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Márcia Zarur<br />

Ou mais<br />

civilidade<br />

nas relações<br />

A<br />

delicadeza se perdeu em<br />

algum lugar do caminho.<br />

A educação foi sendo deixada<br />

de lado. Educação no<br />

sentido amplo, aquele do dicionário<br />

que diz que não é só ensino e instrução,<br />

mas civilidade e cortesia também.<br />

Educação que não se aprende apenas<br />

na escola; que vem de família, que é<br />

ensinada nos detalhes. No bom dia ao<br />

porteiro, no muito obrigada e no por favor.<br />

Não custa nada e faz uma diferença<br />

profunda nas relações.<br />

Basta um pequeno gesto! Abrir uma<br />

porta, se oferecer para carregar um<br />

pacote, ceder lugar a um velhinho no<br />

ônibus. Hoje isso até parece cena de<br />

filme, daqueles melosos onde os personagens<br />

são quase santos de tão perfeitos.<br />

Gente comum não está mais habituada<br />

às pequenas gentilezas. No dia a<br />

dia cada um se fecha no seu mundo de<br />

olhos vidrados na tela do smartphone.<br />

A janela para o planeta, que nos leva a<br />

todos os lugares pela web, nos torna<br />

cada vez mais solitários. Podemos visitar<br />

países longínquos, mas não conhecemos<br />

o nosso vizinho. Colecionamos<br />

centenas de amigos no facebook, mas<br />

temos cada vez menos contato real,<br />

olho no olho, com as pessoas que contam<br />

de verdade.<br />

As ruas das grandes cidades estão se<br />

transformando em campos de guerra.<br />

Para ganhar segundos numa corrida sem<br />

sentido ninguém oferece passagem, e as<br />

regras mais básicas da boa convivência<br />

são ignoradas em nome da pressa. Brasília,<br />

infelizmente, já se encaixa neste<br />

perfil. Antes tínhamos um orgulho danado<br />

de dizer que as ruas largas não davam<br />

brechas a engarrafamentos e que em cinco<br />

minutos chegávamos a qualquer ponto<br />

da cidade, sem stress. Agora com mais<br />

de um milhão e quinhentos mil veículos<br />

disputando espaço fica complicado manter<br />

o bom humor. O problema é quando a<br />

chateação invade o espaço do outro e o<br />

trânsito vira teste de ferocidade. A vida<br />

já está suficientemente árdua pra sair de<br />

casa e se envolver em brigas na rua.<br />

2015 se anuncia como um ano custoso<br />

para o brasileiro. Começa com o país<br />

mergulhado em gravíssimas denúncias<br />

de corrupção, que corroem a base da<br />

nossa maior empresa, antes grande orgulho<br />

nacional. Os bilhões desviados escancaram<br />

uma face perversa, desonesta,<br />

desprezível. Nem vale a pena pensar<br />

como os bilhões desviados poderiam<br />

ser investidos. A economia para o cidadão<br />

comum vai de mal a pior, enquanto<br />

poderosos enchem os bolsos de dinheiro<br />

roubado. E isto não é tudo! Há ainda o<br />

medo que nos cerca e nos prende. Cada<br />

vez mais grades, alarmes, cuidados<br />

para tentar escapar da violência urbana<br />

crescente. Quem dera tivéssemos poder<br />

para resolver todas as mazelas. Mas<br />

já que não temos, nos resta fazer muito<br />

bem feita a nossa parte.<br />

Que tal aproveitar o novo ano para rever<br />

alguns conceitos? A época de balanços,<br />

retrospectos e planos para o futuro é<br />

perfeita para nos perguntarmos qual é o<br />

mundo que queremos. E o mundo começa<br />

pelo nosso quintal. O futuro começa<br />

a ser construído com as intenções. Não<br />

custa refletir sobre as nossas próprias<br />

atitudes. E para o que não anda bem<br />

mudanças são muito bem vindas! As<br />

transformações podem, e devem, começar<br />

por nós mesmos.<br />

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