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Vinicius de Moraes Embaixador do Brasil - Funag

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ARTIGO NO JORNAL O GLOBOUm <strong>do</strong>ssiê secreto <strong>do</strong> Serviço Nacional <strong>de</strong> Informações (SNI) a que OGLOBO teve acesso revela que <strong>Vinicius</strong> esteve na mira <strong>de</strong> diversos órgãos<strong>de</strong> espionagem antes <strong>de</strong> ser cassa<strong>do</strong>, em 1969. A lista vai da polícia da antigaGuanabara ao temi<strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Informações da Marinha (Cenimar). Até aaposenta<strong>do</strong>ria pelo AI-5, o resumo <strong>do</strong> seu prontuário registra 32 anotações,em cinco páginas batidas à máquina.A maior parte <strong>do</strong>s arquivos narra fatos sem importância, como aparticipação em shows e manifestos <strong>de</strong> intelectuais. Outras folhas <strong>de</strong>screvem<strong>Vinicius</strong> como “comunista e escritor” e sócio <strong>do</strong> Centro <strong>Brasil</strong>eiro <strong>de</strong> Cultura,“organização <strong>de</strong> fachada <strong>do</strong> movimento comunista internacional”. Em 1966,a agência gaúcha <strong>do</strong> SNI tratou o poeta como “margina<strong>do</strong>, que é ao mesmotempo diplomata e sambista”. Em 1968, um araponga <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong>Informações <strong>do</strong> Exército (CIE) redigiu uma nota mais sucinta: “Boêmio, pareceter erra<strong>do</strong> <strong>de</strong> profissão”.A preferência pela noite foi a <strong>de</strong>sculpa da Comissão <strong>de</strong> InvestigaçãoSumária para incluir <strong>Vinicius</strong> entre os cassáveis. A justificativa aparece num<strong>do</strong>ssiê da Aeronáutica sobre as <strong>de</strong>missões. Junto a seu nome, o <strong>do</strong>cumentotraz a explicação: “alcoólatra”.Surpreen<strong>de</strong>ntemente, o relatório secreto elogia o poeta e ofereceuma alternativa à <strong>de</strong>missão. “Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que a conduta <strong>do</strong> primeirosecretário<strong>Vinicius</strong> <strong>de</strong> <strong>Moraes</strong> é incompatível com as exigências e o<strong>de</strong>coro da carreira diplomática, mas em atenção aos seus méritos <strong>de</strong>homem <strong>de</strong> letras e artista consagra<strong>do</strong>, cujo valor não <strong>de</strong>sconhece, acomissão propõe o seu aproveitamento no Ministério da Educação eCultura”.Não se sabe se a sugestão era para valer, mas <strong>Vinicius</strong> foi aposenta<strong>do</strong>compulsoriamente dias <strong>de</strong>pois, aos 55 anos. Ficou indigna<strong>do</strong> com o atoarbitrário, mas manteve o bom humor. Quan<strong>do</strong> circulou que a <strong>de</strong>golaatingira homossexuais e bêba<strong>do</strong>s, apressou-se a avisar:— Eu sou alcoólatra!Apesar da brinca<strong>de</strong>ira, o poeta se abateu com a <strong>de</strong>missão sumária.— Foi uma sacanagem a forma como me expulsaram <strong>do</strong> Itamaraty— <strong>de</strong>sabafou, numa entrevista em 1979.A imagem <strong>de</strong> vagabun<strong>do</strong> traçada pelos militares não combina comos registros funcionais <strong>do</strong> poeta. Dividida em três pastas amareladas, aficha <strong>de</strong> <strong>Vinicius</strong> contém fartos elogios a seu talento e condutaprofissional. Três boletins <strong>de</strong> avaliação interna o classificam como “acima77

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