André Kauric BRASÍLIA: CAPITAL DA BIOTECNOLOGIA EVOKEDEZ2014
Ruy Caldas, investimento em empresas de tecnologia Descobrimos uma realidade paralela na cidade do serviço público. Uma realidade ainda oculta para a maioria da população, onde a ciência, a tecnologia e a inovação são a base para o desenvolvimento e a qualidade de vida. Feliz daquele país que coloca a Ciência acima da Política”. A frase proferida pelo argentino Cecílio Romaña, catedrático de parasitologia da Universidade de Buenos Aires, durante a inauguração de Brasília, completará 55 anos, em 2015. E parece não haver momento mais oportuno para refletir sobre o discurso proferido pelo hermano. Após mais de 50 anos, o setor de serviços superou, em 2013, a administração pública na participação do PIB do Distrito Federal e a área das ciências biológicas, fortalecida pela articulação entre governo, sociedade civil, comunidade científica e acadêmica, assume o papel protagonista de transformar Brasília em capital da biotecnologia por meio do seu maior patrimônio: o Cerrado. “São centenas de projetos de biodiversidade e biotecnologia em rede promovendo o desenvolvimento científico e tecnológico, além da inovação, e contribuindo ativa e decisivamente para a melhoria da qualidade de vida das populações do Distrito Federal e, também, da região centro-oeste”, explicou Alexandre Gouveia, diretor do Instituto Brasileiro de Administração Pública (IBAP). São sinais da desvinculação da imagem de Brasília associada à política e ao serviço público para uma cidade centrada na pesquisa e no desenvolvimento. É curioso, mas, apesar de parecer apenas mais um rótulo, as ciências biológicas e correlatas sempre estiveram presentes no cerne da comunidade candanga, antes mesmo de sua fundação. Os primeiros estudos da fauna e da botânica que hoje conhecemos foram desenvolvidos durante a primeira Missão Exploratória do Planalto Central, a qual estava incumbida de definir o quadrilátero que viria ser o Distrito Federal. Sob o comando de Luís Cruls, dezenas de pesquisadores, cientistas e técnicos contribuíram para o nascimento da nova cidade. Durante anos essa fórmula se repetiu e a cidade, em cooperação com a comunidade, se formou e evoluiu, sempre com a presença da ciência, tecnologia e inovação. Hoje, Brasília possui mais de 110 instituições públicas e privadas envolvidas em atividades relacionadas com a ciência. São mais de 370 mil pessoas envolvidas, direta e indiretamente, com pesquisa e desenvolvimento. Brasília abriga mais de 10 mil doutores, quase 40 mil mestres e 80 mil especialistas em alguma área do conhecimento, que contribuem para uma produção científica que se aproxima do expressivo numero de 24 mil artigos científicos publicados por ano. Um rico manancial de conhecimento local que rende bons negócios e oportunidades e no qual as Ciências Biológicas, principalmente por meio da biotecnologia e da biodiversidade, tem papel de destaque. “Hoje, por exemplo, Brasília possui, com as devidas proporções, o maior numero de pesquisadores em biotecnologia por metro quadrado no País. Profissionais qualificados espalhados por Centros de Pesquisa, empresas e no serviço público ”, cita Ivone Rezende Diniz, professora da Universidade de Brasília. Além disso, Brasília é a origem da primeira empresa nacional de biotecnologia, a Biobrás, que produzia insulina. “São mais de 30 anos de história na cidade. É forte e tem competência, mas precisa de recursos”, analisa Luiz Antonio Barreto de Castro, presidente da Associação Brasileira de Biotecnologia, sobre a área. EVOKEDEZ2014 4
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