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A MAGIA DO SOM O ano do músico<br />

Digão também foi um tanto “estranho”.<br />

2014 começou bem, com muitos shows<br />

na agenda, mas a Copa do Mundo e as<br />

eleições alteraram a rotina dos quatro<br />

músicos dos Raimundos e, consequentemente,<br />

diminuíram o número de apresentações<br />

pelo Brasil. A vida só voltou<br />

ao normal em novembro. Mas os primeiros<br />

meses de 2015 já estão programados.<br />

A banda preparou um repertório<br />

com músicas novas e regravou clássicos,<br />

como Eu quero ver o oco, Esporrei<br />

na Manivela e Bê a Bá. “Não regravamos<br />

nenhum pop. Queremos músicas<br />

que, de fato, representem o Raimundos.<br />

Não estamos ancorados no sucesso<br />

de ninguém. Não estamos atrás de um<br />

“sucessinho” fácil”, conta o músico.<br />

Os planos de futuro não incluem Brasília.<br />

Digão reclama que a cidade deixou<br />

de ser a capital do rock. Ele acredita<br />

que não há mais lugares para as apresentações.<br />

Em outras capitais do país,<br />

o grupo chega a ganhar de cinco a seis<br />

vezes a mais do que em Brasília, mesmo<br />

incluindo passagens e hospedagem<br />

dos músicos.<br />

A rotina fora da capital mudou a vida do<br />

artista, que completou 44 anos em novembro.<br />

Digão não fuma há mais de dez<br />

anos e diminuiu a quantidade de bebida<br />

alcoólica. Nos shows, o único vício é o<br />

refrigerante zero. Com apresentações<br />

marcadas por todo o país, o músico precisa<br />

de energia para aguentar a rotina<br />

pesada de pontes aéreas e poucas horas<br />

de sono. A fama de um roqueiro e os<br />

novos hábitos de Digão até confundem<br />

os desavisados. “Nos shows, as pessoas<br />

perguntam se quero beber uísque,<br />

vodca ou energético. Eu digo: que refrigerante<br />

zero você tem aí?”, brinca.<br />

O vocalista do Raimundos concilia o trabalho<br />

com a família. Digão tem quatro<br />

filhos, de 17 anos, 15 e um ano, além da<br />

recém-nascida Alice. A paixão pela música<br />

o faz esperar que os filhos também tenham<br />

a mesma admiração pelas letras e<br />

melodias. O mais velho despertou a paixão<br />

pelo teclado e pelo piano aos poucos.<br />

Digão nunca quis “forçar a barra”. Agora,<br />

André Zimmerer<br />

Jovane: planos teatrais e econômicos<br />

o músico nem pode ensinar o adolescente,<br />

já que toca guitarra, baixo e bateria,<br />

mas nunca aprendeu a tocar teclado e<br />

piano. A menina de 15 anos também tem<br />

um dom artístico, mas para o desenho.<br />

Os pequenos, segundo o pai, já têm uma<br />

audição impressionante. Ficam atentos<br />

aos sons. Luca, de um ano, até arisca<br />

alguns passos de dança. A esposa de<br />

Digão ama a música, mas não tem o menor<br />

dom para a arte. “Ela canta tudo no<br />

mesmo ritmo. Ainda bem que é dentista”,<br />

conta, sorrindo.<br />

Encantar os ouvidos dos filhos também<br />

é o grande desafio do bandolinista Hamilton<br />

de Holanda. Talvez seja a principal<br />

meta para 2015. “Meu pai sempre<br />

me disse que a música aproximava as<br />

pessoas. Sempre falou que, se eu tocasse<br />

algum instrumento, teria muitos<br />

amigos”. O ensinamento não é sinônimo<br />

de obrigação nem necessidade de<br />

seguir os passos do pai numa carreira<br />

artística. O processo de aprendizado<br />

começou quando as crianças nasceram.<br />

Hoje, Gabriel tem sete anos, e Rafaela,<br />

dez. O menino toca escaleta, ela<br />

canta. O processo inclui disciplina diária.<br />

“Tem que ser todos os dias, é uma<br />

atividade que cria um laço sentimental,<br />

afetivo, de amor. Não é fácil ensinar música.<br />

O ditado popular é bem verdadeiro:<br />

santo de casa não faz milagre. Mas eles<br />

gostam de música e têm facilidade com<br />

melodia e com ritmo”, diz, satisfeito.<br />

Para estimular ainda mais os filhos, o<br />

quase brasiliense leva as crianças aos<br />

shows e também apresenta discos. Eles<br />

aprenderam a gostar de todos os gêneros,<br />

sem preconceito musical. Entenderam,<br />

segundo o pai, que música é um<br />

“contexto”. “Numa festa, você não vai<br />

colocar música triste. Se estou na fazenda,<br />

gosto de ouvir uma viola caipira. São<br />

esses conceitos que eu estou ensinando<br />

a eles. O amor à música e esse poder de<br />

juntar as pessoas”, explica.<br />

O balanço de 2014 não poderia ser melhor.<br />

A passagem do ano serviu para<br />

refletir sobre os acontecimentos, agradecer<br />

e pedir coisas boas para 2015.<br />

Hamilton acredita que o ritual de passagem<br />

obriga as pessoas a fazerem um<br />

diagnóstico da vida e uma nova programação.<br />

2014 foi mais do que ele espe-<br />

EVOKEDEZ2014

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