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Vinicius de Moraes Embaixador do Brasil - Funag

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TRAMITAÇÃO LEGISLATIVAO mesmo Ruy Castro lembra que a facilida<strong>de</strong> com que o poetinha seapaixonava e a <strong>de</strong>dicação com que se empenhava à paixão só encontravamparalelo na paixão seguinte, que não <strong>de</strong>morava muito a vir.Tentou sempre enten<strong>de</strong>r as mulheres, mas confessou, ainda no fértil ano<strong>de</strong> 1938, nunca saber se conhecia uma mulher direito. Achava mesmo quenunca conseguia o feito. “Minha admiração pelo que elas são em si, e pelopapel que têm na vida é tão gran<strong>de</strong> que eu acho que não me <strong>de</strong>ixa fazerpsicologia sobre”. A confissão está numa carta a Tati, sua primeira mulher.Sofria e amava. E amava e sofria. E se perdia sempre <strong>de</strong> amor.E era o amor, a paixão, que provavelmente estimulavam sua veia poética,o levavam à poesia, à bossa, ao violão. E tu<strong>do</strong> isso seguramente tornava asua missão <strong>de</strong> diplomata mais rica, mesmo que eventualmente, para os padrões<strong>de</strong> então, nem sempre seguisse os exatos cânones <strong>do</strong> Itamaraty. E era tu<strong>do</strong>isso que o tornava um gran<strong>de</strong> diplomata, um extraordinário embaixa<strong>do</strong>r <strong>do</strong><strong>Brasil</strong>.“Não importa. O que importa é ir embora/ Pela alegria <strong>de</strong> buscar a aurora/E pela <strong>do</strong>r <strong>de</strong> caminhar sozinho”.Os versos são <strong>de</strong> <strong>Vinicius</strong>. E o revelam.Amor e paixão. Amor e solidão. Solidão e criativida<strong>de</strong>. A busca da aurora.A solidão nele, quan<strong>do</strong> alcançada, talvez fosse aquela <strong>do</strong> momento criativo.Há quem diga ter ele leva<strong>do</strong> uma vida invejável. E talvez seja verda<strong>de</strong>iro.Em que senti<strong>do</strong>? No senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser a vida <strong>de</strong> um homem cheio <strong>de</strong> coragem,capaz <strong>de</strong> atirar-se em tu<strong>do</strong> que fazia com to<strong>do</strong> o vigor <strong>de</strong> sua inteligência.Com a característica <strong>de</strong> ser um homem <strong>de</strong> idéias, <strong>do</strong> pensamento. Capaz <strong>de</strong>suportar perdas e, como já se disse, insistin<strong>do</strong> na trilha <strong>de</strong> Ruy Castro, <strong>de</strong>distribuir amor, muito amor. Pela humanida<strong>de</strong>, pela poesia, pela música, pelasmulheres, por seus filhos, por sua mãe, por seus amigos. Foi assim, caminhan<strong>do</strong>pela vida <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> solidário, fraterno, que ele foi tentan<strong>do</strong> <strong>de</strong>cifrar o mistérioda vida, mistério ao qual ele se refere numa carta a Lúcio Car<strong>do</strong>so, em 1936.Ninguém o imagine um sujeito indisciplina<strong>do</strong>, sem metas, sem caminho<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>. “O melhor caminho é sempre o mais difícil, e não o que sai <strong>do</strong>s pés.Muito provavelmente, a vida <strong>do</strong>s macacos é mais divertida que a <strong>do</strong>spassarinhos. E eu me tracei uma regra, que não é regra, não é nada senão umuso poético da minha vida: só rir para as coisas trágicas. Só chorar <strong>de</strong> emoção.Só andar na ponta <strong>do</strong>s pés. Só ser <strong>de</strong>lica<strong>do</strong>. Só topar paradas duras. Só<strong>do</strong>rmir em último caso. Só pensar nos outros. Só castigar a si próprio. Sóaceitar o inaceitável. Só criar em alegria e, sobretu<strong>do</strong>, só ser íntimo”.89

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