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edição de 30 de julho de 2018

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última página<br />

ücahiddin Şentürk/iStock<br />

marcas, veículos<br />

e audiência<br />

stalimir vieira<br />

coisa mais importante que um veículo<br />

<strong>de</strong> comunicação tem para ven<strong>de</strong>r<br />

A<br />

é a audiência. Por isso, as marcas que po<strong>de</strong>m<br />

pagar, ocupam espaços generosos em<br />

eventos <strong>de</strong> audiências espetaculares, como<br />

a Copa do Mundo, por exemplo. Em segundo<br />

lugar, vem o padrão <strong>de</strong> vínculo que<br />

a marca quer estabelecer com o evento. O<br />

objetivo: potencializar essa presença, através<br />

da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> afinar a mensagem<br />

com emoção da audiência. No processo<br />

criativo das campanhas torna-se natural a<br />

exigência <strong>de</strong> que as peças “faturem”<br />

o momento <strong>de</strong> emoção<br />

coletiva. Todos os raciocínios<br />

têm <strong>de</strong> estar, necessariamente,<br />

comprometidos com referências<br />

próprias do espetáculo.<br />

O curioso é que nunca se saberá<br />

o quanto o sucesso ou o<br />

insucesso do evento no atendimento<br />

à expectativa da audiência<br />

afetou ou não a imagem das<br />

marcas. Aparentemente não se<br />

cria uma inter-relação claramente<br />

perceptível. A audiência parece não ver<br />

na propaganda e em sua caprichosa produção<br />

uma expressão crível <strong>de</strong> que a marca<br />

esteja alinhada com um sentimento.<br />

A Copa do Mundo é um exemplo clássico.<br />

As marcas X, Y e Z patrocinam o evento<br />

numa condição “imaginada” <strong>de</strong> torcedoras<br />

da seleção brasileira. Supõem seus<br />

gestores que o sucesso do Brasil, além <strong>de</strong><br />

sustentar a audiência por mais tempo,<br />

criará para a marca uma relação natural<br />

com os “bons sentimentos” <strong>de</strong>spertados.<br />

E nisso investem, aprovando narrativas<br />

repletas <strong>de</strong> patriotismo e fé, contando<br />

histórias exemplares e construindo personagens<br />

icônicos. Trata-se <strong>de</strong> um envolvimento<br />

visceral com o objetivo <strong>de</strong> pegar a<br />

“As mArcAs<br />

X, Y e Z<br />

pAtrocinAm o<br />

evento numA<br />

condição<br />

imAginAdA <strong>de</strong><br />

torcedorAs<br />

dA seleção<br />

brAsileirA”<br />

carona mais eficaz possível na euforia <strong>de</strong>sejada.<br />

Mas se isso fosse verda<strong>de</strong>, o contrário<br />

também seria.<br />

Eliminada a seleção, os sentimentos <strong>de</strong><br />

frustração e <strong>de</strong>rrota da audiência po<strong>de</strong>riam,<br />

igualmente, alcançar a imagem das<br />

marcas. Não é o que ocorre, no entanto.<br />

Elas continuam intactas em seu prestígio<br />

e valor. Mesmo que tenham contratado<br />

figuras <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> representativida<strong>de</strong>, ligadas<br />

à disputa e que saiam <strong>de</strong>la <strong>de</strong>rrotadas.<br />

As críticas dos torcedores, dirigidas a<br />

dirigentes, treinadores e jogadores, costumam<br />

traduzir uma percepção<br />

<strong>de</strong> que não correspon<strong>de</strong>ram<br />

aos investimentos feitos no objetivo<br />

<strong>de</strong> ganhar o campeonato.<br />

As marcas mais evi<strong>de</strong>ntes no<br />

evento seriam percebidas como<br />

apostadores que confiaram seu<br />

dinheiro e seu prestígio na seleção<br />

tanto quanto os torcedores<br />

disponibilizaram seu tempo e<br />

sua emoção. Talvez isso seja<br />

<strong>de</strong>terminante para que passem<br />

ao largo <strong>de</strong> associação negativa<br />

à <strong>de</strong>rrota. Serão tão “vítimas”<br />

quanto os comuns dos mortais que<br />

se iludiram com uma possível conquista.<br />

Aparentemente, há uma espécie <strong>de</strong> cumplicida<strong>de</strong><br />

não combinada entre audiência,<br />

veículo e patrocinadores, no sentido <strong>de</strong><br />

que cada um fez a sua parte. A tradição e<br />

o prestígio do meio blindam os <strong>de</strong>mais envolvidos<br />

contra a sensação <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrota. Já<br />

não é o que ocorre quando os “problemas”<br />

envolvem a mídia digital, mesmo quando<br />

o canal dispõe <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> audiência. Um<br />

fato isolado, “<strong>de</strong>nunciado” e multiplicado<br />

pela mesma mídia digital, é suficiente para<br />

<strong>de</strong>sestabilizar as relações comerciais do<br />

canal com seus anunciantes. Ou seja, audiência<br />

é o mais importante. Mas quem dá<br />

segurança às marcas é a força da marca do<br />

veículo <strong>de</strong> comunicação.<br />

Stalimir Vieira é diretor da Base Marketing<br />

stalimircom@gmail.com<br />

62 <strong>30</strong> <strong>de</strong> <strong>julho</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark

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