artigo 1 Autores: - Dr. Vanjoaldo dos Reis Lopes Neto *1 - Dr. Leonardo Sena Gomes Teixeira 2 - Juscély Santos Carvalho 1 20 REVISTA ANALYTICA - AGO/SET 17 flutuação em seu sistema produtivo, mas negligencia e não avisa ao laboratório. O analista recebe amostra e encontra um resultado que variou em relação ao anterior, mas dentro dos limites de especificação. Assim, o analista não sabe da importância desta análise, retarda a emissão deste laudo, pois vai executar outra análise. Quando o resultado chega às mãos do processo, atrasado, o parâmetro pode estar fora de especificação. Deste modo, fica evidente que a falta de comunicação gera conflito de prioridades. Para minimizar estes problemas, empresas investem grande soma em sistemas de comunicação interligados, onde o analista preenche, em seu computador, laudos de análises virtuais na medida em que cada resultado é obtido; o operador de processo, da tela do seu computador, acompanha este preenchimento em tempo real. Deste modo, se uma amostra requer três determinações, com durações aproximadas de 30, <strong>90</strong> e 300 min, o analista, que normalmente executa as três análises simultaneamente, pode emitir o resultado da análise mais rápida para operação, enquanto executa as demais análises. Logicamente, estes sistemas são caros, aumentando o custo administrativo do laboratório. A qualidade dos recursos humanos é, indiscutivelmente, uma das principais causas de sucesso ou fracasso dos laboratórios industriais. E esta importância aumenta significativamente com a complexidade dos equipamentos e/ou dos métodos analíticos disponíveis nestes ambientes. A expertise e a qualificação da mão de obra são necessárias para o desenvolvimento e validação de métodos, manutenções corretivas e preventivas, crítica dos dados obtidos e execução das rotinas laboratoriais. Equipamentos como cromatógrafos (líquidos ou à gás) de alta performance, espectrômetros de massas, espectrofotômetro de absorção atômica, fluorescência de raios-X, etc., possuem alto grau de instrumentação, automação e robótica, são operados com softwares específicos e, consequentemente, possuem preço elevado. Portanto, o técnico que irá operar tais equipamentos deve ter capacitação multidisciplinar, conhecimento prático e, como ocorre na maioria das vezes, ter realizado treinamentos (inicial de aperfeiçoamento) com o fabricante do aparelho. Encontrar por profissionais com tal gabarito não é tarefa fácil para as empresas, pois as concorrentes não os dispensam facilmente, e muitas optam por formar estes técnicos em suas próprias instalações. Deste modo, a busca por altas produtividade e qualidade não está apenas ligada à equipamentos analíticos modernos e caros, mas também ao investimento que a empresa disponibiliza (seja em salários ou em cursos de aperfeiçoamento) nos operadores destes sistemas e o tempo de permanência destes funcionários em suas dependências. Com métodos intricados, com várias etapas e alto grau de intervenção humana, executados com equipamentos simples ou complexos, também requerem técnicos experientes e com alta qualificação, merecendo a mesma análise realizada acima. 3. Conclusão Na maioria das vezes, os sistemas off-line são responsáveis por testes nas matérias-primas, acompanhamento de operações unitárias onde o intervalo de tempo entre a amostragem e a emissão de laudo não cause risco operacional, e do produto final. A atuação de profissionais qualificados, capacitados e com grande conhecimento do processo operacional da planta, aliado a um parque analítico com equipamentos sofisticados, garantem aos laboratórios desempenho eficiente do controle de qualidade. Os laboratórios de análises não devem ser encarados como apêndice do processo produtivo, mas como parte integrante deste. Assim, a comunicação com a operação deve fluir da melhor maneira possível, com disponibilização de dados úteis, alertas sobre normalidade, alterações ou manobras operacionais. Deste modo, de posse dos resultados analíticos, ambos podem dialogar e buscar o correto entendimento das variações operacionais. 4. Bibliografia - MIZAIKOFF, B., MAHONY, J.O., NOLAN, K, e SMITH, M.R., Molecularly imprinted polymers-potential and challenges in analytical chemistry, <strong>Analytica</strong> Chimica Acta, 534, página 31, 2005. - OLIVEIRA, W. A., A química analítica de processos industriais, Química Nova, 14 (4), página 279, 1991. - TREVISAN, M. G. e POPPI, R. J., Química analítica de processos, Química Nova, 29 (4), página1.065, 2006. - VALCÁRCEL, M., Principles of analytical chemistry, Springer-Verlag, página 5, 2000. Agradecimentos - Faculdade Regional da Bahia – UNIRB, financiadora deste trabalho; - UNIB/Braskem (Camaçari/BA) e Petrobrás Biocombustíveis (Candeias/BA), pelas visitas à suas Instalações; - Márcio Borges, pelas valiosas informações práticas sobre laboratórios industriais.
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