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Vinicius de Moraes Embaixador do Brasil - Funag

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RICARDO CRAVO ALBINatriz O<strong>de</strong>tte Lara. Em 1964, aparece publicamente um novo parceiro <strong>de</strong><strong>Vinicius</strong>, Francis Hime, com quem faz Eu te amo, amor, Sauda<strong>de</strong> <strong>de</strong> amore Sem mais a<strong>de</strong>us.E ainda estreia na boate Zum-Zum um show memorável com DorivalCaymmi, que não só viraria disco (Elenco, <strong>de</strong> Aluízio <strong>de</strong> Oliveira) mas quetambém lançaria o Quarteto em Cy. Mas, em 1967, após a estreia <strong>do</strong> filmeGarota <strong>de</strong> Ipanema, <strong>de</strong> Leon Hirshman, <strong>Vinicius</strong> começa a se afastar daintensa, sempre trepidante vida artístico-musical <strong>do</strong> Rio. Vai então organizarum Festival <strong>de</strong> Arte em Ouro Preto, on<strong>de</strong> fica uma temporada. Logo <strong>de</strong>poisparticipa <strong>de</strong> shows em Lisboa com Chico Buarque e Nara Leão (1968), emBuenos Aires com Dorival Caymmi e Ba<strong>de</strong>n Powell (1968) e em Punta <strong>de</strong>lEste com Dori Caymmi e Maria Creusa (começo <strong>de</strong> 1969).Quan<strong>do</strong> <strong>Vinicius</strong> <strong>de</strong> <strong>Moraes</strong> é <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong> <strong>do</strong> Itamaraty, pelo AtoInstitucional nº 5, em abril <strong>de</strong> 1969, o poeta pensa, inicialmente, em autoexilar-sena Europa, on<strong>de</strong> boa parte <strong>de</strong> seus amigos já estava, inclusive ChicoBuarque, além <strong>de</strong> Caetano, Gil, Vandré e tantos intelectuais, escritores, amigose companheiros seus. Ele, contu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> resistir e fica no <strong>Brasil</strong>. Feri<strong>do</strong>com o afastamento da carreira diplomática, sua produção cai verticalmente,gravan<strong>do</strong> em 1969 apenas uma única composição. Em contrapartida, volta aescrever, a fazer crônicas, a trabalhar para jornais. E <strong>de</strong>scobre um novoparceiro, Toquinho, um violonista <strong>de</strong> São Paulo que era amigo <strong>de</strong> ChicoBuarque. Logo <strong>Vinicius</strong> reencontra o sabor <strong>de</strong> fazer novas composições elança e, 1970, <strong>do</strong>is sucessos populares, o Samba da Rosa e Na Tonga damironga <strong>do</strong> Kabuletê, um título in<strong>de</strong>cifrável mas que escondia um protestosolitário <strong>do</strong> poeta à censura, à repressão política e à sua própria aposenta<strong>do</strong>ria<strong>do</strong> Itamaraty. Segun<strong>do</strong> o próprio autor, confi<strong>de</strong>nciaria a boca pequena pelosbares <strong>do</strong> Rio, a expressão significava, em língua nagô, algo próximo a “vãoto<strong>do</strong>s à merda”.Entre 1970 e 1980, <strong>Vinicius</strong> <strong>de</strong> <strong>Moraes</strong> resiste aos governos militares,fazen<strong>do</strong> o que sabia e aquilo no que foi mestre: o exercício <strong>de</strong> sua seduçãopessoal, encenan<strong>do</strong> espetáculos em to<strong>do</strong> o país para os jovens <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>.On<strong>de</strong> a poesia e a música se conjugavam para que o poeta <strong>de</strong>stilasse, gotaa gota, as emoções que brotavam <strong>do</strong> seu coração generoso e fiel aos<strong>de</strong>stinos <strong>do</strong>s poetas clássicos. Isto é, viver como poeta, livre das amarras,liberto como um pássaro em pleno vôo, como a ele se referiu Drummond,com uma ponta assumida <strong>de</strong> inveja, ao fazer setenta e cinco anos <strong>de</strong> vidaem 1975.54

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