12.07.2015 Views

Vinicius de Moraes Embaixador do Brasil - Funag

Vinicius de Moraes Embaixador do Brasil - Funag

Vinicius de Moraes Embaixador do Brasil - Funag

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

RICARDO CRAVO ALBINum violão totalmente novo se ouvia. Era a primeira vez que a batida da bossanova se apresentava. Exatamente em duas canções da nova dupla Tom-<strong>Vinicius</strong>, Chega <strong>de</strong> Sauda<strong>de</strong> e Outra vez.Estava lança<strong>do</strong> o primeiro registro da bossa nova, promovi<strong>do</strong> e quasetrama<strong>do</strong> pelo poeta <strong>do</strong>s olhos claros que amava o choro e o samba tradicionaldas biroscas cariocas. Por ironia, ficaria contra esses velhos gêneros musicais(indiretamente, é verda<strong>de</strong>) boa parte <strong>do</strong>s músicos da bossa nova que a partirdaí se projetaria.Se a Lapa emoldurou a época <strong>de</strong> ouro, os anos 30, Copacabana, obairro, seria a quintessência <strong>do</strong> habitat da bossa nova. O Beco das Garrafas,composto por quatro casas, o Little Club, o Baccarat, o Bottle’s e o MaGriffe, <strong>de</strong>sembocava na Rua Duvivier. Pouco adiante estavam o 36, oCarrossel, o Manhattan e o Michel, on<strong>de</strong> <strong>Vinicius</strong> e seus amigos davam sempreuma paradinha para ouvir Dolores Duran. Depois, na Gustavo Sampaio,reluziam o Arpège e o Sacha’s.O poeta circula com gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvoltura no final <strong>do</strong>s anos 50 por essageografia etílica, on<strong>de</strong> em cada ambiente enfumaça<strong>do</strong> encontra amigos, músicae quase sempre a possível aventura <strong>de</strong> uma paixão. <strong>Vinicius</strong> pontifica, naverda<strong>de</strong>, pela cida<strong>de</strong> toda, andarilho em busca <strong>de</strong> emoções, da beleza, <strong>do</strong>safetos. Vive, como nunca, o <strong>de</strong>stino <strong>do</strong> poeta. E cada vez mais se afasta <strong>do</strong>gabinete, <strong>do</strong> formal, da obrigação diária. A diplomacia se distancia, portanto.Mas o poeta, cujo prestígio pessoal começa a ser mitifica<strong>do</strong>, é amigo <strong>do</strong>presi<strong>de</strong>nte JK, <strong>de</strong> quem recebe a encomenda <strong>de</strong> fazer uma Sinfonia paraBrasília, tarefa <strong>de</strong> que ele se <strong>de</strong>sencumbe com o parceiro Tom Jobim, e queé logo gravada em elepê <strong>de</strong> luxo (1960, capa <strong>de</strong> Oscar Niemeyer).Enquanto a parceria com Tom prossegue a to<strong>do</strong> vapor – aparecemCanção <strong>do</strong> amor <strong>de</strong>mais, Amor em paz, Eu sei que vou te amar, Brigasnunca mais, Só danço samba, entre outras duas dúzias <strong>de</strong> pérolas – maisum álbum com peças <strong>de</strong> Tom e <strong>Vinicius</strong> é edita<strong>do</strong> em refina<strong>do</strong> acabamentomusical: o elepê Por toda a minha vida, com a cantora semilírica LenitaBruno, casada com o maestro Leo Perachi. E <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> muitas marchas econtra-marchas, sai finalmente o filme <strong>de</strong> Marcel Camus Orfeu Negro, to<strong>do</strong>filma<strong>do</strong> no Rio entre 1957 e 1958, produzi<strong>do</strong> por um sujeito chama<strong>do</strong> SachaGordine, conheci<strong>do</strong> nas rodas cinematográficas francesas como “o rei <strong>do</strong>cheque sem fun<strong>do</strong>”. Segun<strong>do</strong> o poeta, porém, Gordine era “boa gente” e sóvivia em apuros porque fazia qualquer negócio para estar sempre filman<strong>do</strong>.Mesmo saben<strong>do</strong> que podia ser engana<strong>do</strong> pelo produtor (e foi mesmo, porque50

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!