12.07.2015 Views

Vinicius de Moraes Embaixador do Brasil - Funag

Vinicius de Moraes Embaixador do Brasil - Funag

Vinicius de Moraes Embaixador do Brasil - Funag

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

RICARDO CRAVO ALBINOh! minha amada que olhos os teusSão cais noturnos, cheios <strong>de</strong> a<strong>de</strong>usSão <strong>do</strong>cas mansas, trilhan<strong>do</strong> luzesQue brilham longe, longe <strong>do</strong>s breus...– e “São Francisco” (“Que ia pela estrada, tão pobrinho...”), ambasgravadas entre 1954 e 1956.Mas música popular ainda não dava dinheiro. Muito menos seu emprego<strong>de</strong> jornalista na Última Hora ou mesmo suas colaborações para revistas esuplementos literários. O remédio era pedir posto ao Itamaraty. Teve tantasorte que, em vez <strong>de</strong> ser manda<strong>do</strong> para <strong>de</strong>sterros como Afeganistão, foienvia<strong>do</strong> para Paris, on<strong>de</strong> ficaria <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1953 até novembro <strong>de</strong>1957. Como 2º secretário na Embaixada em Paris, <strong>Vinicius</strong> ostentava tambéma condição <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong> brasileira, ou seja, era figura influente nos círculosculturais da capital francesa, relacionan<strong>do</strong>-se com a fina flor da intelligentsialocal. Autoriza<strong>do</strong> a vir ao Rio em 1956, ele por aqui fica durante quase to<strong>do</strong>o ano. Um ano, diga-se logo, <strong>do</strong>s mais <strong>de</strong>cisivos em sua vida. Especialmenteporque foi o tempo suficiente para se <strong>de</strong>finir pela paixão à música popular.Aliás, um pouco antes ele havia feito em Paris, numa manhã <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>s <strong>do</strong><strong>Brasil</strong>, um samba-canção, Bom dia tristeza, que acabou por entregar à amigaAracy <strong>de</strong> Almeida no Hotel Como<strong>do</strong>ro, quan<strong>do</strong> em rápida viagem a SãoPaulo, só para entrevistá-la. Aracy gostou mais da letra que da música epediu ao sambista A<strong>do</strong>niran Barbosa para mexer na melodia. Nasceu assim,sem ele sequer saber, a parceria única <strong>de</strong> <strong>Vinicius</strong> com o rei <strong>do</strong> samba paulista(autor <strong>de</strong> <strong>de</strong>lícias como Sau<strong>do</strong>sa Maloca e Samba <strong>do</strong> Arnesto). A peçaseria gravada por Aracy, como também por Maysa, pouco tempo <strong>de</strong>pois.Nesse fértil começo <strong>de</strong> 1956, <strong>Vinicius</strong> comporia ainda uma série <strong>de</strong> cançõessemi-camerísticas com Cláudio Santoro, <strong>de</strong> que resultaram pérolas comoAcalanto da rosa, Amor e lágrimas, Pregão da sauda<strong>de</strong>. O maior <strong>do</strong>sprojetos <strong>do</strong> poeta, todavia, era encenar a peça Orfeu da Conceição, queele havia feito antes, inspira<strong>do</strong>, a meu ver, na adaptação cinematográfica queo poeta e <strong>de</strong>senhista Jean Cocteau levara à tela, ao finalzinho <strong>do</strong>s anos 40,com o ator Jean Marais fazen<strong>do</strong> um Orfeu contemporâneo, nos subúrbios <strong>de</strong>Paris <strong>do</strong> pós-guerra. Já a ação da peça <strong>do</strong> nosso poeta, toda em versos, se<strong>de</strong>senvolvia numa favela carioca, em dias <strong>de</strong> carnaval.<strong>Vinicius</strong> conseguiu um financia<strong>do</strong>r (setecentos contos) e um cenaristamuito especial, o maior arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, cujo trabalho48

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!