para fornecer ajuda prática e apoiar o mais rapidamente possível as famílias e as empresas que lidam com o trauma. A prioridade são as necessidades mais urgentes, como o alojamento de mais de 3 mil famílias que perderam suas casas. O impacto das inundações ainda será sentido por muitos meses. As seguradoras e as suas equipes de peritos estarão atuando in loco para ajudar na reconstrução”, declarou James Dalton, diretor-geral da ABI. O valor elevadíssimo da cobertura dos sinistros causados pelas tempestades Desmond, Eva e Frank motivou reavaliação das notas de risco das principais seguradoras britânicas pelas agências de rating Moods e Fitch, pois algumas delas tiveram reservas e patrimônio comprometidos por causa dos desembolsos aos clientes. A expectativa de redução de notas de empresas importantes do mercado segurador deixa o mercado financeiro de Londres apreensivo, afinal elas são as maiores investidoras de recursos junto com fundos institucionais e de hedge. Por causa disso, com o objetivo de dissolver perdas, o setor segurador voltou a pressionar o governo para acelerar o lançamento, ainda neste ano, de uma resseguradora com capital privado e estatal focada apenas na cobertura de riscos de enchentes. Demanda do setor há vários anos, a empresa já tem nome, Flood Re (Enchente Resseguros, numa tradução literal), e terá capacidade para garantir, logo de início, riscos de enchentes de 350 mil propriedades particulares e empresariais. Numa explicaçao rápida, o funcionamento do esquema será todo privado, com um pool de seguradoras administrando uma reserva apenas para risco de enchentes e inundações, enquanto o governo britânico se encarregaria de investir de forma crescente, conforme riscos calculados pelo próprio governo com auxílio do setor segurador, em políticas de defesa contra enchentes ou flood defence. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, vestiu a galocha e visitou a região afetada e prometeu ampliar os recursos do flood defence e argumentou que vem investindo mais nessa área. “A questão é assegurar que nossa estrutura de defesa contra inundações esteja funcionando melhor para evitar que essas cenas se repitam”, disse a jornalistas britânicos. “Diante do risco crescente de inundações, estimamos que entre 300 mil e 500 mil famílias no Reino Unido tenham dificuldade para obter um seguro de propriedade a preço acessível. Muita gente que perdeu a casa por causa desses temporais recentes não tinha seguro. A Flood Re será basicamente um fundo que diluirá o custo do seguro, tornando-o acessível ao cliente com uma propriedade em situação de risco, evitando que ele fique descoberto. Não mudará nada para o cliente, ele fechará um seguro residencial normalmente, mas se sua propriedade sofrer um sinistro, sua cobertura será custeada pelo sistema da Flood Re, com recursos públicos e de todo o mercado”, explica Mark Wendan, professor de finanças e especialista em seguros baseado em Londres. James Dalton, da ABI A consultoria KPMG calculou o prejuízo total causado pelos temporais recentes, inclusive das famílias e empresas que não tinham seguro ou estavam com uma apólice inadequada. O total em perdas é de é 5 bilhões de libras esterlinas (R$ 28,5 bilhões), conta Justin Balcombe, gerente da área de seguros da KPMG UK. O montante é dívidido em sinistros que serão cobertos pelas seguradoras (de 1 a 1,5 bilhão de libras esterlinas), famílias e negócios sem seguro ou com cobertura inadequada (1 bilhão de libras esterlinas), gastos públicos de defesa civil e proteção contra enchentes (2 bilhões de libras esterlinas). “Há uma infinidade de apólices de seguros insuficientes para cobrir a perda total. Uma explicação para isso é a dificuldade do cliente negociar um prêmio adequado com a seguradora por seu imóvel se encontrar numa área de risco, perto de um rio ou uma encosta. Há também proprietários que ainda sentem os efeitos da recessão de 2011 e simplesmente optam por cortar a cobertura de seguro. Além disso, as tempestades vieram perto da época do Natal. Muita gente negligencia a renovação de uma apólice para gastar com presentes e compras de fim de ano. No caso das empresas, o prejuízo é calculado em relação ao tempo que ela levará para se reconstruir e retomar sua lucratividade; ou seja, a empresa pode até ter uma cobertura de lucros cessantes, que normalmente dura 12 meses, mas ela precisará de mais tempo para recuperar as perdas. Colocando todos esses fatores na mesma planilha, o que percebemos foi que o custo de não ter uma apólice adequada ou sequer ter uma cobertura ultrapassa 1 bilhão de libras esterlinas”, calcula o especialista da consultoria global. * Luciano Máximo, jornalista, é repórter licenciado do jornal Valor Econômico, cobriu o setor de seguros e resseguros na Gazeta Mercantil 18
especial soluções | fraudes Fraudes detectadas Com a evolução das ações criminosas no mercado, companhias seguradoras reforçam investimento em ferramentas tecnológicas para prevenir golpes Lívia Sousa 19