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Minha mãe franziu os lábios.<br />
— Aquele homem não sabe o que é culpa. Ele é um monstro. Ele<br />
tem sido o assassino mais cruel de Falcone por tantos anos. Ninguém<br />
poderia fazer isso sem se transformar em algo menos humano.<br />
Eu não podia negar. Growl era cruel. Ele era um assassino. Tinha<br />
feito mais coisas horríveis que eu pudesse enumerar. Não tinha como<br />
explicar tudo isso para minha mãe, porque eu não podia explicar<br />
sozinha.<br />
— Eu ouvi as histórias. — Disse Mino. — Como Falcone te deu<br />
para ele de presente. Era a punição de sua família, pela traição do seu<br />
pai.<br />
Ele estava me observando através do espelho retrovisor, uma<br />
expressão curiosa em seu rosto maltratado pelo sol. Eu não reagi às<br />
suas palavras. Não era uma pergunta.<br />
Minha mãe empalideceu com a menção do meu pai, mas<br />
permaneceu em silêncio.<br />
— O que não entendo é por que você está chorando por causa<br />
dele. Você não deveria estar aliviada por se livrar dele? Ele era um<br />
monstro. — Mino continuou.<br />
Levantei os dedos até minhas bochechas, sentindo a umidade.<br />
— Ele era. — Concordei. Eu não estava delirando. Eu tinha<br />
testemunhado a escuridão de Growl, seu lado irreparável, várias vezes,<br />
e ainda assim tinha me apaixonado. Talvez porque conhecesse o outro<br />
Growl, a pessoa que ele mantinha escondida sob as muitas camadas de<br />
brutalidade. O lado sensível e vulnerável, carinhoso e amoroso. Isso me<br />
conquistou. Eu sabia que o homem na minha frente não acreditaria se<br />
eu contasse sobre Growl. E provavelmente era melhor assim. Growl<br />
sempre fez tudo o que era possível para manter esse seu lado<br />
escondido, para se proteger. Eu não iria destruir a imagem que ele<br />
trabalhou tanto para construir, mesmo que eu a odiasse. Mas agora que<br />
ele tinha ido embora, era tarde demais.<br />
Meu coração se apertou como um punho.<br />
— Talvez você devesse conversar com alguém, um psiquiatra. Já<br />
ouvi falar dessa merda. Síndrome de Estocolmo.<br />
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