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construção de nossa visão de futuro. Especificamente<br />

com relação à indicação<br />

dos membros dos tribunais, acredito,<br />

conforme já disse, no equilíbrio do modelo<br />

constitucionalmente estabelecido.<br />

O que não podemos deixar ocorrer é a<br />

não observância da regra constitucional<br />

nas indicações desses membros. Recentemente,<br />

tivemos o exemplo de indicação<br />

ao TCU de cidadão que não cumpria<br />

os requisitos necessários, pois havia<br />

sido condenado judicialmente em segunda<br />

instância. Nesse caso, felizmente,<br />

a atuação sempre atenta e vigilante do<br />

próprio tribunal e da sociedade civil organizada<br />

foi capaz de reverter a situação.<br />

EVOKE O sr. é favorável ao orçamento<br />

impositivo?<br />

AUGUSTO NARDES Em relação ao<br />

orçamento, nós temos dificuldades<br />

hoje para sua adequada implementação<br />

no contexto brasileiro, porque muitas<br />

vezes os recursos existem, mas a estrutura<br />

do governo não consegue fazer<br />

um deles no mesmo ano, por conta do<br />

planejamento deficiente ou por força<br />

dos contingenciamentos. No âmbito<br />

federal, eu dou como exemplo a área de<br />

urbanismo, do que estava previsto para<br />

investir no ano de 2013, apenas 6% dos<br />

recursos orçados foram efetivamente<br />

aplicados. Em relação à área de saúde,<br />

apenas 26% se conseguiu implementar.<br />

O TCU iniciou, em parceria com a Organização<br />

para Cooperação e Desenvolvimento<br />

Econômico (OCDE), o estudo<br />

internacional “Fortalecimento da governança<br />

pública: boas práticas e o papel<br />

das entidades fiscalizadoras superiores”.<br />

O trabalho conta com a parceria<br />

dos principais órgãos do governo federal<br />

do Brasil envolve outros 11 países<br />

(Estados Unidos, França, Canadá, Holanda,<br />

Chile, África do Sul, Coreia do Sul,<br />

Índia, México, Polônia e Portugal, além<br />

da Comunidade Europeia). O objetivo<br />

desse estudo é identificar e disseminar<br />

boas práticas de governança pública,<br />

abrangendo quatro grandes temas: orçamento,<br />

regulação, centro de governo<br />

e controles internos.<br />

EVOKE A corrupção no Brasil é endêmica?<br />

AUGUSTO NARDES O tema assola o<br />

país desde a época colonial, mas, com<br />

a internet, entrou definitivamente na<br />

agenda da população. Na minha opinião,<br />

a corrupção brasileira é decorrente<br />

da fragilidade do Estado, da má<br />

governança. Temos uma casa ainda em<br />

construção. Nossa democracia, no Brasil<br />

e na América Latina como um todo,<br />

é jovem, se comparada com a Europa e<br />

mesmo com os Estados Unidos e Canadá.<br />

Assim, necessitamos desenvolver,<br />

por meio do aprendizado contínuo, em<br />

um ambiente democrático, instrumentos<br />

capazes de combater esse mal em<br />

suas causas. Onde houver pessoas, o<br />

risco de corrupção estará presente,<br />

mas nas instituições que desenvolverem<br />

bons instrumentos de direcionamento,<br />

avaliação e monitoramento,<br />

esse mal poderá ser mais facilmente<br />

detectado e evitado. Além disso, temos<br />

que ter punições severas quando os<br />

males não puderem ser evitados. A par<br />

disso, propus a criação de uma rede<br />

contra a corrupção na América Latina.<br />

EVOKE Com sua experiência de Congresso,<br />

é viável combater o “toma lá,<br />

dá cá”, nas relações com o Executivo?<br />

AUGUSTO NARDES Acredito firmemente<br />

que temos como neutralizar o<br />

uso das instituições públicas para interesses<br />

particulares. Abordamos esse<br />

tema no livro que lançamos recentemente<br />

“Governança Pública: O desafio<br />

do Brasil”. Isso pode representar um<br />

risco para a boa governança. Mas é possível<br />

minimizar esse risco. Cada agente<br />

que integra o governo, seja nos ministérios<br />

ou em secretarias estaduais e municipais,<br />

deve ter metas pré-definidas e<br />

essas metas devem ser claras e transparentes<br />

a toda a sociedade. O controle<br />

interno deve ser forte e o controle externo<br />

deve ser atuante, agindo preventivamente,<br />

evitando que haja troca de favores<br />

com recursos públicos. Indicações<br />

políticas sempre existirão, ainda mais<br />

em um cenário de coalisões, como temos<br />

atualmente no Brasil. Isso faz parte<br />

do jogo democrático. O que deve ser<br />

assegurado é que depois de indicados,<br />

os agentes públicos foquem sua atenção<br />

no “principal”, na população.<br />

TEMOS COMO<br />

NEUTRALIZAR<br />

O USO DE<br />

INSTITUIÇÕES<br />

PÚBLICAS<br />

PARA<br />

INTERESSES<br />

PARTICULARES<br />

EVOKEDEZ2014

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