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Revista Apólice #208

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encontro<br />

Painel: Epidemias<br />

como o Zika. Além de se preparar para<br />

riscos que podem ser previstos, como<br />

as crises econômicas e políticas, mais<br />

do que tudo é preciso se atentar para os<br />

riscos de baixa probabilidade e grande<br />

impacto, como os casos da barragem<br />

da Samarco e o mosquito que, ao que<br />

tudo indica, pode deixar uma geração de<br />

crianças com microcefalia, se a doença<br />

continuar a se proliferar. Se for verdade<br />

que, mesmo com baixa probabilidade,<br />

todo dano que pode causar grandes tragédias<br />

deve ser prevenido, o Brasil tem<br />

muito dever de casa para fazer, já que o<br />

“risco de pandemia” é real, de acordo<br />

com subsecretário da subsecretaria de<br />

Vigilância em Saúde do Estado do Rio<br />

de Janeiro, Alexandre Chieppe, durante<br />

painel que abordou o assunto.<br />

A falta de informações sobre o Zika<br />

e a chikungunya torna quase impossível<br />

o desenho de um plano efetivo para o<br />

combate. O que é descoberto deve ser<br />

exposto para colaboração da população, o<br />

que é mito ou boato, deve ser combatido.<br />

Embora o impacto deva ser grande, dar o<br />

maior número de informações confiáveis<br />

e relevantes para os beneficiários deve ser<br />

uma medida imediata das seguradoras.<br />

Outra medida, já anunciada pela ANS, é<br />

que as operadoras ofereçam aos pacientes<br />

os testes para identificar a doença que, se<br />

feitos fora do plano podem custar de R$<br />

800 a R$2 mil.<br />

32<br />

Com a presença do ministro do<br />

STF, Luís Roberto Barroso, o último<br />

painel discutiu de maneira efetiva o<br />

cenário político e econômico brasileiro.<br />

Se, por um lado, o primeiro painel, de<br />

Miriam Leitão, era realista com traços<br />

de otimismo, o encerramento foi realista<br />

com grandes doses de preocupação. O<br />

economista Gustavo Loyola, por exemplo,<br />

explicou que o contexto é difícil para o<br />

Brasil por três razões: queda do preço<br />

das commodities, queda do crescimento<br />

global e depreciação do real.<br />

“O caso é que o Brasil praticou políticas<br />

erradas e tem problemas estruturais.<br />

No curto prazo, o quadro tende a persistir<br />

pelos próximos anos. Não há como gerar<br />

medidas que possam trazer mudanças<br />

substantivas”. Por outro lado, Loyola diz<br />

que o pessimismo de empresários deve<br />

se agravar, especialmente pela taxa de<br />

desemprego.<br />

O único setor que traz algo de positivo<br />

é o externo. O Brasil não corre o risco<br />

de ter crise de pagamentos, a posição<br />

externa do país é sólida porque vai zerar<br />

o déficit existente.<br />

No médio e longo prazo as reformas<br />

seriam fundamentais. Passado o período<br />

em que o Brasil atravessava um momento<br />

favorável por conta de commodities, agora<br />

se mostram seus problemas estruturais, que<br />

necessitam de mudanças. “Economia com<br />

baixa produtividade, cheia de gargalos”.<br />

Fernando Schuler, cientista político,<br />

destacou que a agenda é reforma estrutural.<br />

“Nós precisamos de uma reforma<br />

na estrutura política. Esta crise é do<br />

modelo político que o país construiu,<br />

presidencialismo de coalizão, e nós<br />

vivemos um esgotamento do modelo.<br />

Mais de dez por cento dos deputados<br />

vai trocar de partido”. Essa situação<br />

dificulta a chance de conseguir governar<br />

e compor uma maioria nas votações de<br />

interesse do País.<br />

A última fala, feita pelo ministro,<br />

abarcou pontos importantes do cenário<br />

atual, como o processo de impeachment,<br />

recusado pelo STF, sobre o qual Barroso<br />

afirma que o procedimento adotado foi<br />

“seguir rigorosamente as regras do processo<br />

de 1992, contra Fernando Collor”,<br />

e completou dizendo que a dicotomia<br />

com que a política é abordada hoje no<br />

País não traz benefícios e que é urgente<br />

que a política eleitoral seja revista. O<br />

ministro é a favor do fim do voto proporcional,<br />

que faz com que os votos<br />

excedentes de um candidato migrem<br />

para outro do seu partido, possibilitando<br />

que ele seja eleito sem que o cidadão<br />

tenha, efetivamente, votado e também<br />

citou a incompatibilidade existente nos<br />

financiamentos de campanha: “Impedir<br />

que uma mesma empresa apoie todos os<br />

candidatos evita que ela compre ou cobre<br />

favores futuros”, pontuou.

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