Revista Apólice #208
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
encontro<br />
Painel: Epidemias<br />
como o Zika. Além de se preparar para<br />
riscos que podem ser previstos, como<br />
as crises econômicas e políticas, mais<br />
do que tudo é preciso se atentar para os<br />
riscos de baixa probabilidade e grande<br />
impacto, como os casos da barragem<br />
da Samarco e o mosquito que, ao que<br />
tudo indica, pode deixar uma geração de<br />
crianças com microcefalia, se a doença<br />
continuar a se proliferar. Se for verdade<br />
que, mesmo com baixa probabilidade,<br />
todo dano que pode causar grandes tragédias<br />
deve ser prevenido, o Brasil tem<br />
muito dever de casa para fazer, já que o<br />
“risco de pandemia” é real, de acordo<br />
com subsecretário da subsecretaria de<br />
Vigilância em Saúde do Estado do Rio<br />
de Janeiro, Alexandre Chieppe, durante<br />
painel que abordou o assunto.<br />
A falta de informações sobre o Zika<br />
e a chikungunya torna quase impossível<br />
o desenho de um plano efetivo para o<br />
combate. O que é descoberto deve ser<br />
exposto para colaboração da população, o<br />
que é mito ou boato, deve ser combatido.<br />
Embora o impacto deva ser grande, dar o<br />
maior número de informações confiáveis<br />
e relevantes para os beneficiários deve ser<br />
uma medida imediata das seguradoras.<br />
Outra medida, já anunciada pela ANS, é<br />
que as operadoras ofereçam aos pacientes<br />
os testes para identificar a doença que, se<br />
feitos fora do plano podem custar de R$<br />
800 a R$2 mil.<br />
32<br />
Com a presença do ministro do<br />
STF, Luís Roberto Barroso, o último<br />
painel discutiu de maneira efetiva o<br />
cenário político e econômico brasileiro.<br />
Se, por um lado, o primeiro painel, de<br />
Miriam Leitão, era realista com traços<br />
de otimismo, o encerramento foi realista<br />
com grandes doses de preocupação. O<br />
economista Gustavo Loyola, por exemplo,<br />
explicou que o contexto é difícil para o<br />
Brasil por três razões: queda do preço<br />
das commodities, queda do crescimento<br />
global e depreciação do real.<br />
“O caso é que o Brasil praticou políticas<br />
erradas e tem problemas estruturais.<br />
No curto prazo, o quadro tende a persistir<br />
pelos próximos anos. Não há como gerar<br />
medidas que possam trazer mudanças<br />
substantivas”. Por outro lado, Loyola diz<br />
que o pessimismo de empresários deve<br />
se agravar, especialmente pela taxa de<br />
desemprego.<br />
O único setor que traz algo de positivo<br />
é o externo. O Brasil não corre o risco<br />
de ter crise de pagamentos, a posição<br />
externa do país é sólida porque vai zerar<br />
o déficit existente.<br />
No médio e longo prazo as reformas<br />
seriam fundamentais. Passado o período<br />
em que o Brasil atravessava um momento<br />
favorável por conta de commodities, agora<br />
se mostram seus problemas estruturais, que<br />
necessitam de mudanças. “Economia com<br />
baixa produtividade, cheia de gargalos”.<br />
Fernando Schuler, cientista político,<br />
destacou que a agenda é reforma estrutural.<br />
“Nós precisamos de uma reforma<br />
na estrutura política. Esta crise é do<br />
modelo político que o país construiu,<br />
presidencialismo de coalizão, e nós<br />
vivemos um esgotamento do modelo.<br />
Mais de dez por cento dos deputados<br />
vai trocar de partido”. Essa situação<br />
dificulta a chance de conseguir governar<br />
e compor uma maioria nas votações de<br />
interesse do País.<br />
A última fala, feita pelo ministro,<br />
abarcou pontos importantes do cenário<br />
atual, como o processo de impeachment,<br />
recusado pelo STF, sobre o qual Barroso<br />
afirma que o procedimento adotado foi<br />
“seguir rigorosamente as regras do processo<br />
de 1992, contra Fernando Collor”,<br />
e completou dizendo que a dicotomia<br />
com que a política é abordada hoje no<br />
País não traz benefícios e que é urgente<br />
que a política eleitoral seja revista. O<br />
ministro é a favor do fim do voto proporcional,<br />
que faz com que os votos<br />
excedentes de um candidato migrem<br />
para outro do seu partido, possibilitando<br />
que ele seja eleito sem que o cidadão<br />
tenha, efetivamente, votado e também<br />
citou a incompatibilidade existente nos<br />
financiamentos de campanha: “Impedir<br />
que uma mesma empresa apoie todos os<br />
candidatos evita que ela compre ou cobre<br />
favores futuros”, pontuou.