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legado-franciscano

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Capítulo 2 – Na sociedade dos capuchinhos<br />

voltar ao sumário<br />

Older Parisotto, com muita clareza, mostra-nos em<br />

que consistia a pedagogia da sexualidade de que fôramos<br />

vítimas:<br />

Importante destacar, nessa idade da adolescência, como<br />

era abordada a questão da sexualidade. Tudo era pecado.<br />

Nessa matéria não havia pecado leve. Tudo era grave. Daí<br />

a gente se perguntava: mas por que em tudo o mais há o<br />

pecado grave e o leve e no sexo não? O casamento era<br />

só para a procriação. Essa educação nos tornava muito<br />

escrupulosos. Era confissão atrás de confissão, contando<br />

várias vezes o mesmo pecado. O carnaval, então, era um<br />

tempo de pecados. Tanto se falava nesse tipo de pecado<br />

que quando estudamos Moral, a gente se perguntava se a<br />

moral não seria sinônimo de sexo (PARISOTTO, p. 5).<br />

Em Ijuí, com a ajuda dos estudos de Psicologia e em particular<br />

dos farrapos das teorias freudianas e junguianas que<br />

nos chegavam sobre a sexualidade, conseguimos criticar<br />

e depois rejeitar as concepções de sexualidade que acumulamos<br />

ao longo de nossos anos de formação. Em Ijuí,<br />

nossa convivência com as colegas universitárias destruiu<br />

o espectro da mulher temível e ameaçadora. Divertíamo-<br />

-nos muito quando lembrávamos de nossos modelos de<br />

pureza e castidade – São Luís Gonzaga e Domingos Sávio<br />

– cujas biografias éramos obrigados a ouvir durante as refeições,<br />

pois não passavam de pobres e coitados meninos,<br />

doentes, gravemente afetados por sofrimentos psíquicos<br />

e somáticos.<br />

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