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GUIA: Doença de Chagas - Inocuidade de Alimentos

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01EPIDEMIOLOGIA DA DOENÇA DE CHAGASPOR TRANSMISSÃO ORALEPIDEMIOLOGIA DA DOENÇA DE CHAGASPOR TRANSMISSÃO ORAL0122Estudo dos ReservatóriosA transmissão mais ancestral do T. cruzi para o homem ocorre por meio <strong>de</strong> vetoresinvertebrados – os triatomíneos. Porém estes triatomíneos apenas transmitem oparasito se estiverem infectados e isto acontece quando eles se alimentam sobre umdos numerosos hospe<strong>de</strong>iros infectados. Ou seja, se os mamíferos <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminadaárea apresentam altas taxas <strong>de</strong> infecção por T. cruzi, há maior probabilida<strong>de</strong> do vetor seinfectar e, portanto, infectar o próximo mamífero (incluindo o homem com o qual se irárelacionar. A i<strong>de</strong>ntificação do que é o reservatório <strong>de</strong> um parasito é um <strong>de</strong>safio tantodo ponto <strong>de</strong> vista teórico quanto prático. No entanto, é um ponto fundamental para a<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> medidas que serão adotadas para o controle da transmissão do parasitoem questão. Esta tarefa torna-se um <strong>de</strong>safio maior, um quebra cabeça no estudo <strong>de</strong>um parasito generalista como o T. cruzi.Quando se discutem os reservatórios do T. cruzi, é preciso ter em mente que osimples fato <strong>de</strong> um indivíduo ser encontrado naturalmente infectado não quer dizer,necessariamente, que ele venha a constituir um risco à saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua população, <strong>de</strong>outras espécies ou do homem. Ainda, o papel que cada espécie <strong>de</strong> hospe<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>sempenhana dispersão e/ou manutenção do parasito po<strong>de</strong> ser extremamente variável<strong>de</strong>vido à (a) complexida<strong>de</strong> dos processos e inter-relações ecológicas, e (b) espantosavelocida<strong>de</strong> com a qual o homem modifica os ambientes.É importante lembrar que um ciclo <strong>de</strong> transmissão muitas vezes é imaginado comonas ilustrações dos livros didáticos, unidimensional e linear. No entanto é preciso compreendê-locomo uma teia, uma re<strong>de</strong> trófica <strong>de</strong> transmissão com a participação <strong>de</strong>mamíferos <strong>de</strong> diferentes taxa, um sistema complexo, variável e dinâmico. Para <strong>de</strong>finire <strong>de</strong>senvolver medidas <strong>de</strong> controle é necessário conhecer todos os elos da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>transmissão, o que inclui os reservatórios. Como <strong>de</strong>finido anteriormente, a condição<strong>de</strong> reservatório difere no tempo e no espaço, o que exige estudos locais realizados apartir <strong>de</strong> metodologia específica.A condição <strong>de</strong> reservatório é dinâmica e difere no recorte temporo-espacial. Éclassicamente afirmado que gambás são os reservatórios silvestres mais importantesdo T. cruzi. Na verda<strong>de</strong> os gambás po<strong>de</strong>m sim ser excelentes reservatórios, mas issonão acontece em todos os biomas e habitat que esses animais ocupam. Consi<strong>de</strong>randocomo reservatório do T. cruzi a espécie <strong>de</strong> mamífero capaz <strong>de</strong> sustentar, manter, etambém transmitir este parasito, há que se conhecerem, na área que for o alvo dosestudos, os seguintes aspectos:1) O conjunto dos mamíferos existentes no local (composição faunística e abundânciarelativa das espécies <strong>de</strong> mamíferos), o qual nos permite reconhecer opapel que as diferentes espécies <strong>de</strong>sempenham no ciclo <strong>de</strong> transmissão. Assim,uma espécie <strong>de</strong> mamífero que apresentar altas prevalências da infecção porT. Cruzi, mas que tenha baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> populacional no local <strong>de</strong> estudo nãorepresentará um risco <strong>de</strong> infecção muito expressivo.2) A i<strong>de</strong>ntificação correta do hospe<strong>de</strong>iro na qual se <strong>de</strong>tectou a infecção, umavez que mesmo espécies próximas apresentam padrões <strong>de</strong> infecção bem diferentes,a saber: maior ou menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> parasitos no sangue (parasitemia)e tempo <strong>de</strong> duração <strong>de</strong>sta parasitemia. Estas diferenças resultam na maiorou menor possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infecção para o triatomíneo que for se alimentarnestes animais, ou seja, na sua maior ou menor transmissibilida<strong>de</strong>.3) A prevalência e o perfil da infecção por T. cruzi na população <strong>de</strong> hospe<strong>de</strong>iros,ou seja, quantos animais (e <strong>de</strong> quais espécies) do total estão infectados equantos animais apresentam muitos parasitos no sangue. Esta informação vai<strong>de</strong>monstrar quais as espécies que foram expostos à infecção e se estes animaissão ou não fontes <strong>de</strong> infecção para os triatomíneos. Assim, mamíferos nos quaisforam <strong>de</strong>tectados anticorpos, certamente foram expostos à infecção. Se estesmamíferos não apresentarem parasitos no sangue, isto sugere que naquelemomento estes não são fonte provável <strong>de</strong> infecção para os triatomíneos.4) A distribuição dos hospe<strong>de</strong>iros nos distintos habitat do bioma, o permiteavaliar on<strong>de</strong> está acontecendo a transmissão, ou seja, on<strong>de</strong> há maior risco<strong>de</strong> contaminação. Observa-se com freqüência que a transmissão do T. Cruzi éagregada, não homogênea. Ou seja, po<strong>de</strong>m-se encontrar animais infectados <strong>de</strong>modo mais localizado em um <strong>de</strong>terminado ecótopo e não em outro. Portantoé sempre importante examinar um número representativo <strong>de</strong> animais <strong>de</strong> todosos ambientes das áreas que estamos estudando (Figura 4). Esses animais nãoestão restritos apenas ao estrato on<strong>de</strong> são mais comumente encontrados e osparasitos são carreados por seus hospe<strong>de</strong>iros, os quais po<strong>de</strong>m contribuir parao estabelecimento <strong>de</strong> novos focos.5) A prevalência da infecção entre as distintas sub-populações <strong>de</strong> hospe<strong>de</strong>iros(machos e fêmeas, adultos e jovens) sendo possível assim <strong>de</strong>terminar sea infecção ainda está acontecendo (caso a infecção seja muito freqüente emanimais jovens) ou a possibilida<strong>de</strong> da dispersão do parasito. Assim, gambásmachos têm um comportamento nôma<strong>de</strong> muito mais acentuado do que asfêmeas, enquanto primatas vivem em grupos e são muito terrirorialistas. Provavelmenteas taxas <strong>de</strong> infecção irão variar entre os grupos e esse aspecto <strong>de</strong>veser consi<strong>de</strong>rado nos estudos <strong>de</strong>stes animais. Essas diferenças po<strong>de</strong>m ajudam aprever oscilações na transmissão baseada nas flutuações sazonais populacionaisdos principais hospe<strong>de</strong>iros.6) A dinâmica das populações <strong>de</strong> hospe<strong>de</strong>iros no tempo e espaço (estudos longitudinais).7) A isolamento e caracterização das sub-populações do parasito, o que vai permitirrastrear os ciclos <strong>de</strong> transmissão e enten<strong>de</strong>r quais os animais estão envolvidosno ciclo que inclui o homem.23

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