> algumas das melhores histórias <strong>do</strong> Itamaraty. Em 1946,após manter um caso ostensivo com a arquivista Regina Pe<strong>de</strong>rneiras,casou-se em segre<strong>do</strong> com ela numa igreja <strong>de</strong> Petrópolis. A relação duroupouco — entre outros motivos, porque ele já era casa<strong>do</strong>. Mas <strong>de</strong>ixouos versos da “Balada das arquivistas”.Um dia, na mesma época, um colega se espantou com o volume <strong>de</strong>cartas na mesa <strong>de</strong> <strong>Vinicius</strong>. Assim <strong>de</strong>scobriu que ele mantinha um segun<strong>do</strong>emprego: escrevia o consultório sentimental da revista “Flan”, assina<strong>do</strong> sob oinsuspeito pseudônimo <strong>de</strong> Helenice.Nos 24 anos <strong>de</strong> Itamaraty, o poeta nunca escon<strong>de</strong>u o fastio com aburocracia e a formalida<strong>de</strong> da carreira.— Detesto tu<strong>do</strong> o que oprime o homem, inclusive a gravata.( Ora, énotório que o diplomata é um homem que usa gravata — queixou-se, numaconversa com Clarice Lispector em 1967.Mas a boemia confessa não era sinônimo <strong>de</strong> vadiagem. Pelo contrário:foi nesse perío<strong>do</strong> que <strong>Vinicius</strong> escreveu a peça “Orfeu da Conceição” ecompôs as músicas mais famosas com Tom Jobim, como “Garota <strong>de</strong>Ipanema”.Em 1979, o poeta tentou ser readmiti<strong>do</strong> com base na Lei da Anistia.O ministro Ramiro Saraiva Guerreiro respon<strong>de</strong>u pelo Diário Oficial, em 4<strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1980: “In<strong>de</strong>ferida a reversão”. <strong>Vinicius</strong> morreria no mêsseguinte. Seus papéis estão guarda<strong>do</strong>s no Itamaraty e no Arquivo Nacional<strong>de</strong> Brasília. Foram consulta<strong>do</strong>s pelo GLOBO com autorização <strong>de</strong> suasfilhas.Quarenta anos <strong>de</strong>pois, poeta po<strong>de</strong> ganhar promoção a embaixa<strong>do</strong>rQuarenta anos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ser cassa<strong>do</strong> pela ditadura militar, <strong>Vinicius</strong> <strong>de</strong><strong>Moraes</strong> po<strong>de</strong> ser agracia<strong>do</strong> com uma inédita promoção postmortem aembaixa<strong>do</strong>r. A i<strong>de</strong>ia foi lançada em 2006 no antigo Palácio <strong>do</strong> Itamaraty, no78

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