<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentoseu grau <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> (Backus, 2001).Uma discussão aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>do</strong> tema <strong>da</strong> e-<strong>de</strong>mocracia e <strong>da</strong>s suasimplicações, num contexto <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, é <strong>da</strong><strong>do</strong> por (Alves e Moreira,2004). Em Gouveia (2004) são apresenta<strong>do</strong>s os conceitos essenciais ediscuti<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma alarga<strong>da</strong> as implicações <strong>da</strong> a<strong>do</strong>pção <strong>do</strong> e-governono contexto <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.e-participaçãoDesig<strong>na</strong>-se por e-participação a área <strong>de</strong> intervenção <strong>do</strong> e-governo com aqual se preten<strong>de</strong> promover a toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão participativa, inclusiva econsciente, por parte <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos (Gouveia, 2004).Conforme <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong> em (Constantino e Gouveia, 2009), a participaçãopolítica reflecte o empenhamento <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> (ci<strong>da</strong>dãos, associaçõescívicas, etc) <strong>na</strong> formação, aplicação e controlo <strong>da</strong>s políticas públicas, oque se consubstancia em qualquer iniciativa que vise influenciar, <strong>de</strong>forma directa ou indirecta, essas políticas (actos eleitorais ereferendários; pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> informação e discussões públicas;apresentação <strong>de</strong> propostas; reclamações; contactos com a classe política;entre outros). A importância <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> participação é realça<strong>do</strong> pelaOCDE quan<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ra o reforço <strong>da</strong> relação com os ci<strong>da</strong>dãos uminvestimento numa melhor forma <strong>de</strong> fazer política e um elementofun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> boa gover<strong>na</strong>ção, que permite explorar novas fontes <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ias e <strong>de</strong> informações politicamente relevantes, aumentar a confiança<strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos <strong>na</strong> administração, promover a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>de</strong>mocracia ereforçar as capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s cívicas (OCDE, 2001).Interacções <strong>na</strong>relação governoci<strong>da</strong>dãoA participação<strong>de</strong>mocrática emPortugalAin<strong>da</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a OCDE, o reforço <strong>da</strong> relação governo-ci<strong>da</strong>dãosenvolve um largo espectro <strong>de</strong> interacções, dividi<strong>da</strong>s em três gran<strong>de</strong>sgrupos: informação (produzi<strong>da</strong> pelo governo para consulta <strong>do</strong>sci<strong>da</strong>dãos), auscultação (<strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos sobre aspectos concretos <strong>da</strong>gover<strong>na</strong>ção) e participação activa (<strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos nos processos <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão, mas <strong>na</strong> qual esta cabe à administração). Estes gruposcorrespon<strong>de</strong>m a patamares ca<strong>da</strong> vez mais exigentes <strong>do</strong> exercício <strong>da</strong>participação cívica.No caso português, assegurar e incentivar a participação <strong>de</strong>mocrática<strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos, <strong>na</strong> resolução <strong>do</strong>s problemas <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, é, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com aConstituição <strong>da</strong> República Portuguesa (AR, 2005) uma <strong>da</strong>s tarefasfun<strong>da</strong>mentais <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> (cf. art. 9º, alínea c). Este objectivo geral éregulamenta<strong>do</strong> em diversas vertentes, numa lógica compatível com atrilogia informação/auscultação/participação activa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o simplesacesso à informação até à participação <strong>na</strong> toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, passan<strong>do</strong>pelos aspectos relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s com a igual<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos no exercício<strong>do</strong>s seus direitos <strong>de</strong> participação cívica. Constituem exemplo(Constantino e Gouveia, 2009):40 <strong>de</strong> 104
<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento• Os direitos e <strong>de</strong>veres económicos, sociais e culturais. Em váriassituações concretas, é conferi<strong>da</strong> à participação <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos adigni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> direito reconheci<strong>do</strong>. Com impacto <strong>na</strong> gestão <strong>do</strong>território, refira-se: o caso <strong>da</strong> habitação e <strong>do</strong> urbanismo, em que“é garanti<strong>da</strong> a participação <strong>do</strong>s interessa<strong>do</strong>s <strong>na</strong> elaboração <strong>do</strong>sinstrumentos <strong>de</strong> planeamento urbanístico e <strong>de</strong> qualquer outrosinstrumentos <strong>de</strong> planeamento físico <strong>do</strong> território” (cf. art. 65º, nº5); e o caso <strong>do</strong> ambiente e <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, em que incumbeao Esta<strong>do</strong> realizar um conjunto <strong>de</strong> iniciativas “… com oenvolvimento e a participação <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos” (cf. art. 66º, nº 2).• A organização <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r político. A participação política <strong>do</strong>sci<strong>da</strong>dãos é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> uma condição e um instrumentofun<strong>da</strong>mental <strong>de</strong> consoli<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong>mocrático, “<strong>de</strong>ven<strong>do</strong>a lei promover a igual<strong>da</strong><strong>de</strong> no exercício <strong>do</strong>s direitos cívicos epolíticos” (cf. art. 109º). E no que concerne à Estrutura <strong>da</strong>Administração Pública, é estabeleci<strong>do</strong> que, no processamento <strong>da</strong>activi<strong>da</strong><strong>de</strong> administrativa, se <strong>de</strong>ve assegurar “a participação <strong>do</strong>sci<strong>da</strong>dãos <strong>na</strong> formação <strong>da</strong>s <strong>de</strong>cisões … que lhes disseremrespeito” (cf. art. 267º, nº 5), sen<strong>do</strong>-lhes ain<strong>da</strong> garanti<strong>do</strong> o direito<strong>de</strong> acesso aos arquivos e registos administrativos (cf. art. 268º, nº2).Impacto <strong>da</strong>s TICsNo contexto <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento, o fulcro<strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> governo e <strong>da</strong> administração pública será afecta<strong>da</strong> pelastecnologias <strong>de</strong> informação e comunicação. Estas modificaram to<strong>do</strong>s osrelacio<strong>na</strong>mentos <strong>de</strong> informação e comunicação entre políticos,funcionários públicos e ci<strong>da</strong>dãos. De forma a tomar uma perspectivamais sistematiza<strong>da</strong> é possível pensar este impacto <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com asfunções realiza<strong>da</strong>s <strong>na</strong> condução <strong>de</strong> politicas <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>: 1) produção e<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> políticas, 2) implementação <strong>de</strong> políticas, e 3)avaliação e revisão <strong>de</strong> políticas. As tecnologias e o digital estão a tomarum papel relevante <strong>na</strong>s modificações <strong>da</strong>s práticas associa<strong>da</strong>s com estasactivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s como ilustra a figura 9 (Snellen e Donk, 2002).Pré-implementação Implementação Pós implementaçãoProdução interactiva <strong>de</strong>políticasProdução proactiva <strong>de</strong>políticasVerificação no localToma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisãoautomáticaReclamaçõesadministrativasProcessos cíveis41 <strong>de</strong> 104