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Capítulo quatro<br />
CARA<br />
Sua camiseta preta colada à sua pele de suor, e seus braços<br />
estavam cobertos de tatuagens. Sem o terno e o comportamento frio,<br />
isso para mim sinalizava puro perigo. Nada o controlava agora. Tudo<br />
nele gritava morte. Meu coração batia forte no meu peito enquanto eu<br />
esperava ele se virar e me achar. Será que ele iria me matar também?<br />
Ele não faria isso. Ele não podia. O estatuto da minha família<br />
ainda tinha que contar para alguma coisa, certo?<br />
Mas ele saiu do quarto sem olhar para o homem que ele matou –<br />
ou para o guarda-roupa que eu estava escondida.<br />
Só quando ele tinha ido embora e eu não ouvi mais seus passos<br />
eu me atrevi a respirar. E, em seguida, um novo medo se instalou. Onde<br />
estava papai e o que tinha acontecendo com ele? E o que dizer da<br />
minha mãe e Talia? Eu tinha que ir a procura delas, mesmo que cada<br />
fibra do meu corpo gritava para eu ficar onde estava. Precisávamos ficar<br />
juntas, mas deixar meu esconderijo era um risco enorme. Olhei para o<br />
corpo morto no meio do quarto novamente. Era esse o nosso destino<br />
também?<br />
Então, um pensamento esperançoso passou pela minha cabeça.<br />
Talvez nós fôssemos poupados. Não foi uma surpresa que os soldados<br />
da Camorra, eram como Growl, matavam membros da Bratva, seu<br />
arqui-inimigo. Talvez houvesse uma forma, poderíamos convencer a<br />
todos que os russos não tinham vindo até aqui para nossa proteção,<br />
mas sim para nos matar. Gritos e tiros soaram lá embaixo. Ouvi uma<br />
voz familiar, a voz do papai, mas ela não estava entre os gritos, nem<br />
eram de Talia ou da nossa mãe. Elas estavam, provavelmente, ainda<br />
escondidas no quarto principal.<br />
Fechei os olhos. Eu não estava acostumada a este mundo, mesmo<br />
que eu tivesse crescido em torno de pessoas que faziam parte do<br />
mesmo. Mas eu sempre me mantive ás margens das maldades que meu<br />
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